sábado, 20 de agosto de 2016

Os estimulantes legais que atletas olímpicos podem usar sem serem pegos no antidoping

 
 
O escândalo de doping que impediu parte da delegação da  Rússia de competir na Olimpíada ─ e resultou no banimento de todos os atletas russos da Paraolimpíada ─ fomentou o debate sobre o uso de estimulantes por atletas. Afinal, todos eles são ilegais?
A Agência Mundial Antidoping (Wada) tem em seu site uma lista de substâncias e procedimentos proibidos e uma série de respostas a perguntas mais comuns sobre o que um atleta pode ou não pode consumir ou fazer para aumentar seu rendimento.
A tenista russa Maria Sharapova é uma das atletas que ficaram fora da Rio 2016 após ser pega no exame antidoping em janeiro deste ano. Além disso, ela recebeu suspensão de dois anos. Foi constatado que há anos Sharapova tomava o meldonium, substância que a Wada incluiu na lista das proibidas em janeiro de 2016.
O meldonium, usado para tratar doenças do coração, aumenta o fluxo sanguíneo e, com isso, melhora a capacidade para realizar exercícios em atletas. Sharapova assumiu responsabilidade, mas disse que não tinha conhecimento do veto da Wada ao medicamento.
"É muito importante que vocês entendam que pelos últimos dez anos esse medicamento não esteve na lista de substâncias banidas. Usei esse remédio legalmente pelos últimos dez anos."
Mas existem substâncias que não estão na lista atualizada da Wada. Veja abaixo alguns dos estimulantes que, por enquanto, podem ser usados por atletas.
Doping legalizado
Algumas substâncias, como a cafeína, já não são proibidas pela Wada pois não atendem aos três critérios necessários para entrar para a lista de substâncias banidas pela organização: melhorar o desempenho competitivo, violar o espírito esportivo e representar um risco para a saúde dos atletas.
Outras ainda não são proibidas, ainda que melhorem o rendimento e possam ser receitadas por médicos. Estas estão na lista do "programa de monitoramento 2016" da Wada.
A agência informa que controla tais substâncias "com o objetivo de detectar abusos no esporte".
É o caso do telmisartan, medicamento indicado para pessoas hipertensas, que faz com que a pressão arterial caia e melhora o fluxo sanguíneo, avaliado como um possível realçador de performance esportiva.
"(Mas) se a pessoa não é hipertensa e consome (o medicamento), pode sentir efeitos negativos tanto em seu rendimento como em sua saúde. Mas, é claro, isso dependeria da dose", explica Fabián Sanchís-Gomar, médico e pesquisador do Hospital 12 de Outubro, de Madri, na Espanha.
Sanchís-Gomar fez uma pesquisa sobre o telmisartan.
Outras ainda não são proibidas, ainda que melhorem o rendimento e possam ser receitadas por médicos. Estas estão na lista do "programa de monitoramento 2016" da Wada.
A agência informa que controla tais substâncias "com o objetivo de detectar abusos no esporte".
É o caso do telmisartan, medicamento indicado para pessoas hipertensas, que faz com que a pressão arterial caia e melhora o fluxo sanguíneo, avaliado como um possível realçador de performance esportiva.
"(Mas) se a pessoa não é hipertensa e consome (o medicamento), pode sentir efeitos negativos tanto em seu rendimento como em sua saúde. Mas, é claro, isso dependeria da dose", explica Fabián Sanchís-Gomar, médico e pesquisador do Hospital 12 de Outubro, de Madri, na Espanha.
Sanchís-Gomar fez uma pesquisa sobre o telmisartan.
"No decorrer deste ano, as autoridades antidoping estão monitorando para avaliar se a substância está sendo utilizada pelos atletas e se, por fim, deveria ser incluída na lista de proibidas no esporte", acrescentou o pesquisador.
Antidepressivo e outros
Outra substância incluída na lista de monitoramento na categoria de estimulantes, mas que não está proibida, é o antidepressivo bupropiona. Ele é muitas vezes usado para ajudar pessoas que querem parar de fumar.
A lista de observação da Wada também inclui substâncias como a fenilefrina, fenilpropanolamina, nicotina, pipradrol e sinefrina.
Entre os narcóticos monitorados pela agência antidoping estão mitraginina e tramadol.
De acordo com o Consórcio Internacional sobre Políticas de Drogas (IDPC, na sigla em inglês), a mitraginina é consumida para aumentar a tolerância a exercícios mais pesados, por exemplo.
Já o tramadol é um analgésico que serve para aliviar a dor. Mas um dos efeitos colaterais seria a sonolência e queda na capacidade de concentração, entre outros.
Por fim, também estão na lista de monitoramento da Wada os glicocorticoides, sejam eles hormônios esteroides produzidos naturalmente ou sintéticos que inibem o processo de inflamação.
A Universidade Técnica de Munique, na Alemanha, informa que eles são usados no esporte devido aos efeitos analgésicos.
De acordo com um relatório da universidade, o abuso dos glicocorticoides nos esportes ocorre a partir de seus efeitos relaxantes nas vias respiratórias e, se for administrado em uma dose maior, por seus efeitos analgésicos. As vias respiratórias abertas e a diminuição no limiar da dor permitem um treino e performance melhores.
Outras drogas
As drogas citadas acima, que são adquiridas com receita médica, não são as únicas que melhorar o desempenho dos atletas.
"Nos últimos anos há cada vez mais medicamentos que poderiam melhorar o rendimento" dos esportistas, como afirmou em entrevista à rádio NPR o gerente de assuntos científicos da Agência Antidoping da Holanda, Olivier de Hon.
Ele alerta também que podem ser necessários anos para avaliar se existe uma possibilidade desses medicamentos serem usados como doping.
De Hon acrescenta que a solução para enfrentar o problema do doping nos esportes não passa pela proibição de uma grande lista de drogas e medicamentos.
BBC Brasil

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