segunda-feira, 1 de julho de 2013

Veja como algumas cidades do mundo estão se preparando para o aquecimento global

De Bangkok a Miami, cidades e zonas costeiras em todo o mundo já estão construindo ou planejando defesas para proteger milhões de pessoas e serviços de infraestrutura importantes de grandes tempestades poderosas e dos outros efeitos do aquecimento global. Algumas estão planejando cidades que simplesmente se adaptam a um eventual maior nível do ar.             
Os lugares mais vulneráveis ​​são aqueles com menos recursos para construir tais defesas, garantir os próprios suprimentos de água ou mover as pessoas para lugares mais altos. Como pagar por tais medidas é uma questão urgente, que não sai da pauta das reuniões climáticas anuais convocadas pela ONU.
Rotterdam, Holanda. Em um país onde dois terços da população vive abaixo do nível do mar, a batalha contra o mar tem sido, por séculos, um assunto de vida ou morte.
O governo holandês dedica cerca de 1% do orçamento anual para o complexo sistema de diques, dunas e paredões. Melhorias para lidar apenas com os efeitos das mudanças climáticas têm sido realizadas desde 2003 - embora o planejamento tenha começado bem antes disso.
O foco no século 20 era uma série de espetaculares defesas marítimas, incluindo aço maciço e barreiras de concreto que podem ser rapidamente transferidas para proteger contra tempestades.
             
Mas as técnicas atuais abraçam uma filosofia de "viver com a água": as inundações são inevitáveis, e é melhor se preparar para elas do que construir diques cada vez mais elevados que podem, catastroficamente, falhar.
Milhares de hidrovias estão sendo conectadas, assim o país pode efetivamente funcionar como uma grande esponja e absorver fluxos repentinos de água. Algumas áreas foram designadas como zonas de inundação. Casas que podem flutuar têm sido uma sensação no ramo da construção.
Ao longo da costa, o país vem depositando enormes quantidades de areia em locais estratégicos em alto mar e permitindo o movimento natural das ondas para fortalecer dunas de defesa.
Veneza, Itália. A elevação do nível do mar é uma preocupação especial nesta cidade inundável. Um sistema caro – e muitas vezes adiado – está em processo de construção. Ele é composto de barreiras submarinas, que serão levantadas em caso de enchentes de mais de 1,10 metros, superior aos 80 centímetros que muitas vezes inunda a famosa Praça de São Marcos.
Veneza é um conjunto de ilhas construídas em uma lagoa rasa, e é extremamente vulnerável à elevação dos mares, porque o fundo do mar também está afundando.   
A inundação constante coloca ​​tesouros arquitetônicos consideráveis da cidade em risco. Veneza passou por 10 eventos com mais de 1,40 metros de água desde 1950, incluindo uma inundação devastadora em 1966. Os planos para as novas barreiras vai custar mais de quatro bilhões de euros. A primeira delas foi instalada recentemente, mas muitos habitantes da cidade permanecem céticos em relação ao projeto, devido ao alto custo e às preocupações sobre os riscos ambientais.
Londres, Reino Unido. Capital de baixa altitude de um país eternamente encharcado, a cidade tem sido vulnerável a inundações - especialmente quando tempestades poderosas enviam água do mar em correnteza até o Rio Tâmisa.    
Mas os londrinos já tem uma poderosa defesa contra o dilúvio: A Thames Barrier, com 570 metros de comprimento (mais de meio quilômetro), composta por 10 portões de aço maciço, com cinco andares de altura quando se levanta contra a elevação da água.
Alguns dizem que a Thames Barrier - em funcionamento desde 1982 – deveria ser substituída ou complementada por um sistema de defesa de inundações ainda mais ambicioso, rio abaixo. Mas a Agência Ambiental da Grã-Bretanha disse que essas defesas devem se manter até 2070.
Enquanto isso, os londrinos ambientalmente conscientes fizeram planos para combater alguns dos outros efeitos previstos do aquecimento global, através da promoção de uma melhor gestão da água, ampliando a rede de esgoto vitoriano da cidade e "arborização urbana" - o plantio de árvores e jardins na cobertura que ajudam a controlar o efeito urbano de ilhas de calor.
Miami, Estados Unidos. O sul da Flórida é um daqueles lugares que se mostraram parcialmente sob a água em muitas das projeções sobre os níveis dos mares para este século. Então não é nenhuma surpresa que os líderes locais estão buscando maneiras para se adaptar. Quatro municípios do sul da Flórida, incluindo Miami-Dade, têm colaborado em um plano regional para responder à mudança climática. O objetivo primordial: manter água doce no interior e a água salgada longe.
O primeiro plano de ação prevê mais transporte público, contenção do fluxo de água do mar para que ele não atinja a água doce e a gestão dos ecossistemas únicos da região, para que eles possam se adaptar.
Antes de escrever o plano, os municípios revisaram os dados regionais de nível do mar e projetaram um aumento de 23 a 61 centímetros nos próximos 50 anos, ao longo de um litoral que já tem documentado um aumento de 9 centímetros nos últimos 100 anos.
"A taxa dobrou. Seria hipocrisia, desleixo e irresponsabilidade não reagir a isso", disse o administrador do município de Monroe, Roman Gastesi, que supervisiona o Florida Keys.
Nova York, Estados Unidos. O prefeito Michael Bloomberg anunciou um dos mais ambiciosos planos de defesa da maior cidade dos Estados Unidos, contra as mudanças climáticas. As recomendações vão desde a instalação de muros removíveis contra enchentes no sul de Manhattan até a restauração de pântanos em Jamaica Bay, em Queens, e também desde transformar casas em residências à prova d’água até a definição de normas padrão para provedores de telefonia e internet.
Em Manhattan um sistema removível de colunas e ripas pode ser implantado para formar paredes temporárias contra as cheias. A altura dependerá da elevação do solo e do potencial aumento. Esse sistema é usado ao longo de alguns rios do Centro-Oeste dos Estados Unidos e também na Holanda, disseram as autoridades da cidade.
    
Os projetos também incluem um dique de 15 a 20 pés para proteger parte de Staten Island, a construção de dunas nas praias da cidade, construção de sistemas de barreiras de diques e comportas para impedir que um riacho leve enchentes para o interior, e, possivelmente, a criação de um dique e uma considerável nova "Cidade Portuária" desenvolvida em Manhattan.
Dhaka, Bangladesh. Uma nação de baixa altitude, com 153 milhões de pessoas, Bangladesh é um dos países mais pobres da Ásia, e um dos que enfrenta riscos extremos de elevação do nível do mar. Sua capital, Dhaka, está no topo de uma lista de cidades do mundo consideradas mais vulneráveis ​​às alterações climáticas, de acordo com uma pesquisa recente da empresa de análise de riscos Maplecroft. O Banco Mundial diz que um aumento de 14 centímetros do nível do mar afetará 20 milhões de pessoas que vivem ao longo de 710 quilômetros da costa. Muitas dessas pessoas ficariam desabrigadas.    
Bangladesh está implementando dois grandes projetos no valor de 470 milhões de dólares, que envolvem crescimento das florestas na faixa costeira e construção de mais abrigos de vários andares, para abrigar pessoas depois de ciclones e marés altas. Os países desenvolvidos têm destinado, até agora, 170 mil dólares para o fundo.
"Bangladesh está optando por adaptar-se aos impactos das mudanças climáticas, porque as nações desenvolvidas do mundo não estão fazendo o suficiente necessário para reduzir as emissões de carbono", disse o ministro das Florestas e Meio Ambiente, Hasan Mahmud, em um discurso recente em Dhaka. "Queremos que os doadores contribuam mais com os nossos esforços." 
   Male, Ilhas Maldivas. As Maldivas, uma sofisticada praia-paraíso para os turistas, também se tornou um símbolo dos perigos da mudança climática.
Composta por centenas de ilhas no Oceano Índico, ela é uma das nações mais baixas do mundo, e bastante vulnerável ​​à elevação dos mares.
Alguns cientistas disseram que as Maldivas podem desaparecer dentro de algumas décadas, e o ex-presidente Mohamed Nasheed ainda propôs realocar todos os 350.000 habitantes de outros países.        
Enquanto outros pesquisadores afirmam que esses medos podem ter sido exagerados, o país está tomando medidas para se proteger.
Um paredão foi construído em torno da capital, Male, depois da inundação na década de 1980. Essa parede protegeu a cidade dos piores efeitos do devastador tsunami de 2004, que pôs temporariamente grandes áreas do país debaixo d'água.
Os planos das Maldivas, de adaptação ao clima, visa realocar os moradores de pequenas e vulneráveis ilhas para outras maiores, mais protegidas.
Está também criando novas terras por meio de recuperação de terras, ampliando as ilhas existentes ou construindo novas, para aliviar a superlotação. As terras estão sendo elevadas para melhor suportar a elevação dos mares.
Bangkok, Tailândia. Mesmo antes das consequências das alterações climáticas tornarem-se evidentes, os cientistas estavam alertas de que Bangkok - cujos subúrbios do sul fazem fronteira com o Golfo da Tailândia - estava sob séria ameaça de erosão.
As projeções sobre a elevação do nível do mar mostram que Bangkok pode estar em risco de inundação em 100 anos, a menos que sejam tomadas medidas preventivas. Mas quando a capital e seus arredores foram afetados em 2011 pelas piores inundações em meio século, o estopim foi o escoamento da água do norte, quando as barragens não conseguiram segurar chuvas muito pesadas.
Áreas industriais nos subúrbios da capital e locais de empresas importantes foram devastados. Assim, o foco foi em encontrar uma solução de curto prazo para essa área.
O governo anunciou recentemente as propostas vencedoras, totalizando 290,9 bilhões de baht (9,38 milhões de dólares) por empresas chinesas, sul-coreanas e tailandesas, para executar os sistemas de gestão de enchentes e água, incluindo a construção de reservatórios, caminhos de vazão de água e barreiras.
As soluções para o problema de elevação do nível dos mares ainda estão sendo estudados.
"A construção em si não é sustentável", diz Seree Supratid, diretor de um centro de clima e desastres da Universidade Rangsit. "As pessoas têm de se adaptar à natureza. Por exemplo, você sabe Bangkok será inundada pela elevação dos mares nos próximos 100 anos, então você tem que aprender a construir casas de forma que a enchente não alcance, colocando-a em cima, ou algo do gênero."
Varadero, Cuba. Os oficiais terminaram recentemente um estudo sobre os efeitos das mudanças climáticas sobre os 5.630 quilômetros da costa da ilha, e as descobertas foram tão alarmantes que ele não compartilharam imediatamente os resultados com o público para não causar pânico.
De acordo com o relatório, que a Associated Press obteve exclusivamente, o aumento dos níveis do mar prejudicaria seriamente 122 cidades cubanas ou mesmo as eliminaria para fora do mapa até 2100. Os cientistas descobriram que quilômetros de praias seriam submersos enquanto as fontes de água doce seriam contaminadas e as lavouras se tornariam inférteis. Ao todo, a água do mar que atingiria até dois quilômetros do interior em áreas de baixa altitude, com oceanos que subiriam quase 85 centímetros.
Esses cálculos assustadores têm estimulado a ação sistêmica em Cuba, a maior ilha do Caribe e um que é fortemente dependente das praias por conta dos turistas europeus e canadenses. Nos últimos meses, os inspetores e equipes de demolição começaram a circular através da ilha, com planos para demolir milhares de casas, restaurantes, hotéis e portos improvisados, ​​em uma corrida para restaurar grande parte da costa em algo próximo de seu estado natural.
Na estância turística de Varadero, o país enfrenta um dilema: derrubar restaurantes e hotéis à beira-mar ameaça milhões de dólares em receitas de turismo anual, enquanto permitir que eles permaneçam ali põe em risco as próprias praias que são a principal atração.
Mbeere, Quênia. Enquanto o aumento do nível do mar ameaça algumas comunidades costeiras na África, o continente enfrenta problemas relacionados com o clima ainda maiores no interior. Os cientistas especializados em estudos do clima projetaram alterações nos padrões de precipitação, que levam a secas prolongadas em algumas áreas e aumento das inundações em outras. Para as comunidades agrícolas de pequena escala, essas mudanças podem ser desastrosas, aumentando ainda mais o estresse para o abastecimento escasso de água.
A adaptação, portanto, está focada em aprender a lidar com as mudanças climáticas, adequando as práticas agrícolas e melhorando os esforços de conservação de água.
No distrito de Mbeere, no Quênia, onde as pessoas dizem que estão percebendo longos períodos de seca, o grupo britânico de caridade Christian Aid está ensinando agricultores para ajudá-los a prever as estações do ano e conhecer melhor o que e quando plantar.
Um sistema de mensagens de texto ajuda os agricultores a obter boletins meteorológicos atualizados e específicos para os locais.
"Nós estamos apoiando-os para acessar e interpretar informações sobre o clima, e ajudá-los a tomar decisões sobre o futuro, de modo que a produção deles seja mais adequada às novas condições previstas", disse Mohamed Adow, da Christian Aid. "Os agricultores vivem da terra e do clima, e pequenas mudanças nos padrões climáticos podem ser um grande desastre para os pequenos agricultores na África, em que os únicos meios de sobrevivência e bem-estar dependem da agricultura.



 

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