Em 2029, haverá computadores capazes de conversar tão bem quanto um ser humano, de modo que não será possível distinguir um do outro apenas ouvindo a conversa. E as pessoas estarão aperfeiçoando seus corpos por meio de microimplantes e nano-robôs injetados na corrente sanguínea. Essas são algumas das previsões abordadas por Ray Kurzweil no festival South by Southwest (SXSW), nesta segunda-feira (12), em Austin, no Texas. Kurzweil fez uma breve apresentação seguida por uma entrevista conduzida pelo jornalista Lev Grossman.
Ray Kurzweil, de 64 anos, é conhecido tanto por suas realizações como empreendedor serial como pelas previsões que faz sobre tecnologia e ciência. Kurzweil criou sua primeira empresa, uma produtora de software, quando ainda era estudante de graduação no MIT, em 1968. Depois dela, vieram várias outras, sempre relacionadas com tecnologia.
Já a carreira de futurologista começou em 1990, com o livro A Era das Máquinas Inteligentes. Nele, ele previu, por exemplo, que o computador derrotaria os humanos no jogo de xadrez em 1998. Errou por um ano, já que o campeão mundial Garry Kasparov perdeu para o Deep Blue, da IBM, em 1997.
As previsões de Kurzweil baseiam-se no que ele chama de Lei dos Retornos Acelerados. Trata-se de uma generalização da Lei de Moore para englobar outros ramos da tecnologia, além dos chips de silício. “Notamos o mesmo tipo de evolução exponencial em muitas áreas. Não é só a Lei de Moore”, diz. O preço e o tempo necessários para fazer um sequenciamento genético, por exemplo, caem exponencialmente com o passar do tempo. E a quantidade de informações genéticas em bancos de dados aumenta na mesma razão, diz ele.
Para Kurzweil, estamos muito perto de ter computadores mais inteligentes do que os humanos. Ele considera a vitória do computador Watson, da IBM, sobre os campeões humanos no programa Jeopardy, no ano passado, um marco importante. “O Watson venceu analisando perguntas em linguagem natural e respondendo com informações também em linguagem humana. É o tipo de coisa que as pessoas achavam que um computador seria incapaz de fazer”, afirma ele.
“A evolução da tecnologia segue um caminho previsível. Basta olhar o que aconteceu até agora e ficamos sabendo o que vai acontecer nos próximos anos”, diz Kurzweil. Seu palpite é que, até 2029, teremos um computador suficientemente inteligente para que uma pessoa conversando com ele não consiga distingui-lo de um humano. É o chamado Teste de Touring, idealizado em 1950 pelo inglês Alan Turing para aferir a inteligência de uma máquina.
Críticos de Kurzweil – como Mitch Kapor, fundador da empresa de software Lotus, e Paul Allen, cofundador da Microsoft – argumentam que suas previsões pressupõem que a Lei de Moore, que tem permitido a rápida evolução dos dispositivos eletrônicos, vai durar para sempre. Mas sabe-se que, à medida que esses dispositivos passam a ter dimensões atômicas, eles deixam de funcionar da maneira usual. Logo, há um limite para a miniaturização. Em poucos anos, atingiremos esse limite e a evolução será muito mais lenta.
Kurzweil acredita que alguma tecnologia nova vai substituir os chips de silício atuais e garantir a continuidade da evolução exponencial. “Os primeiros computadores foram construídos com válvulas termiônicas. Elas foram sendo aperfeiçoadas e miniaturizadas até que se atingiu um limite. Mas nessa época já tinham sido inventados os transistores, o que deu início a um novo ciclo evolutivo”, argumenta. “A Intel já está testando chips 3D em laboratório. Eles podem manter a evolução acelerada por algum tempo, até que outra tecnologia apareça”, diz.
Nas previsões de Kurzweil, em dez anos, teremos smartphones e outros dispositivos computacionais mil vezes mais poderosos que os atuais. Em 20 anos, eles serão 1 milhão de vezes mais poderosos. “O poder de processamento de um smartphone poderá ser colocado num dispositivo do tamanho de um glóbulo vermelho”, diz. Quando isso acontecer, nano-robôs poderão ser injetados no corpo humano para combater doenças ou para aperfeiçoá-lo de alguma forma. Seremos, então, parte humanos, parte máquinas.
National Geographic.com
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