Setenta anos depois do ataque alemão às cidades inglesas na Segunda Guerra Mundial, vivemos sob efeito dos avanços tecnológicos criados pelo exército nazista. O outono de 1944 marcou o primeiro lançamento de um míssil teleguiado na história da humanidade. Sua tecnologia serviu de base para a Apollo 11 (responsável por levar o ser humano à Lua) e ainda inspira as naves espaciais existentes.
Criado pelo exército nazista durante a Segunda Guerra, estima-se que o míssil V2 – uma das últimas tentativas alemãs de se manter na guerra - tenha matado cerca de 2700 pessoas apenas na Inglaterra. Contudo, o dado mais trágico dessa história não está nas baixas causadas pelos mais de 1500 mísseis disparados em toda a Europa: mais de 20 mil escravos judeus morreram produzindo o foguete V2, uma máquina com 14 metros de altura e 900 kg de explosivos.
Avanços Um dos mais impressionantes avanços criados pelo engenheiro alemão foi o fato do míssil não precisar de controladores, já que estava programado com o local que deveria acertar. Mais do que isso, o V2 conseguia recalcular a rota durante seu voo caso houvesse algum tipo de empecilho.
Mas isso não foi capaz de livrar a Alemanha da derrota. Em consequência, nações como Estados Unidos, União Soviética e Inglaterra fizeram de tudo para colocar as mãos no V2. Contudo, por Von Braun não querer trabalhar com os soviéticos, a arma caiu na mão dos norte-americanos.
Millard ainda completou: “Com os americanos querendo mais do que o hardware dos mísseis, eles começaram a trabalhar com Von Braun, que aproveitou para realizar seu sonho pessoal: viagens espaciais. E depois de algum tempo, o engenheiro criou o Redstone, míssil similar ao V2, para um exército. Em 1961, Alan Shepard, o primeiro astronauta americano, foi ao espaço com um míssil Redstone”.
A “arma de retaliação”, como ficou conhecida, possuía um sistema de alta tecnologia. “O programa era caro em termos de vidas gastas. Os nazistas usaram trabalho escravo para fabricar esses foguetes”, afirma Doug Millard, curador do Museu de Ciência de Londres, em entrevista à BBC.
Os prisioneiros dos campos de concentração eram obrigados a trabalhar em uma fábrica subterrânea chamada Mittelwerk, no centro da Alemanha. Os escravos não viam luz do dia, não dormiam, mal comiam e qualquer forma de saneamento básico era raridade; aqueles que tentavam sabotar eram executados ou até mesmo enforcados e dependurados no alto da fábrica, como exemplo.
Mesmo assim, o engenheiro responsável pelo V2, Wernher von Braun, foi considerado por muitos um dos maiores heróis da guerra espacial. Para os Aliados, o V2 era a produção mais sofisticada da guerra. Com um motor capaz de alcançar 80 km de altura e voar por mais de 190 km, o foguete era mais complexo que o primeiro foguete espacial da história.
Para o estudioso, a dependência foi mais longe: “Nós chegamos à Lua utilizando a tecnologia do V2. Seu desenvolvimento veio de alguns esforços massivos e bem cruéis”. Além disso, tudo que existe hoje é consequência dessa criação, como conclui o curador: “Ainda estamos vivendo a era do V2”.
Galileu.com
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