Como partilhar melhor os recursos de água potável para cerca de 800 milhões de pessoas ainda sem acesso? Atores econômicos, políticos e militantes se reúnem na segunda-feira no sul da França no 6º Fórum Mundial da Água para esboçar respostas.
Existe urgência. Segundo um relatório do OCDE publicado na quinta-feira, é "primordial a utilização racional da água, da mesma forma que tarifá-la de maneira a desencorajar o desperdício" diante do aumento de 55% da demanda de água no mundo até 2050 com o crescimento da população e o aumento da urbanização.
O objetivo da reunião trienal, que acontecerá até 17 de março em Marselha, é drenar um largo afluente internacional, "a fim de servir como uma caixa de ressonância para promover a causa da água na agenda dos líderes mundiais", disse Guy Fradin, vice-presidente do Fórum e governador do Conselho Mundial da Água, instituição organizadora composta por 400 membros, públicos e privados.
Aproximadamente 20 mil participantes de 140 países são esperados. Para a abertura do evento uma dezena de chefes de Estado e Governo, já estão confirmados.
A abertura será realizada por François Fillon, o primeiro-ministro francês.
"O Fórum quer pressionar os governos para que falem sobre a água entre eles, porque é um assunto pouco discutido nas reuniões dos órgãos da ONU", explicou Gerard Payen, conselheiro para a Água do secretariado geral das Nações Unidas.
Segundo os últimos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), no final de 2010, 89% da população mundial, 6,1 bilhões de pessoas, tiveram acesso a fontes melhoradas de água potável, superando o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (88%) fixado para 2015. No entanto, 2,6 bilhões de terráqueos ainda não têm acesso a banheiros.
Enquanto os fóruns anteriores concentraram-se sobre os problemas, este promete soluções concretas.
Em 2009, o Fórum de Istambul não conseguiu incluir em sua declaração final a noção de "direito" ao acesso à água potável e saneamento. Depois disso, foi reconhecido em 2010 pela ONU.
Objeto constante de discórdia: a questão da partilha da água é um assunto de soberania dos Estados, enquanto que 15% dos países dependem em 50% da água vinda do exterior.
"Este ponto será fortemente apoiado pela França, mas é um assunto difícil para muitos países", disse Fradin. "Vamos ver o que podemos conseguir, é necessário avançar nos mecanismos de gestão coletiva".
Os debates do Fórum vão girar em torno de uma dúzia de prioridades de ações sobre a gestão, uso equilibrado da água, melhoramento da qualidade dos recursos com a preocupação constante de uma boa governança.
Estadão.com
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