sexta-feira, 9 de março de 2012

"Fórum Mundial da Água" vai discutir uma partilha igualitária

Como partilhar melhor os recursos de água potável para cerca de 800 milhões de pessoas ainda sem acesso? Atores econômicos, políticos e militantes se reúnem na segunda-feira no sul da França no 6º Fórum Mundial da Água para esboçar respostas.
Existe urgência. Segundo um relatório do OCDE publicado na quinta-feira, é "primordial a utilização racional da água, da mesma forma que tarifá-la de maneira a desencorajar o desperdício" diante do aumento de 55% da demanda de água no mundo até 2050 com o crescimento da população e o aumento da urbanização.
O objetivo da reunião trienal, que acontecerá até 17 de março em Marselha, é drenar um largo afluente internacional, "a fim de servir como uma caixa de ressonância para promover a causa da água na agenda dos líderes mundiais", disse Guy Fradin, vice-presidente do Fórum e governador do Conselho Mundial da Água, instituição organizadora composta por 400 membros, públicos e privados.
Aproximadamente 20 mil participantes de 140 países são esperados. Para a abertura do evento uma dezena de chefes de Estado e Governo,  já estão confirmados.
A abertura será realizada por François Fillon, o primeiro-ministro francês.
"O Fórum quer pressionar os governos para que falem sobre a água entre eles, porque é um assunto pouco discutido nas reuniões dos órgãos da ONU", explicou Gerard Payen, conselheiro para a Água do secretariado geral das Nações Unidas.
Segundo os últimos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), no final de 2010, 89% da população mundial, 6,1 bilhões de pessoas, tiveram acesso a fontes melhoradas de água potável, superando o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (88%) fixado para 2015. No entanto, 2,6 bilhões de terráqueos ainda não têm acesso a banheiros.
Enquanto os fóruns anteriores concentraram-se sobre os problemas, este promete soluções concretas.
Em 2009, o Fórum de Istambul não conseguiu incluir em sua declaração final a noção de "direito" ao acesso à água potável e saneamento. Depois disso, foi reconhecido em 2010 pela ONU.
Objeto constante de discórdia: a questão da partilha da água é um assunto de soberania dos Estados, enquanto que 15% dos países dependem em 50% da água vinda do exterior.
"Este ponto será fortemente apoiado pela França, mas é um assunto difícil para muitos países", disse Fradin. "Vamos ver o que podemos conseguir, é necessário avançar nos mecanismos de gestão coletiva".
Os debates do Fórum vão girar em torno de uma dúzia de prioridades de ações sobre a gestão, uso equilibrado da água, melhoramento da qualidade dos recursos com a preocupação constante de uma boa governança.
Estadão.com

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