quarta-feira, 10 de julho de 2013

Como transportar de forma eficiente 6,3 bilhões de pessoas?

Se hoje o transporte público é sinônimo de sufoco em muitas cidades do mundo, imagine daqui a algumas décadas. A matemática é simples: em 2050, cerca de 70% da população mundial viverá em centros urbanos, o que duplicará a demanda por combustíveis fósseis, veículos e infraestrutura viária. Como garantir um transporte eficiente mas também sustentável, com baixas emissões de poluentes, para os 6,3 bilhões de urbanoides?
Segundo novo relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) a solução passa pela eficiência energética. Intitulado “A Tale of Renewed Cities” (“Um conto sobre cidades renovadas”, em tradução livre), o relatório indica que a implementação de políticas que melhorem a eficiência energética dos sistemas de transporte pode gerar economia global de US$ 70 trilhões com veículos, combustível e infraestrutura até 2050.
Divulgado nesta quarta-feira (10), o estudo baseia-se em exemplos de mais de 30 cidades para mostrar como é possível melhorar a eficiência do transporte através de um maior planejamento das viagens e da gestão urbana. E de quebra conquistar benefícios extras, como menores emissões de gases efeito estufa e maior qualidade de vida.
O relatório vem em um momento crítico. Atualmente, mais da metade da população mundial já vive em cidades, muitas das quais sofrem de engarrafamentos, estradas e transportes superlotados, que custaram centenas de bilhões de dólares em gastos com combustível e tempo perdido, além dos prejuízos na qualidade ambiental e para a saúde humana. A necessidade de soluções eficientes de transporte acessíveis, seguros e de alta capacidade vai se tornar mais aguda nos próximos anos.
"Os governos devem pensar além das tecnologias individuais e ciclos eleitorais, e considerar como construir - e como renovar - cidades que irão acomodar e transportar cerca de 6,3 bilhões de pessoas até 2050", disse Maria van der Hoeven, diretora executiva da AIE durante o lançamento do estudo.
Três categorias amplas de políticas são recomendadas no relatório. A primeira visa promover a redução nas viagens por transporte. Ao invés de pegar o carro para ir à padaria que fica a menos de 1km da sua casa, a pessoa poderia optar pela velha e boa caminhada, por exemplo.
Uma segunda política passaria pela mudança de modal (trocar o carro particular pelo metrô), enquanto a terceira se dedicaria à melhoria de tecnologia, com a promoção de veículos mais eficientes no consumo de energia e no transporte de passageiros em massa, como investimentos em metrôs. Essas três políticas estão em sintoniao com a ideia de "evitar, mudar e melhorar", defendida no relatório como forma de aumentar a eficiência energética dos transportes.
O relatório apresenta três estudos de caso - Belgrado, Seul e Nova York - para mostrar como essas cidades já melhoraram seus sistemas de transporte. Ele observa, por exemplo, que nos primeiros seis meses de reforma do seu sistema ferroviário urbano, Belgrado triplicou os níveis de passageiros.
Quando Seul levou à frente reformas que barravam a recompensa a operadores de ônibus para transportar mais pessoas, não só o número de passageiros como sensação de segurança aumentaram. E Nova York reduziu em 11 minutos o tempo de viagem dentro de um ano com a introdução de serviços de ônibus expressos, ao mesmo tempo em que atraiu mais passageiros.
Exame.com

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