Dos 7,4 bilhões de seres humanos que existem sobre este planeta no momento, passaremos a 10 bilhões em 2053. Este terço extra de humanos se dividirá de forma muito desigual: a população asiática continuará crescendo, mas em um ritmo menor, assim como a americana. Mas dois extremos serão a África, onde o número duplicará, e a Europa, com países como a Espanha, Alemanha ou Romênia, que perderão até 20% de sua população. Estes são apenas alguns dos muitos dados do novo relatório do Population Reference Bureau (PRB).
Desde 1962, esta organização, financiada por várias fundações norte-americanas e a Agência para o Desenvolvimento dos EUA, publica relatórios sobre demografia, recursos e desenvolvimento humano. O deste ano é dedicado especialmente a como o planeta conseguirá sustentar tanta população em situações tão extremas.
A World Population Data Sheet de 2016 estima que em 2030 já haverá 8,5 bilhões de habitantes e, em 2050, a população terá crescido 33% em relação à atual, até os 9,9 bilhões. Será preciso esperar três anos mais para chegar à cifra redonda dos 10 bilhões.
Mas o mais interessante desse número será sua distribuição geográfica e a pirâmide populacional. Muitos dos acontecimentos sociais, processos econômicos, cataclismos humanos e problemas políticos dependerão desses dois fatores. Por exemplo, a projeção que aponta que a população da África, especialmente a subsaariana, dobrará, passando dos 1,203 bilhões atuais para os 2,527 em meados dos anos 2050 prevê que a pressão migratória sobre a Europa não cairá.
Ao mesmo tempo, e de forma paradoxal, cada vez haverá menos europeus, e mais velhos. Desde os Montes Urais até a costa da Irlanda, a população cairá 12 milhões de habitantes. Mas o total esconde grandes diferenças. Assim, enquanto Alemanha e Ucrânia perderão mais de nove milhões de cidadãos, Reino Unido e França ganharão em torno de 10 milhões. Entre os países que mais perdem estão Espanha, com 3,5 milhões de espanhóis a menos, e Romênia, que perderá quase 30% de sua população.
Em relação à pirâmide populacional, o relatório confirma projeções anteriores. Hoje já existe uma grande diferença entre países desenvolvidos e menos desenvolvidos: apesar de a quarta parte da população mundial estar abaixo de 15 anos, apenas 16% dos jovens dessa idade vivem nos países mais ricos, diante de 41% que representam os mais pobres. O Japão, seguido de perto por alguns países europeus, tem 27% de sua população acima dos 65 anos. No extremo oposto, os países do golfo, como Catar e Emirados Árabes Unidos, têm apenas 1% de aposentados.
O relatório não se restringe à evolução da população. Estes são alguns de seus dados que mais chamam a atenção:
A Espanha está entre os 10 países com menor taxa de fertilidade do mundo.
Todo ano morrem 5,2 milhões de crianças no mundo, e apenas 65.000 nos países desenvolvidos.
Enquanto São Francisco (EUA) gera 608 kg de lixo por pessoa por ano, os habitantes de Kampala, em Uganda, geram 183 kg.
91% da população mundial tem água corrente, mas a porcentagem cai até 49% em países como Angola.
Há uma média de 526 pessoas por km2 de terra cultivável. Mas o dado faz todo sentido quando se observa que o número cai para 238 nos países mais desenvolvidos e aumenta para 697 nos menos desenvolvidos.
El País
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