quarta-feira, 10 de julho de 2013

TV holográfica deve chegar em 10 anos

Pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) desenvolveram um chip que pode levar a base tecnológica da TV holográfica a um custo muito acessível ao consumidor. Ignorando os custos relativos à infraestrutura necessária para a sua construção, é possível trazer o chip à luz gastando cerca de US$ 10. A novidade, garante o coordenador do grupo de estudos, pode acelerar a chegada das TVs holográficas, que representam um passo à frente das TVs 3D, para os domicílios, situação prevista para ocorrer em até 10 anos.
        A invenção saiu das mãos de Daniel Smalley, aluno do MIT membro do grupo de pesquisas intitulado Object-Based Media há 10 anos, época em que teve contato com a holografia pela primeira vez e a tornou seu objeto de investigação acadêmica. Seu projeto de doutorado, na área de holografia, é a base da recente descoberta. Holografia já era alvo de interesse no Instituto desde a década de 1980, mas ganhou força na última década graças às possibilidades do vídeo digital. Smalley construiu um protótipo que gera projeções holográficas coloridas (até então o mais comum era imagens monocromáticas) em resolução semelhante ao padrão das TVs comuns (30 quadros por segundo).
        Tecnicamente, tecnologia capaz de realizar transmissões holográficas em tempo real já existe, o grande salto seria melhorar a resolução e torná-la acessível ao mercado consumidor, explicou o professor e coordenador do grupo, Michael Bove. E é por isso que o chip desenhado por Smalley pode ser comemorado e aguardado com grande ansiedade.
        Bove comenta que há muita expectativa em torno da holografia, imaginada pela ficção científica desde cedo. Há exemplos das expectativas do que a tecnologia poderia prover em Star Wars, com a mensagem holográfica enviada pela Princesa Leia; em Star Trek, com a sala de projeções virtuais Holodeck; em Minority Report; e em Homem de Ferro – com direito a manipulação das projeções a partir de gestos.
 A ansiedade é tanta que muitos já acreditaram ter visto holografia onde na verdade o que havia era um truque óptico maquiado com muito marketing. Exemplos já clássicos desse estilo enganador são a aparição de Al Gore no Live Earth, em 2007; o Príncipe Charles, durante o World Future Energy Summit 2008, ou, mais recentemente, a ressurreição de Tupac, cantando ao lado Snoop Dog e Dr. Dre no palco do Coachella 2012. Nestes casos, a técnica usada data do século 19 e é conhecida como Pepper’s Ghost, na qual o que se vê é resultado do reflexo de um objeto iluminado sob determinado ângulo.
A grande diferença da TV holográfico é proporcionar ao espectator imagens em três dimensões não sobrepostas como acontece hoje com os televisores 3D comuns. Sob ângulos diferentes, a imagem sofre alteração. No caso da holografia, não. Olhar para um holograma é como se olhar para o próprio objeto. E, mais, para isso não seriam necessários óculos e nem se causaria o eventual desconforto atualmente gerado pela imagem tridimensional.
“O problema é que TVs holográficas são muito caras para serem consideradas um produto de consumo, o custo computacional torna a operação impraticável. Nossa pesquisa está tentando trazer o custo das TVs holográficas para o patamar das TVs comuns”, diz Bove. O coordenador do grupo também pesquisa a possibilidade de combinar a tecnologia à técnica ilusionista Pepper’s Ghost e possibilitar o que ele chama de “Cadeira de Telepresença 3D”.
“Alguém poderia gerar o efeito de projetar a imagem de uma pessoa em um local usando apenas um projetor holográfico, mas isso não é necessário. A ideia importante aqui é fazer essa projeção ‘desaparecer’ e termos a presença remota da pessoa na sala em vez de exibida em uma tela.
A equipe do Dr. Bove assina um artigo, publicado na Nature neste último mês, explicando a técnica chamada “acústico-óptica”, já usada anteriormente pelo professor do MIT que originou as pesquisas sobre o tema, Stephen Benton, mas a um custo muito alto, por conta do material utilizado até então (dióxido de telúrio). Smalley o substituiu por niobato de lítio, cristal menor e mais barato e o inseriu em um sistema para direcionar a luz gerada a partir de canais microscópicos encaixados lado a lado nas chamadas “guias de onda”. Dentro de cada uma há um eletrodo de metal que vibra e produz ondas acústicas que modulam a forma e as combinações que feixes de luz vermelha, azul e verde tomarão na projeção após passar pelo cristal.
“Muitas mudanças estão acontecendo à televisão agora e continuarão acontecendo nos próximos anos”, aposta. O Japão, país-sede da Copa do Mundo de 2022, prevê que as transmissões serão feitas para TVs holográficas (e já fez até um vídeo para aperitivo). Será que dá tempo?
Galileu

Nenhum comentário:

Postar um comentário