quinta-feira, 30 de abril de 2015

Muralha verde da China absorve CO2 da atmosfera


Coco Liu e ClimateWire
Depois de melhorar sua eficiência energética, adotar o sistema de comércio de emissões (cap-and-trade) e incrementar sua expansão de energias renováveis, a China avançou rumo a uma nova fronteira fundamental para ajudar a mitigar o aquecimento global.
De acordo com um estudo publicado recentemente no periódico científico Nature Climate Change, a quantidade total de carbono armazenado globalmente em toda a biomassa viva acima do solo aumentou em quase 4 bilhões de toneladas desde 2003.
E a China a contribuiu de forma notável para esse avanço.
“O aumento de vegetação resultou principalmente de uma feliz combinação de fatores ambientais e econômicos e de massivos projetos de plantio de árvores na China”, informou Liu Yi, o principal autor do estudo, em um comunicado de imprensa.
Liu é um cientista de sensoriamento remoto do Centro de Excelência para Ciência do Sistema Climático (CoECSS) na University of New South Wales, na Austrália.
Ele salientou que “a cobertura vegetal se expandiu nas savanas da Austrália, África e América do Sul como resultado do aumento de chuvas, enquanto na Rússia e nas ex-repúblicas soviéticas temos observado a regeneração de florestas em terras agrícolas abandonadas. A China foi o único país a ampliar sua vegetação intencionalmente por meio de projetos de reflorestamento”.
Em entrevista por e-mail à equipe de ClimateWire, Liu informou que “o aumento de vegetação mais evidente em território chinês ocorreu no norte do país, o que provavelmente está associado à sua Grande Muralha Verde”.
Além disso, o cientista confirmou que tem havido algum aumento de vegetação no sudeste do país, embora não se conheça exatamente a causa dessa expansão.
Na opinião de alguns especialistas, a chamada Grande Muralha Verde da China, formalmente conhecida como Programa de Desenvolvimento do Cinturão de Proteção “Three-North Shelter Belt Development”, é o maior projeto de engenharia ecológica no planeta.
Desde 1978, cidadãos chineses plantaram pelo menos 259 mil km2 de florestas no árido norte da China, em um esforço para conter o avanço do deserto de Gobi.
Quando o projeto for concluído, em 2050, um massivo cinturão de árvores se estenderá da província de Xinjiang, no noroeste do país, através de várias regiões setentrionais até a província de Heilongjiang, no nordeste.

Impacto de longo prazo incerto

Por mais positiva que pareça, a formação da Grande Muralha Verde tem vários céticos na comunidade científica.
Alguns cientistas receiam que o plantio de árvores em lugares onde elas não crescem naturalmente pode ser mais prejudicial que benéfico, por absorver grandes quantidades de valiosas águas subterrâneas.
Outros questionam a taxa de mortalidade de árvores plantadas na região e ponderam se elas poderiam afetar negativamente gramíneas e arbustos, que em geral são mais resistentes a secas e mais eficazes em controle de erosão.
“As questões ecológicas são complexas e os resultados em longo prazo não estão claros”, salientou David Shankman, professor emérito de geografia na University of Alabama em Tuscaloosa, e crítico notório do projeto Grande Muralha Verde.
Liu, que colaborou com uma equipe internacional de cientistas que monitora mudanças na vegetação global, admitiu não ter uma imagem completa do debate, mas argumentou que “A partir de nossas observações de satélites podemos ver que o projeto de reflorestamento é capaz de aumentar o carbono armazenado na vegetação que cresce acima do solo, e pode ajudar a remover parte do dióxido de carbono (CO2) da atmosfera”.
O estudo mostra que os esforços de reflorestamento chineses, juntamente com as florestas que rebrotaram na Rússia e em países vizinhos, compensam em cerca de 50% o carbono perdido pelo desmatamento tropical.
Enquanto o mundo está ficando mais verde como um todo, massivas perdas de vegetação ainda ocorrem em muitas regiões.
Os maiores declínios são observados nas áreas marginais da floresta amazônica e nas províncias de Sumatra e Kalimantan, na Indonésia.
Liu e seus colegas mapearam mudanças em biomassa vegetal utilizando medições de satélite das flutuações na radiação de radiofrequência emitida pela superfície da Terra, uma técnica chamada sensoriamento remoto por micro-ondas passivas.
As informações foram extraídas de vários satélites e fundidas em uma série única que abrangeu as duas últimas décadas, de 1993 a 2012.
Plantas desempenham um papel significativo na desaceleração de mudanças climáticas, porque absorvem aproximadamente 25% do CO2 que o homem lança na atmosfera através da queima de combustíveis fósseis e outras atividades.
Os autores do estudo enfatizam que, embora o aumento da cobertura vegetal signifique maior absorção de dióxido de carbono, a única maneira de diminuir os impactos do aquecimento global em longo prazo é reduzir o consumo de combustíveis fósseis.
Scientific American Brasil

O "alarmante"uso de agrotóxicos no Brasil atinge 70% dos alimentos

 
Imagine tomar um galão de cinco litros de veneno a cada ano. É o que os brasileiros consomem de agrotóxico anualmente, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). "Os dados sobre o consumo dessas substâncias no Brasil são alarmantes", disse Karen Friedrich, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Desde 2008, o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de consumo de agrotóxicos. Enquanto nos últimos dez anos o mercado mundial desse setor cresceu 93%, no Brasil, esse crescimento foi de 190%, de acordo com dados divulgados pela Anvisa. Segundo o Dossiê Abrasco - um alerta sobre o impacto dos agrotóxicos na saúde, publicado nesta terça-feira no Rio de Janeiro, 70% dos alimentos in natura consumidos no país estão contaminados por agrotóxicos. Desses, segundo a Anvisa, 28% contêm substâncias não autorizadas. "Isso sem contar os alimentos processados, que são feitos a partir de grãos geneticamente modificados e cheios dessas substâncias químicas", diz Friederich. De acordo com ela, mais da metade dos agrotóxicos usados no Brasil hoje são banidos em países da União  Europeia e nos Estados Unidos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), entre os países em desenvolvimento, os agrotóxicos causam, anualmente, 70.000 intoxicações agudas e crônicas.
O uso dessas substâncias está altamente associado à incidência de doenças como o câncer e outras genéticas. Por causa da gravidade do problema, na semana passada, o Ministério Público Federal enviou um documento à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendando que seja concluída com urgência a reavaliação toxicológica de uma substância chamada glifosato e que a agência determine o banimento desse herbicida no mercado nacional. Essa mesma substância acaba de ser associada ao surgimento de câncer, segundo um estudo publicado em março deste ano pela Organização Mundial da Saúde (OMS) juntamente com o Inca e a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC). Ao mesmo tempo, o glifosato foi o ingrediente mais vendido em 2013 segundo os dados mais recentes do Ibama.
Em resposta ao pedido do Ministério Público, a Anvisa diz que em 2008 já havia determinado a reavaliação do uso do glifosato e outras substâncias, impulsionada pelas pesquisas que as associam à incidência de doenças na população. Em nota, a Agência diz que naquele ano firmou um contrato com a Fiocruz para elaborar as notas técnicas para cada um dos ingredientes - 14, no total. A partir dessas notas, foi estabelecida uma ordem de análise dos ingredientes "de acordo com os indícios de toxicidade apontados pela Fiocruz e conforme a capacidade técnica da Agência".
Enquanto isso, essas substâncias são vendidas e usadas livremente no Brasil. O 24D, por exemplo, é um dos ingredientes do chamado 'agente laranja', que foi pulverizado pelos Estados Unidos durante a Guerra do Vietnã, e que deixou sequelas em uma geração de crianças que, ainda hoje, nascem deformadas, sem braços e pernas. Essa substância tem seu uso permitido no Brasil e está sendo reavaliada pela Anvisa desde 2006. Ou seja, faz quase dez anos que ela está em análise inconclusa.
O que a Justiça pede é que os ingredientes que estejam sendo revistos tenham o seu uso e comércio suspensos até que os estudos sejam concluídos. Mas, embora comprovadamente perigosos, existe uma barreira forte que protege a suspensão do uso dessas substâncias no Brasil. "O apelo econômico no Brasil é muito grande", diz Friedrich. "Há uma pressão muito forte da bancada ruralista e da indústria do agrotóxico também". Fontes no Ministério Público disseram ao EL PAÍS que, ainda que a Justiça determine a suspensão desses ingredientes, eles só saem de circulação depois que os fabricantes esgotam os estoques.
O consumo de alimentos orgânicos, que não levam nenhum tipo de agrotóxico em seu cultivo, é uma alternativa para se proteger dos agrotóxicos. Porém, ela ainda é pouco acessível à maioria da população. Em média 30% mais caros, esses alimentos não estão disponíveis em todos os lugares. O produtor Rodrigo Valdetaro Bittencourt explica que o maior obstáculo para o cultivo desses alimentos livres de agrotóxicos é encontrar mão de obra. "Não é preciso nenhum maquinário ou acessórios caros, mas é preciso ter gente para mexer na terra", diz. Ele cultiva verduras e legumes em seu sítio em Juquitiba, na Grande São Paulo, com o irmão e a mãe. Segundo ele, vale a pena gastar um pouco mais para comprar esses alimentos, principalmente pelos ganhos em saúde. "O que você gasta a mais com os orgânicos, você vai economizar na farmácia em remédios", diz. Para ele, porém, a popularização desses alimentos e a acessibilidade ainda levarão uns 20 anos de briga para se equiparar aos produtos produzidos hoje com agrotóxico. 
Bittencourt vende seus alimentos ao lado de outras três barracas no Largo da Batata, zona oeste da cidade, às quartas-feiras. Para participar desse tipo de feira, é preciso se inscrever junto à Prefeitura e apresentar todas as documentações necessárias que comprovem a origem do produto. Segundo Bittencourt, há uma fiscalização, que esporadicamente aparece nas feiras para se certificar que os produtos de fato são orgânicos.
No mês passado, o prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) sancionou uma lei que obriga o uso de produtos orgânicos ou de base agroecológica nas merendas das escolas municipais. A nova norma, porém, não tem prazo para ser implementada e nem determina o percentual que esses alimentos devem obedecer.
Segundo um levantamento da Anvisa, o pimentão é a hortaliça mais contaminada por agrotóxicos (segundo a Agência, 92% pimentões estudados estavam contaminados), seguido do morango (63%), pepino (57%), alface (54%), cenoura (49%), abacaxi (32%), beterraba (32%) e mamão (30%). Há diversos estudos que apontam que alguma substâncias estão presentes, inclusive, no leite materno.
No ano passado, a pesquisadora norte-americana Stephanie Seneff, do MIT, apresentou um estudo anunciando mais um dado alarmante: "Até 2025, uma a cada duas crianças nascerá autista", disse ela, que fez uma correlação entre o Roundup, o herbicida da Monsanto feito a base do glifosato, e o estímulo do surgimento de casos de autismo. O glifosato, além de ser usado como herbicida no Brasil, também é uma das substâncias oficialmente usadas pelo governo norte-americano no Plano Colômbia, que há 15 anos destina-se a combater as plantações de coca e maconha na Colômbia.
Em nota, a Anvisa afirmou que aguarda a publicação oficial do estudo realizado pela OMS, Inca e IARC para "determinar a ordem prioritária de análise dos agrotóxicos que demandarem a reavaliação".

Os alimentos mais contaminados pelos agrotóxicos

Em 2010, o mercado brasileiro de agrotóxicos movimentou 7,3 bilhões de dólares e representou 19% do mercado global. Soja, milho, algodão e cana-de-açúcar representam 80% do total de vendas nesse setor.
Segundo a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), essa é a lista da agricultura que mais consome agrotóxicos:
Soja (40%)
Milho (15%)
Cana-de-açúcar e algodão (10% cada)
Cítricos (7%)
Café, trigo e arroz (3 cada%)
Feijão (2%)
Batata (1%)
Tomate (1%)
Maçã (0,5%)
Banana (0,2%)
As demais culturas consumiram 3,3% do total de 852,8 milhões de litros de agrotóxicos pulverizados nas lavouras brasileiras em 2011.
EL PAÍS Brasil

Hoje, a Nave espacial da Nasa explodiu ao encerrar missão em Mercúrio

 Foto: Nasa / Divulgação
A nave espacial Messenger, pioneira da Nasa, encerrou seu estudo de quatro anos sobre Mercúrio nesta quinta-feira (30) ao colidir com a superfície do planeta, disseram cientistas.
 Os controladores de voo no Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, em Maryland, estimaram mais cedo que a Messenger, viajando a mais de 14 mil quilômetros por hora, bateu no chão perto do polo norte de Mercúrio às 16h26 (horário de Brasília).
 A Messenger também confirmou a existência de gelo e outros materiais, possivelmente até orgânicos à base de carbono, na base das crateras onde a luz solar nunca brilha. Durante seus dias finais, a Messenger tentou espiar diretamente o fundo de crateras específicas, disse Solomon.
A espaçonave também encontrou evidências de atividade vulcânica passada e afirma que o planeta denso e que está encolhendo tem um núcleo de ferro líquido.
"É impressionante tudo o que conseguimos", afirmou a cientista da Messenger, Deborah Domingue, do Instituto de Ciências Planetárias, em Tucson, no Arizona, em comunicado. "Há uma sensação de satisfação."
A Europa e o Japão estão se associando para realizar uma missão de acompanhamento de Mercúrio chamada BepiColombo, que deve ser lançada em 2017.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Locais que podem ser atingidos por grandes terremotos

O terremoto de 7,8 graus que atingiu o Nepal no último sábado causou um choque nas pessoas de todo o mundo pelo tamanho de sua devastação – mas não surpreendeu especialistas. Sismólogos e advogados envolvidos em casos de desastres alertaram que o país asiático se encontra entre duas placas tectônicas, o que, unido à escassez dos recursos econômicos pode levar ao caos. As informações são do Time.
 “Sempre que você despejar essa quantidade de energia cinética em uma grande cidade, coisas ruins vão acontecer", disse Gregory Beroza, sismólogo da Universidade de Stanford.
Depois do incidente que levou mais de 5 mil pessoas à morte e deixou ao menos 7 mil feridos, os especialistas apontam locais que são potencialmente os próximos atingidos por tremores grandiosos como o que aconteceu em Katmandu.
 
Teerã
A capital iraniana fica perto de três grandes linhas de falhas geológicas. Ela também é construída sobre tipos de sedimentos relativamente novos, que não faz dá grande apoio aos edifícios quando o chão treme. Além disso, a cidade tem crescido rapidamente, sendo que as novas construções não se focaram na segurança contra terremotos. Na esperança de reduzir o risco de uma catástrofe, as autoridades iranianas criaram, então, incentivos financeiros em 2010 para tentar convencer ao menos 5 milhões de iranianos para deixar a cidade. Apesar disso, a capital ainda aglomeração de prédios e pessoas - e o risco de um tremor de terra é alto.
 
 Foto: Wikipédia
 
Segundo especialistas, há uma chance de 90% de acontecer um tremor de ao menos 6 graus na escala Richter (ou mais) nas próximas décadas. E, por causa da localização e das normas de construção da cidade insuficientes, até mesmo um terremoto dessa magnitude poderia ser devastador.
 
Istambul
Não seria a primeira vez que a Turquia seria atingida por terremotos mortais. No país, mais de 100 mil pessoas morreram em tremores no século 20, de acordo com um relatório do Banco Mundial. E, segundo os especialistas, esse risco não diminuiu nos últimos anos, apesar de o governo turco ter investido na modernização de edifícios públicos em Istambul, sua cidade mais populosa, tentando diminuir o possível impacto negativo das habitações construídas às pressas pelos cidadãos, as quais não cumprem os códigos de segurança de edifícios.
 
 Foto: Wikipédia
 
Um estudo de 2000 encontrou a cidade enfrenta uma chance maior do que 60% de sofrer um terremoto de magnitude 7,0 em 2030. Um terremoto de magnitude 7,6 na província de Kocaeli da Turquia, a 75 milhas de distância de Istambul, matou cerca de 1.000 pessoas em Istambul sozinho. Um terremoto semelhante no centro da cidade iria matar muitos mais.
 
Los Angeles
Los Angeles é a segunda cidade mais populosa dos Estados Unidos, com grandes recursos destinados a prevenir uma catástrofe humanitária em caso de um grande terremoto. Porém, até mesmo locais com investimentos assim podem não estar prontos para os terremotos mais devastadores. A área de Los Angeles tem duas chances em três de ser atingido por um tremor de magnitude 6,7 (ou maiores) no ano de 2038, de acordo com um relatório United States Geological Society (USGS).
 
 Foto: Wikipédia
 
Em 1994, o terremoto em Northridge, de 6,7 graus, matou 57 pessoas e causou US$ 20 bilhões em danos.
A maior preocupação, no entanto, são as chances de 7% de um tremor de 8 graus sacudir a cidade nos próximos 30 anos. Segundo a USGS, uma magnitude 7,8 poderia deixar ao menos 1.800 mortos e 50 mil feridos, além de causar US$ 200 bilhões em danos.
 
 

Nave russa que ia para a Estação Espacial está fora de controle e vai cair sobre a Terra

A cápsula russa Progress M-27M parte da base de Baikonur nesta terça-feira: nave está fora de controle Foto: AFP / AFP

Uma nave de carga russa não tripulada está fora de controle na órbita da Terra e vai cair de volta ao planeta. Lançada na manhã desta terça-feira com destino à Estação Espacial Internacional (ISS), a cápsula M-27M, carregada com mais de 2,7 toneladas de suprimentos, deveria dar quatro voltas na Terra em seis horas até se acoplar à ISS, mas começou a girar no espaço por uma série de problemas ainda não esclarecidos.
Roscosmos, agência espacial da Rússia, ainda mudou o plano de voo para uma viagem de dois dias na tentativa de recuperar a nave, mas nesta quarta-feira seu chefe, Igor Komarov, admitiu que a acoplagem com a estação não será possível. Com isso, a cápsula eventualmente vai reentrar na atmosfera terrestre, e a expectativa é que ela seja completamente queimada, sem nenhum pedaço atingindo o solo. O prejuízo foi calculado em 2,59 bilhões de rublos (cerca de US$ 50 milhões) só no valor da carga.
A falha levou a Roscosmos a adiar para o terceiro e quarto trimestres deste ano dois outros lançamentos de cargas para a ISS com a Progress previstos para 2015. A maior preocupação dos especialistas é que atualmente estas naves russas são as únicas com a capacidade de erguer a órbita da ISS, uma operação que deve ser realizada com certa frequência para evitar que ela também reentre na atmosfera terrestre.



 

A origem da vida pode ser uma fonte hidrotermal?

  (Foto: wikimedia commons)
De acordo com uma pesquisa da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, fontes hidrotermais podem ter originado a vida em nosso planeta. Partículas minerais de dentro dessas fissuras possuem propriedades similares às enzimas - moléculas biológicas que governam reações em organismos. Lá, oCO2 dissolvido na água forma ácido fórmico e metanol. 
No estudo, cientistas explicam que alguns elementos químicos necessários para a vida já estavam em formação na natureza antes da vida, em si, aparecer. De acordo com a pesquisadora que liderou a análise, Nora de Leeuw, a pesquisa prova que as fontes possuem propriedades químicas que permitem que moléculas se associem a elementos ligados à vida.
Para chegar a essas conclusões, a equipe combinou experimentos de laboratório com simulações de computadores, que analisaram como o CO2 pode se catalisar em moléculas orgânicas. 
Os experimentos replicaram as condições alcalinas e quentes das águas que passam pelas fontes hidrotermais. Ficou claro que cristais presentes nas fissuras agem como catalisadores para as reações necessárias.
Claro, ainda não há como afirmar, com certeza, que a vida da Terra surgiu nessas fontes. Porém o estudo torna a teoria extremamente plausível.

terça-feira, 28 de abril de 2015

A ameaça sobre os rios da Amazônia

A Amazônia é a maior floresta tropical do mundo. Segundo relatório da WWF, nos últimos 4 anos foram descobertas 441 novas espécies na região
 
Além da beleza natural ofuscante, a Amazônia é detentora de números grandiosos. A vegetação da maior floresta tropical do mundo, com aproximadamente 6,5 milhões de km², cobre parte do território de nove países da América do Sul. Mas não é somente mantendo suas árvores em pé que será possível preservar o equilíbrio deste bioma vital para o planeta. É necessário cuidar de suas águas.
A região amazônica possui o maior sistema fluvial do planeta. São mais de 100 mil quilômetros de rios, riachos, igapós, várzeas e outros tipos de áreas alagáveis. Só a foz do Rio Amazonas é responsável por desaguar cerca de 6.700 km³ de água doce por ano no Oceano Atlântico, o que representa quase 20% de todo fluxo global de água fluvial de superfície.
Todavia, muita atenção foi dada ao desmatamento na Amazônia nos últimos anos - algo fundamental e importantíssimo -, mas a proteção de seus rios foi negligenciada. Com o intuito de alertar sobre esta questão, a Iniciativa Amazônia Viva, da organização não-governamental WWF-Internacional, em parceria com suas instituições sulamericanas, lançou na segunda-feira (13) o relatório O Estado da Amazônia: Conectividade e Saúde dos Ecossistemas de Água Doce. O estudo foi divulgado em evento paralelo do VII Fórum Mundial de Água, realizado pelo Conselho Mundial da Água, que acontece em Gyeongju, na Coréia do Sul (de 12 a 17 de abril).
O relatório mostra como a ligação hidrológica da Bacia Amazônica é imprescendível para a sobrevivência de inúmeras espécies. Muitos peixes dependem das migrações laterais ou longitudinais em algumas partes de seus ciclos de vida. É o caso do bagre, por exemplo. A espécie viaja milhares de quilômetros desde o estuário da Amazônia até as cabeceiras dos rios de água branca (barrenta) e deixa suas ovas nos contrafortes dos Andes. Ou seja, o bagre só consegue se reproduzir graças aos chamados corredores de migração.
A conexão entre a água doce da Amazônia também regula o fluxo de material orgânico e inorgânico, necessários para o desenvolvimento da vida aquática e terrestre. Durante épocas de cheias e inundações, sedimentos que são carregados pelo rio influenciam o crescimento de plantas e trazem alimentos para os animais. Alguns rios chegam a subir entre 15 a 20 metros de altura nestes períodos. A floresta Xixuaú, na divisa dos estados de Amazonas e Roraima, depende exatamente deste ciclo para sua preservação.
Equilíbrio ameaçado
Entretanto, todo este equilíbrio harmônico do bioma aquático da Amazônia está sob ameaça. Na região Amazônica (não só no Brasil, mas como em seus vizinhos), atualmente 154 usinas hidrelétricas e barragens estão em funcionamento, outras 21 se encontram em construção e nada menos que 277 novas estão sendo planejadas. Se estas obras forem concretizadas, apenas três rios afluentes do Amazonas manterão seu fluxo livre.
"A eletricidade pode ser importante para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. A energia hidrelétrica não é uma energia limpa, mas ela é melhor do que a energia proveniente de combustíveis fósseis e do que a energia nuclear. Mesmo assim, o planejamento e o desenvolvimento hidrelétrico precisam levar em conta que abordagens integradas são viáveis na Amazônia", destaca Claudio Maretti, líder da Iniciativa Amazônia Viva. Segundo ele, o planejamento da geração de energia na Pan-Amazônia deve assegurar a integridade dos ecossistemas, evitar sua fragmentação e manter os serviços ambientais da área, garantindo ainda a salvaguarda dos direitos das populações indígenas e comunidades locais.
Mas o relatório O Estado da Amazônia aponta que a ameaça aos rios não vem apenas da exploração energética da água. A expansão da agricultura e da pecuária, além da mineração, prospecção e exploração de petróleo e gás contribuem cada vez mais para a degradação dos fluxos hidrológicos da Amazônia.
E não é somente a fauna e a flora que sofrem com a falta de políticas públicas de proteção ao ecossistema aquático da maior floresta tropical do planeta. Estima-se que a produção da pesca comercial e de subsistência seja de 425 mil toneladas por ano, fornecendo uma fonte essencial de proteína e renda para as famílias ribeirinhas. A rede hidrográfica é a força motriz da economia regional, suprindo os meios primários de alimentos e produção de energia, transporte e outros serviços, afirma o relatório do WWF.
Além de movimentar a economia local, a água da Amazônia fornece um inigualável serviço ambiental: a bacia hidrográfica devolve à atmosfera aproximadamente 9.600 km3 de água por ano, através do processo de evaporação, responsável pela regulação do ciclo de chuvas não só no norte do Brasil, mas como em outras regiões do país.
O estudo elaborado pelos pesquisadores da Amazônia Viva faz uma série de recomendações para que o desenvolvimento hidrológico da região possa ser feito de forma sustentável e ocorra a mitigação do impacto sobre o bioma. Entre as sugestões estão:
  • adoção de uma visão integrada de desenvolvimento e conservação do meio ambiente
  • demarcação de novas áreas de proteção ambiental, que representam o ecossistema aquático
  • redução de impactos diretos e indiretos provocados por usinas hidrelétricas no bioma de água doce
  • assinatura e ratificação da United Nations Watercourses Convention
  • desenvolvimento de plano estratégico regional para manter a conectividade das montanhas andinas com as planícies amazônicas e todas as cabeceiras de estuário
  • monitoramento dos impactos das usinas hidrelétricas sobre o ecossistema de água doce, atividades de subsistência e bem-estar das pessoas
  • coleta de melhores informações científicas sobre a migração de peixes e apoio à instituições e organizações de pesquisa que tenham a Amazônia como foco de estudo
  • garantir a segurança alimentar, energética e hídrica das comunidades amazônicas
  • assegurar a participação democráticas das populações locais nos debates para tomada de decisão
  • respeitar o direitos dos povos indígenas e outras comunidades tradicionais à água, terra e demais recursos naturais.

Missão da Nasa fará espaçonave explodir na superfície de Mercúrio

Messenger

A sonda espacial Messenger, há quatro anos na órbita de Mercúrio, irá chegar ao fim nesta quinta (30) de um jeito pouco comum.
A espaçonave irá se chocar com o próprio planeta. O impacto do veículo de 500 quilos a uma velocidade de 14 mil km/h deve criar uma cratera com 15 metros de comprimento na superfície de Mercúrio.
Esse "voo suicida" será o último ato da missão, que conseguiu enviar para a Terra informações inéditas sobre o menor planeta do Sistema Solar, apenas um pouco maior do que a Lua.
A Messenger, por exemplo, descobriu que Mercúrio diminuiu nos últimos bilhões de anos, após um processo drástico de resfriamento. Além disso, a sonda mapeou antigos rios de lava, e, principalmente, confirmou a presença de gelo em crateras perto dos polos do planeta.
Segundo a Nasa, a principal descoberta científica da missão foi saber que Mercúrio é rico em " compostos voláteis", elementos como cloro, enxofre, potássio e sódio, que evaporam facilmente em temperaturas moderadas.
A presença desses elementos na atmosfera do planeta obriga os cientistas a pensarem em outro modo do planeta ter sido formado. Isso porque a hipótese até então aceita pelos pesquisadores considerava que o planeta sofreu um processo de aquecimento, que deveria ter evaporado esses voláteis.
A Messenger demorou seis anos para se aproximar da órbita de Mercúrio, na qual chegou no dia 18 de março de 2011. A parte orbital da missão, originalmente planejada para apenas um ano, foi estendida por duas vezes.
Mas o combustível dos propulsores espaçonave acabou. Os engenheiros tentaram usar hélio pressurizado, que empurraria combustível de outras partes da Messenger para os pequenos foguetes. Mas o processo de queda já era irreversível.
Quando colidir com a superfície, a Messenger estará atrás de Mercúrio, fora do campo de visão da Terra. A equipe da Nasa poderá ter certeza do destino da espaçonave apenas algumas horas depois.
Espera-se que a cratera criada pela colisão seja analisada por missões futuras ao planeta. Uma missão Nipo-europeia, a BepiColombo, deve ser lançada em 2017, para chegar a Mercúrio em 2024.
 

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Egito recupera obras saqueadas depois da primavera árabe e 2011

 
A operação chamada A maldição da múmia, lançada pelas autoridades norte-americanas em 2010, acabou sendo uma bênção para o Egito. Graças às pesquisas do departamento de Imigração e Alfândegas dos EUA, o Governo egípcio pôde recuperar 135 peças de grande valor arqueológico que haviam sido roubadas por máfias especializadas no contrabando de antiguidades. Embora algumas tenham saído antes de 2011, ano da revolução, a maioria foi retirada depois da queda de Hosni Mubarak, aproveitando a instabilidade gerada no país.
Entre as obras salvas estão várias estatuetas, moedas e um valioso sarcófago de mais de 2.300 anos. A maioria pertence ao último período do Antigo Egito, cerca do ano 600 a.C. A entrega coincidiu com a recepção, neste domingo, de outros 240 objetos arqueológicos interceptados na França.
As obras foram entregues às autoridades egípcias na quarta-feira na National Geographic Society de Washington. “Estamos agindo em conjunto com as organizações internacionais encarregadas da preservação do patrimônio histórico para combater o roubo e a destruição dos objetos históricos”, declarou Olfat Farah, responsável de Relações Culturais no Ministério de Assuntos Exteriores egípcio.
A entrega coroa vários anos de esforços por parte das autoridades egípcias, que assinaram acordos de colaboração com a maioria dos países ocidentais com a finalidade de impor maior controle ao comércio de antiguidades. Por exemplo, em novembro passado o Governo egípcio assinou um memorando de entendimento que obriga várias instituições norte-americanas, inclusive as universidades, a impor novas restrições ao comércio de antiguidades do Egito.
A falta de segurança e a instabilidade política em que caiu o país árabe depois da revolução de 2011 foi aproveitada por caçadores de tesouros e e traficantes para saquear numerosos sítios arqueológicos. Frequentemente, um só agente se encarrega de vigiar uma área de vários hectares em zonas remotas à noite, uma tarefa impossível. Segundo os cálculos do Governo, depois da queda do ex-ditador Hosni Mubarak, mais de 4.000 peças foram tiradas do país de forma clandestina. Apenas uma modesta porção desse grave espólio, cerca de uma quarta parte, pôde ser recuperada.
Dúzias de peças arqueológicas foram subtraídas de museus, como o Museu de Malawy, saqueado no verão de 2013, logo depois do golpe de estado, ou o Museu Egípcio do Cairo, assaltado durante a Revolução de 2011. A tarefa de recuperar essas peças é mais fácil do que aquelas extraídas dos sítios arqueológicos, pois estão todas classificadas. Portanto, o Governo egípcio pode provar sua propriedade se forem interceptadas nas alfândegas ou se alguém denunciar sua existência em um leilão público. Por outro lado, se as máfias conseguem introduzir os objetos em outro país para vendê-los a uma coleção privada, recuperá-las é uma missão virtualmente impossível.
 
 
A repatriação das peças confiscadas nos EUA é fruto de uma operação lançada há cinco anos pelo Departamento de Segurança Interna dos EUA, batizada como operação A maldição da múmia. Segundo seus responsáveis, o programa tem como objetivo desarticular os grupos criminais que introduziram ilegalmente no país mais de 7.000 objetos da antiguidade provenientes de todo o mundo de valor próximo aos três milhões de euros (cerca de 9,48 milhões de reais).
Essa atividade ilegal não serve apenas para o lucro dos caçadores de tesouros como também para financiar atividades de grupos terroristas, como o autodenominado Estado Islâmico, a tropa jihadista que controla uma ampla faixa de território no Iraque e na Síria. Até agora, a operação policial conseguiu o indiciamento de quatro traficantes, a condenação de outros dois e a emissão de uma ordem internacional de captura.
Das 135 obras recuperadas, a mais valiosa é um sarcófago que foi enviado como contrabando inicialmente a Dubai e terminou em uma garagem do bairro nova-iorquino do Brooklyn, no ano de 2009. Segundo as autoridades norte-americanas, o sarcófago mostra as marcas feitas pelos ladrões, que o cortaram em pedaços para poder enviá-lo por intermédio de um serviço de entregas urgentes.
“O sarcófago, que conta com uma inscrição hieroglífica da dona da casa, data do período greco-romano e será exposto no novo Grande Museu Egípcio, que será aberto em 2018”, explicou Aly Ahmed, responsável pela divisão de objetos repatriados do Ministério de Antiguidades. Além dessa peça, entre os objetos devolvidos pelos EUA se destacam duas barcas funerárias de madeira construídas durante o Médio Império (entre 2000 e 1700 a.C.), vários relevos esculpidos em um templo de pedra calcária datados do período entre 1070 a.C. e 664 a.C., a máscara de uma múmia, restos humanos mumificados e 65 moedas.
Além das 135 peças provenientes dos EUA, outras 240 vieram da França no domingo, conforme informou o Ministério de Antiguidades egípcio. Os objetos foram interceptados pelo serviço de alfândega do aeroporto internacional Charles de Gaulle, em Paris, durante os últimos anos. A coleção inclui objetos de vários períodos diferentes do Antigo Egito. Entre eles, contam-se 50 amuletos em forma de coração feitos de ônix de mármore, estelas de pedra calcária e estatuetas e anéis.
EL PAÍS Brasil

Terra sofre ameaça potencial de impacto de 500 asteroides, diz agência

Ilustração feita pela Agência Espacial Europeia mostra asteroides passando próximo da Terra (Foto: ESA/P.Carril)
 
Cerca de 500 asteroides ameaçam potencialmente a Terra, um problema para o qual especialistas da Agência Espacial Europeia (ESA) encontraram soluções que parecem ter saído de um filme de ficção científica.
"Temos cerca de 500 objetos próximos à Terra identificados que poderiam, dentro de 100 anos, eventualmente tocar a terra, mas a probabilidade é muito baixa, em alguns casos de 1 em 1 milhão", disse Detlef Koschny, chefe do setor de NEO (Near-Earth Objects) na ESA.
"Seguimos seus caminhos, tentamos prever o que poderiam ser e se, eventualmente, representarão um risco", explicou Koschny a partir do centro operacional dos NEO na cidade italiana de Frascati, perto de Roma.
"Em caso de perigo real, temos duas soluções atualmente viáveis", acrescentou o especialista. "O primeiro é o acidente de movimento cósmico", disse.
"Imagine um veículo, que é o asteroide, e um outro veículo, que é a nossa ferramenta, colidindo com ele e o deslocando de sua trajetória. Por conta da pressão, é possível desviá-lo gradualmente da Terra", afirmou.
"A segunda solução é destruir o asteroide com a ajuda de uma explosão nuclear", acrescentou Koschny.
Ação à distância A questão é: como mirar um objeto espacial viajando a 3.600 km/h com um outro objeto lançado para interceptá-lo com a mesma velocidade?
"A partir de uma experiência americana chamada 'Deep Impact', sabemos que é possível alcançar todos os objetos maiores que 100 metros de diâmetro. Nos encaminhamos provavelmente aos satélites autoguiados por uma câmera, porque não teríamos tempo para dirigi-los a partir da Terra", explica o cientista.
"É mais fácil quando é Bruce Willis quem faz isso", diz, brincando, Richard Tremayne-Smith, copresidente da Conferência de Defesa Planetária (Planetary Defence Conference, PDC), realizada em Frascati. A alusão é ao filme americano "Armageddon", em que o ator destrói um asteroide que ameaça a Terra.
"A defesa planetária era um hobby há dez anos. Hoje, tornou-se uma preocupação global", aponta William Ailor, segundo copresidente do PDC.
Simulações
A PDC é coisa séria e envolve especialistas da Nasa, da ESA e de outras instituições, mas também há lugar para jogos de RPG.
"O jogo consiste em simular uma crise [provocada] por uma possível queda de um asteroide na Terra, com três pessoas desempenhando o papel de autoridades políticas, seus conselheiros científicos, representantes das populações ameaçadas e a imprensa", explicou Debbie Lewis, especialista em gestão de catástrofes.
"Precisamos de acordos de comando, controle, coordenação e comunicação em nível internacional", insistiu a especialista. É que os danos causados pela queda de um asteroide podem ser gigantescos em função do tamanho.
Segundo vários especialistas, 75% das diferentes formas de vida na Terra, inclusive os dinossauros, desapareceram por causa da queda de um enorme asteroide há 65 milhões de anos.
"Devemos estar preparados. O despertador já tocou, mas teimamos em desligá-lo", afirmou Lewis.
G1

Cientistas desvendam mistério de construções no Egito

Os egípcios antigos tinham de transportar estátuas gigantes e pedras que pesavam toneladas por quilômetros no deserto – sem nenhuma tecnologia. Durante séculos, o transporte desses objetos foi um mistério, mas agora cientistas conseguiram desvendar a maneira que os antigos faziam isso: simplesmente, jogando água na areia. As informações são do IFL Science.
 
Em um teste realizado em laboratório, os cientistas observaram que a areia seca cria barreiras em frente aos objetos transportados
 
Segundo uma nova pesquisa realizada por cientistas da Universidade de Amsterdã, liderada por Daniel Bonn, ao umedecer a areia, a tração diminui pela metade (o que permitira que os egípcios usassem 50% menos homens para o transporte). Em um teste realizado em laboratório, os cientistas observaram que a areia seca cria barreiras em frente aos objetos transportados, no entanto, a umidade em excesso também dificulta o movimento.
“A saturação de água é acompanhada por uma diminuição na rigidez. Com muita água, as pontes capilares permitidas com a umidade (que agem como uma espécie de cola) começam a se fundir e desaparecer - e o atrito de deslizamento aumenta novamente. É um equilíbrio delicado. Se você usar areia seca, não vai funcionar tão bem, mas se a areia está muito molhada, não vai funcionar também”, explicou Bonn. "Há uma rigidez ideal, portanto”.

Ainda segundo o cientistas, a quantidade ideal de água fica entre 2 e 5 por cento do volume de areia. Para o espanto dos cientistas, a resposta estava na “cara” de todos desde sempre, apenas não foi entendida. Isso porque as ilustrações, como a encontrada na tumba de Djehutihotep, é possível encontrar um homem jogando líquido em frente a estátua, o que era interpretado pelos egiptólogos como “parte de um ritual de purificação”, mas nunca como parte de “explicações científicas”.
J. do Brasil.com

sábado, 25 de abril de 2015

Por que o Nepal é tão vulnerável a terremotos?

O terremoto ocorrido no Nepal neste sábado (25) vem se mostrando particularmente mortal, com mais de mil vítimas registradas até o momento, mas o país está acostumado a este tipo de evento, mas o país está acostumado a este tipo de evento.
Na região do Himalaia, já foram registrados outros terremotos significativos, como este mais recente, de magnitude 7,8.
Houve um tremor de magnitude 8,1 em 1934, um de magnitude 7,6 em 2005 e um magnitude 7,5 em 1905. Estes dois últimos foram especialmente destruidores, deixando mais de 100 mil vítimas e milhões de desabrigados.
Isso ocorre porque o Nepal numa das regiões de maior atividade sísmica do mundo. Basta olhar para os Himalaias para entender o que isso significa.
 
EPA
 
Estas montanhas estão sendo erguidas como consequência da movimentação da placa tectônica indiana para baixo da placa tectônica eurasiana, na Ásia Central.
Estas duas porções da crosta terrestre estão convergindo a um ritmo de 4 a 5cm por ano. E, conforme o Monte Everest e suas montanhas-irmãs se erguem, ocorrem inúmeros tremores.
"Uma acomodação destas placas tectônicas provavelmente criou este terremoto mais recente no Nepal", afirma David Rothery, professor de geociências planetárias na Open University, no Reino Unido.
"Há relatos de vítimas em Kathmandu, mas temos que esperar para ver o tamanho da tragédia."
 
Vítimas
As estimativas iniciais de vítimas, mesmo em grandes terremotos, costuma começarem baixas e depois crescerem.
Neste caso específico, há o receio que o número final seja muito alto.
Isso não se deve apenas à magnitude do principal tremor, de 7,8 graus na escala Richter, mas também porque ocorreu bem próximo da superfície, a meros 10 ou 15km de profundidade.
 
Isso fez com que a superfície da terra tremesse intensamente. E, nas quatro horas seguintes, ao menos outros 14 tremores foram registrados, a maioria deles com magnitudes 4 ou 5, com exceção de um de magnitude 6,6.
 
A cada degrau desta escala, a energia liberada pelo terremoto é 30 vezes menor, mas, quando edifícios já estão danificados, um pequeno tremor pode ser suficiente para fazer esta estrutura desmoronar.
E grande parte da população nesta região vive em casas muito vulneráveis a terremotos.

Deslizamentos

Uma das maiores preocupações, baseado em esperiências anteriores, é a possibilidade de deslizamentos de terra.
Em locais de terrenos montanhosos, vilarejos podem ficar isolados ou até mesmo serem destruídos pela lama e pedra.
Se isso de fato ocorrer, a situação se tornará ainda mais emergêncial, além de tornar o acesso a informações sobre a real gravidade do desastre ainda mais difícil.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Das profundezas do espaço - Telescópio Hubble

Infográfico explica como funciona o telescópio Hubble (Foto: G1)

Para o astrofísico brasileiro Rafael Eufrásio, que trabalha na Nasa, o telescópio espacial Hubble inspirou uma geração inteira de novos cientistas. "Desde selos de cartas, a roupas, gravatas e outros adereços é fácil perceber que o Hubble exerceu e exerce um papel fundamental em expor e criar interesse de crianças e jovens a seguirem carreiras científicas em geral", afirmou o pesquisador por e-mail, em entrevista ao G1.
O instrumento – que orbita a Terra a 570 km de altitude e é resultado de uma colaboração entre a agência espacial norte-americana, a Nasa, e a Agência Espacial Europeia, a ESA – comemora 25 anos no espaço nesta sexta-feira (24).
Eufrásio trabalha desde 2008 no Goddard Space Flight Center da Nasa. Este centro é, entre outras atividades, responsável pelas operações do Hubble. Em seus projetos de pesquisa, que envolvem a identificação das características da formação das estrelas em galáxias entre 10 e 300 milhões de anos-luz da Terra, o brasileiro conta que o Hubble teve o papel de discernir detalhes nas imagens que nenhum dos outros telescópios proporcionava.
O equipamento, que pesa 11 toneladas, mede 13,2 metros de comprimento por 4,2 metros de diâmetro. Com um espelho primário de 2,4 metros de diâmetro, o Hubble possui 100 terabytes de dados arquivados e gera atualmente 140 gigabytes de dados brutos por semana.
  • Expansão acelerada do Universo
    Segundo o brasileiro, o Hubble garantiu imagens muito mais nítidas do que qualquer outro observatório na Terra e, por isso, muitos fenômenos inesperados foram revelados. "Isso mudou completamente o que entendíamos como astrofísica", diz. Um dos principais exemplos foi a pesquisa que confirmou a expansão acelerada do Universo. A descoberta, que levou ao Nobel de 2011, foi feita por observações de explosões de supernovas obtidas pelo Hubble e por outros telescópios terrestres.
  • Aprender sobre o ciclo de vida das estrelas foi uma das razões para a construção do telescópio. Por ele operar acima das distorções e dos efeitos bloqueadores da atmosfera do planeta, os astrônomos esperavam poder contemplar um passado mais distante, analisando gerações de estrelas e galáxias que se formaram mais perto do Big Bang, a explosão que teria dado início ao universo, cerca de 13,7 bilhões de anos atrás.

    O Hubble revelou, além disso, buracos negros no coração de galáxias cuja existência até então a ciência conseguia apenas supor. Ele também fez um milhão de imagens de corpos celestes, alguns dos quais nos confins do cosmos. Percalços A história do Hubble não foi só feita de imagens impressionantes e descobertas revolucionárias. Eufrásio lembra que, por um defeito no polimento do espelho, o telescópio inicialmente produziu imagens borradas, o que só foi ajustado na primeira missão de conserto, em dezembro de 1993, quando astronautas substituíram um dos instrumentos pelo COSTAR (Corrective Optics Space Telescope Axial Replacement).
  •  Imagem feita pelo Hubble mostra Messier 57, a Nebulosa do Anel: trata-se da segunda nebulosa planetária a ser descoberta  (Foto: NASA/ESA, C. Robert O'Dell, Vanderbilt University/AP)
  • "O COSTAR é de fato os 'óculos' (ou 'lentes de contato') do Hubble. Até hoje, cinco missões de conserto foram enviadas, com os astronautas substituindo instrumentos e giroscópios por equipamentos de ponta. A última missão foi em 2009 e hoje se espera que o Hubble continue funcionando como está, pelo menos, até 2020."Acesso ao Hubble
    Qualquer pessoa de qualquer país pode soclicitar o uso do Hubble em pesquisas, desde que justifique cientificamente o uso, diz Eufrásio. O comitê julgador deve entender que aquele é o melhor uso do instrumento. "A comunidade brasileira é bem ativa e tem se tornado cada vez mais competitiva, especialmente com o possível ingresso do Brasil no Observatório Austral Europeu (European Southern Observatory, ESO) e com a participação de brasileiros em diversas colaborações para desenvolvimento de telescópios futuros."
  •  
  •  Imagem feita pelo Hubble mostra a galáxia espiral NGC 1300  (Foto: NASA/ESA, Hubble Heritage Team STScI/AURA/AP)
  • A Nasa espera manter o Hubble em operação até pelo menos 2020. Seu sucessor, o Telescópio Espacial James Webb, deve ser lançado em outubro de 2018. "O James Webb Space telescope, apesar de ser o sucessor científico do Hubble, terá habilidades complementares às do Hubble e não será responsável por 'aposentar' o Hubble", explica Eufrásio.
    Segundo ele, o novo telescópio produzirá imagens mais nítidas, mas o campo de visão será bem menor. "As capacidades que o Hubble tem de observar luz visível e ultravioleta ainda serão únicas."
  •  Imagem mostra os remanescentes de uma explosão de uma supernova conhecida como Cassiopeia A (Foto: NASA, ESA, Hubble Heritage STScI/AURA-ESA/Hubble Collaboration via AP)

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Pântanos latinos-americanos podem proteger contra inundações

 
Se existisse um defensor natural e econômico contra as inundações, a erosão da terra e a contaminação da água, não valeria a pena protegê-los?
São os pantanais – zonas permanentemente úmidas da Terra tais como lodaçais, charcos e pântanos – que servem como agentes preventivos contra as inundações.
Do recife mesoamericano ao aquífero Guarani e do enorme Pantanal ao glaciar Vinciguerra na região mais austral do continente, a América Latina não só está cheia de água, como também possui enormes extensões de pantanais que tais reservas produzem. Eles encontram-se ameaçados pela urbanização desmedida e não planejada.
Em nível mundial, as áreas úmidas cobrem por volta de 13 milhões de quilômetros quadrados, o equivalente aos territórios somados da Argentina, Bolívia, Chile, Equador, Paraguai e Uruguai. Além disso, geram um valor estimado de 70 bilhões de dólares (210 bilhões de reais) em serviços ambientais.
“Os pantanais são extremamente importantes”, explica Christian Holde Severin, especialista sênior ambiental do Fundo para o Meio Ambiente Mundial (FMAM), “e em um clima que está mudando são ainda mais importantes. São uma parte essencial da infraestrutura tanto em cidades como nos ecossistemas naturais.”
Segundo a WWF, entre 300 e 400 milhões de pessoas vivem próximas e dependem dos pantanais e os serviços fundamentais que estes fornecem, entre os quais está a proteção contra:
  • As inundações
  • A erosão dos solos e a degradação do terreno
  • A perda da biodiversidade
  • A contaminação das fontes de água doce
  • As marés, as ondas e as tempestades (em áreas costeiras)
  • Apesar desses benefícios, entretanto, os pantanais do mundo estão ameaçados. As práticas agrícolas descontroladas, o desmatamento, a construção de diques e a urbanização causaram uma perda global de quase dois terços dos pantanais em áreas costeiras e ribeirinhas desde 1900.

    Urbanização

    A América Latina é uma das regiões mais urbanas do mundo, com quase 8 de cada 10 habitantes vivendo em cidades. À medida que a população cresce, também aumenta a pressão no âmbito urbano e nos ecossistemas ao redor.
    “Precisamos desenvolver cidades sustentáveis que integrem os pantanais no planejamento urbano”, destaca Severin. “Tentamos conter os rios com concreto, mas agora vemos que isso não funciona. Portanto, devemos assegurar margens e beiras de mares e rios saudáveis para evitar as inundações e os pantanais têm a capacidade essencial de absorver o excesso de água. Diversas vezes verificamos o que acontece quando essa capacidade amortizadora não existe. Em um mundo com mudanças climáticas constantes e altas flutuações nas precipitações, a capacidade de absorção é cada vez mais importante para evitar as inundações e os custos materiais e em vidas que podem causar”.
    É uma situação que acontece repetidamente na República Dominicana. Neste país, a falta de conhecimento dos terrenos inundáveis e de zonas proibidas significa que muitas das comunidades pobres assentam-se ao longo das margens do rio Ozama em Santo Domingo. É uma localização precária, e consequentemente, essas comunidades são altamente vulneráveis às inundações, uma situação que irá piorar a medida que os níveis do mar e das marés sobem.
  • Degradação dos solos

    A degradação dos solos já afeta 300 milhões de hectares de terra agrícola na América Latina por conta do desmatamento e a falta de vegetação deixou a valiosa camada superior do solo vulnerável, sendo arrastada pela chuva.
    Ecossistemas úmidos saudáveis localizados entre terras cultivadas e regiões de água doce formam um amortecedor para combater essa aluvião e prevenir que os nutrientes e os sedimentos desapareçam nas correntes fluviais.
    “Os pantanais agem tanto como uma ponte para a biodiversidade como uma forma de proteger a água doce. A vegetação captura a valiosa camada superior do solo que, caso o terreno tenha sido desmatado, sofrerá erosão e será levada rio abaixo”, explica Severin.
    Isso é particularmente evidente no enorme Pantanal, que se estende ao longo de três países sul-americanos: Brasil, Paraguai e Bolívia.
    Os rios e pântanos abrigam milhares de espécies de aves, peixes e répteis, e o Pantanal é considerado como um dos pantanais mais efeitos da incursão humana na área. Quase 60% das áreas de cabeceira rio acima foram desmatadas para a criação de gado e a produção de soja, provocando a erosão dos solos e afetando a qualidade da água na região.

    Conscientização

    Apesar de ter um perfil pouco discutido na agenda global, os pantanais são de enorme importância para a Terra, que comemorou seu dia em 22 de abril.
    Com a capacidade de absorver quantidades significativas de precipitações, fornecem água doce aos rios, protegendo-a para o consumo humano e assegurando habitats essenciais para os peixes, aves e outras biodiversidades. Além disso, como destaca Severin, oferecem as ferramentas para abordar outras ameaças ambientais como a mudança climática, as inundações e o aumento da produção agrícola.
    “Devemos despertar uma consciência maior sobre o valor dos pantanais, é hora de alertar para a importância de termos pantanais saudáveis”, enfatiza Severin. “Ao colocarmos um preço no valor dos serviços ambientais que eles oferecem, é possível fazer com que os desenvolvedores urbanos e os políticos os levem mais em conta em seus planejamentos”. 

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Vida Extraterrestre: Encontrado o número de supercivilizações: 'zero'

 
Onde está todo mundo? Foi o que se perguntou o físico Enrico Fermi depois de fazer um rápido cálculo mental sobre a enormidade do cosmos e a velocidade do avanço tecnológico. Seu cálculo dizia que as civilizações avançadas já deviam estar aqui. E elas não apenas não chegaram à Terra, mas não conseguimos encontrar seus sinais no céu. O enigma se torna mais profundo agora com a primeira exploração sistemática de 100.000 galáxias em busca das marcas que se poderia esperar de uma supercivilização extraterrestre. Resultado: zero. O paradoxo de Fermi continua sem resposta.
Os resultados negativos são o pesadelo de qualquer cientista – no geral, nem sequer são publicados –, mas o certo é que são vitais no desenvolvimento de muitas pesquisas: se as experiências estiverem bem feitas, indicam que sua hipótese está errada ou que seu método de detecção é inadequado. Se no novo estudo não apareceu nenhuma supercivilização, o primeiro que devemos perguntar é: o que os pesquisadores entendem como supercivilização?
“A ideia”, explica o diretor da experiência, o astrofísico Jason Wright, da universidade do estado da Pensilvânia (Penn State), “é que, se uma galáxia tivesse sido colonizada por uma civilização avançada, a energia produzida por suas tecnologias seria detectável no espectro infravermelho médio”. Essa é a frequência que mostra a inevitável dissipação de calor que produz toda tecnologia.
Wright, sua equipe da NASA e o Centro para Exoplanetas e Mundos Habitáveis da Penn State aproveitaram um satélite da NASA já em uso para outros fins a fim de detectar essas frequências infravermelhas. Seu nome é Wise, por Wide-field infrared survey explorer (explorador de investigação infravermelha de campo largo). E, pela primeira vez, publicam os resultados negativos, no Astrophysical Journal de 15 de abril.
Impor a uma supercivilização o tipo de radiação que deveria emitir sua tecnologia parece pretensão no grau mais alto, mas a hipótese baseia-se em argumentos físicos respeitáveis. Segundo uma classificação inventada há meio século pelo astrônomo russo Nikolai Kardashev e bastante popular entre seus colegas, as civilizações deveriam evoluir em uma escala de um a três: as de tipo 1 usam a energia de seu planeta; as de tipo 2 utilizam a de sua estrela; e as de tipo 3 aproveitam a de todas as estrelas de sua galáxia. No fundo, o grau de evolução de uma espécie inteligente, como a de uma comunidade de moradores, é medido pelo aproveitamento da energia solar.
Os humanos, claro, não chegaram nem ao nível 1 na escala de Kardashev. O físico teórico Michio Kaku dá um grau 0,7 como máximo: continuamos baseando nossa civilização nos combustíveis fósseis, e não aproveitamos nem a ínfima parte da energia emitida por nosso sol sobre o planeta. Somos o último macaco na escala de Kardashev. Quer espécie vergonhosa.
“Se uma civilização avançada utiliza a vasta quantidade de energia das estrelas de sua galáxia”, afirma Wright, “seja para alimentar seus computadores, suas naves espaciais, suas comunicações ou outra coisa que não conseguimos nem imaginar, a termodinâmica fundamental afirma que essa energia deve se irradiar em forma de calor nas frequências infravermelhas. É a mesma física fundamental que faz o calor irradiar de seu computador”. O grande físico Freeman Dyson propôs a ideia há décadas, mas só agora foi tecnicamente factível.
Entre as 100.000 galáxias examinadas pelo telescópio espacial Wise, os pesquisadores encontraram umas 50 que realmente emitem mais radiação infravermelha que o habitual (veja a foto). Mas não suficiente: todas elas podem ser interpretadas em termos de processos astrofísicos naturais, como a formação de estrelas. Nada realmente promissor. Ou em palavras de Wright: “Nenhuma dessas 100.000 galáxias está amplamente povoada por uma civilização extraterrestre que use a maior parte da energia estelar de sua galáxia”.
O cálculo mental de Fermi foi mais ou menos assim: se a Via Láctea tem uns 200 bilhões de estrelas, muitas delas com planetas em órbita; e se alguns planetas estão na zona habitável; e se na Terra apareceu a vida, e depois a inteligência, o mesmo deve ter ocorrido em vários outros milhões de planetas, e não agora, mas há milhares de milhões de anos; para uma civilização avançada, colonizar a galáxia levaria apenas uns milhões de anos. Então os extraterrestres já deveria estar aqui. Onde está todo mundo?
Os dados mais avançados que obteve Wright, sua equipe e o telescópio espacial Wise até o momento nos colocam novamente sozinhos na imensidão do cosmos. Se as dimensões do universo produzem vertigem, nossa solidão nesse vasto espaço só pode levar à melancolia. Não olhe de novo para o céu noturno se não estiver preparado para aguentar isso.
El País.com

Cientistas divulgam plano de ação contra danos ambientais e cobram líderes mundiais


 
A Conferência do Clima de Paris (COP 21), onde será firmado um novo acordo climático para substituir o Protocolo de Kioto, acontecerá somente em dezembro. No entanto, um grupo de cientistas vinculados a 17 instituições já divulgou, nesta quarta-feira— data em que se comemora o Dia da Terra—, um plano de oito pontos com os compromissos que devem ser assumidos pelos líderes mundiais para reduzir os danos ambientais até 2050.

 
Os pesquisadores estabelecem como eixo central reduzir a zero a quantidade de emissão de carbono até 2050, limitando o aquecimento global a menos de dois graus Celsius. De acordo com o grupo, chamado de “Liga da Terra”, a COP 21 é “a última chance” para evitar mudanças climáticas perigosas, como subida do nível do mar, ondas de calor, inundações e secas.
Para reduzir os danos ao meio ambiente, os cientistas enumeraram oito ações que devem ser postas em prática pelos líderes mundiais. Além da limitação do aquecimento terrestre a menos de dois graus e do fim de emissões de carbono até 2050, a Liga da Terra pede que, até lá, todos os países mantenham as emissões de CO2 abaixo de mil gigatoneladas (bilhões de toneladas), que desenvolvam pesquisas e inovações tecnológicas, que protejam ecossistemas como florestas e oceanos — que
absorvem gás carbônico—, que tenham equidade de ação através da ajuda dos países ricos aos pobres e que desenvolvam uma estratégia global para enfrentar perdas e danos das mudanças climáticas.
O presidente da Liga da Terra, Johan Rockstrom, que pertence ao Centro de Resiliência de Estocolmo, na Suíça, afirmou que a Conferência de Paris é uma segunda chance para garantir um ambiente saudável, que não prejudique a vida humana.
— Seis anos depois do fracasso em Copenhague, o mundo agora tem uma segunda chance para entrar em um acordo e traçar um caminho seguro em direção ao futuro, que não coloque em risco o bem-estar humano no mundo. A janela ainda está aberta. Ainda há uma oportunidade de transição a um futuro climático seguro e razoavelmente estável— disse o cientista.





 
 
 
 
 
 
 
 
 
 





Califórnia busca extrair água potável do mar


Toda vez que uma seca atinge a Califórnia, a população do Estado não consegue deixar de notar o reservatório substancial de água não explorada que bate em sua costa –mais ou menos 187 quintilhões de galões cintilando convidativamente ao sol.
 Agora, pela primeira vez, uma grande metrópole da Califórnia está à beira de transformar o oceano Pacífico em uma fonte diária de água potável. Uma usina de dessalinização no valor de US$ 1 bilhão para abastecer o condado de San Diego está em construção e deverá começar a operar em novembro, proporcionando um grande teste sobre se as cidades da Califórnia poderão recorrer ao oceano para resolver seus problemas de água.
 Por todo o Cinturão do Sol, uma tecnologia antes desdenhada como sendo cara demais e prejudicial ao meio ambiente está sendo revista. O Texas, que enfrenta condições secas persistentes e um afluxo de população, poderá construir várias usinas de dessalinização. A Flórida já conta com uma em operação e pode ser forçada a construir outras, à medida que a elevação do mar invade as reservas de água doce do Estado.
Na Califórnia, pequenas usinas de dessalinização estão operando em um punhado de cidades. Os planos estão avançados para uma grande usina em Huntington Beach, que forneceria água para o populoso condado de Orange. Uma usina ociosa em Santa Barbara poderá ser reativada em breve. E mais de uma dúzia de comunidades ao longo da costa da Califórnia estão estudando a questão.
 A instalação sendo construída aqui será a maior usina de dessalinização de água do oceano no hemisfério Ocidental, produzindo cerca de 190 milhões de litros de água potável por dia. Assim, há um estudo sobre se poderá operar sem maiores problemas.
 "Não foi uma decisão fácil construir essa usina", disse Mark Weston, presidente da empresa que abastece as cidades do condado de San Diego. "Mas está revelando ser uma opção espetacular. O que achávamos ser caro há dez anos agora é acessível."

Ainda assim, a usina ilustra muitas das escolhas difíceis que os Estados e comunidades enfrentam à medida que consideram extrair água potável do oceano.
 No condado de San Diego, que traz água potável das reservas do rio Colorado e do norte da Califórnia, as contas de água já custam em média cerca de US$ 75 por mês. A nova usina as aumentará em torno de US$ 5 para assegurar uma nova oferta igual a 7% ou 8% do consumo de água do condado.
 A usina consumirá uma quantidade imensa de eletricidade, aumentando as emissões de dióxido de carbono que causam o aquecimento global, que afeta negativamente as reservas de água. E grupos ambientais locais, que são contrários à usina, temem um impacto substancial sobre a vida marinha.
 A empresa que está desenvolvendo a usina, a Poseidon Water, prometeu compensar os danos ambientais. Por exemplo, ela contribuirá ao programa da Califórnia que financia projetos que compensam as emissões de gases do efeito estufa.
Mesmo assim, alguns cientistas e grupos ambientais argumentam que, se as condições chuvosas voltarem à Califórnia, essa usina e outras como ela poderiam se transformar em elefantes brancos. Santa Barbara, a noroeste de Los Angeles, construiu sua usina de dessalinização há 25 anos e prontamente a fechou quando as chuvas voltaram.
 A Austrália tem um caso mais espetacular: ela construiu seis usinas de dessalinização imensas durante uma seca e manteve quatro delas em grande parte ociosas, apesar dos consumidores terem sido obrigados a arcar com o preço delas de vários bilhões de dólares.
 "Nossa posição é que a dessalinização da água do mar deve ser uma opção de último recurso", disse Sean Bothwell, um advogado da Aliança de Manutenção da Costa da Califórnia, uma coalizão ambiental que combate o uso da tecnologia pelo Estado. "Nós precisamos primeiro usar plenamente todas as reservas sustentáveis de que dispomos."
 O método técnico que está sendo empregado aqui, e na maioria das usinas recentes, se chama osmose reversa. Ela envolve forçar a passagem da água do mar por uma membrana com buracos tão minúsculos que as moléculas de água podem passar, mas as moléculas de sal maiores não.

Uma quantidade imensa de energia é necessária para criar pressão suficiente para fazer a água passar pelas membranas. Mas avanços de engenharia reduziram pela metade o uso de energia pelas usinas em 20 anos, assim como melhoraram sua confiabilidade.
 As futuras usinas de dessalinização também têm o potencial de casarem bem com o crescente potencial de energia renovável do sistema elétrico da Califórnia e do Texas. Como a água tratada pode ser armazenada, as usinas podem ser ligadas quando a eletricidade de fontes eólicas e solares for abundante, e posteriormente desligadas.
 Mas, à medida que cresce o interesse pela dessalinização, a Califórnia e outros Estados lidam com importantes decisões sobre as regras ambientais para as novas usinas.
Tanto a extração de água do mar quanto o descarte do excesso de sal no oceano pode ser prejudicial para a vida marinha. Sugar quantidades imensas de água do mar, por exemplo, pode matar as ovas e larvas de peixes aos bilhões. Existem soluções técnicas, mas elas elevam os custos, e ainda não está claro quão rígidos os reguladores da Califórnia serão com os desenvolvedores das usinas.
 Há muito preocupada com a escassez de água, a região de San Diego foi uma das pioneiras em medidas que acabaram se espalhando por todo o país, como acessórios de banheiro de baixo fluxo, máquinas de lavar mais eficientes e outras inovações.
 Mas essas medidas não foram suficientes para assegurar o futuro da água da região, disse Weston. Assim a autoridade de água decidiu anos atrás, muito antes do início da atual seca, seguir em frente com a ideia da usina de dessalinização.
 Ela está em seus estágios finais de construção, em uma abertura artificial para o mar em Carlsbad. Em um dia recente, um leve cheiro de cola pairava no ar enquanto os operários selavam as juntas dos canos imensos. Quando entrar em operação, a usina bombeará água pelos 16.040 cilindros contendo as membranas para prender o sal.
 Peter MacLaggan, um vice-presidente da Poseidon Waters que está supervisionando o projeto, disse que a usina é de certa forma uma resposta ao antigo interesse da população pela dessalinização.
 "Toda vez que a Califórnia enfrenta uma seca, nós recebemos cartas ao editor apontando que há muita água no oceano Pacífico", ele disse, enquanto as ondas quebravam na costa ao fundo. "Elas dizem: 'E aí, pessoal, o que vocês estão esperando?'."
 Santa Barbara, um destino turístico chique na costa da Califórnia, pode enfrentar escassez severa de água em um ano se a seca persistir. A cidade está prestes a gastar US$ 40 milhões para reativar a usina de dessalinização há muito inativa aqui.
 Essa medida aumentaria muito as contas de água, reconheceu a prefeita, Helene Schneider. Mas ela acrescentou: "Ficar sem água é uma opção pior do que uma água muito cara".
Tradutor: George El Khouri Andolfato


NASA une cientistas na busca por vida extraterrestre


Ilustração da Nasa resume algumas das principais linhas de pesquisa que estão sendo reunidas no projeto: a Terra como um planeta capaz de desenvolver a vida (canto inferior direito); as características do sistema solar e outros sistemas planetários (à esquerda); e a busca por planetas extrassolares na nossa galáxia (canto superior direito)
Foto: Nasa

A Nasa anunciou na noite desta terça-feira a criação de um “instituto virtual” que vai unir cientistas de diversas áreas em mais de dez instituições de pesquisa americana na busca por vida extraterrestre. Batizado Nexo para a Ciência de Sistemas de Exoplanetas (Nexss, na sigla em inglês), o projeto tem como objetivo aprofundar o conhecimento sobre os vários componentes do ambiente dos planetas extrassolares e como a interação com suas estrelas e outros planetas em seus sistemas podem influenciar sua capacidade de abrigar vida.
- Este esforço interdisciplinar conecta equipes de pesquisa de ponta e provê uma abordagem sintética na busca por planetas com maior potencial de apresentar sinais de vida – diz Jim Green, diretor de Ciências Planetárias da Nasa. - A caça por planetas extrassolares não é uma prioridade só para os astrônomos, ela é de profundo interesse para os cientistas planetários e climáticos também.
O estudo de planetas extrassolares, ou exoplanetas, e a astrobiologia são campos de pesquisa relativamente recentes. Afinal, a descoberta do primeiro exoplaneta em órbita de uma estrela como o Sol, em 1995, tem apenas 20 anos. Desde então, porém, astrônomos usando diversos observatórios em terra e no espaço já confirmaram a existência de cerca de 2 mil deles dos mais diversos tamanhos e possíveis “apresentações”, desde pequenos mundos rochosos pouco menores do que a Terra a gigantes gasosos muito mais maciços que Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar, com outros milhares de candidatos ainda aguardando confirmação. A grande maioria está em sistemas planetários
múltiplos como o nosso, mas apenas alguns poucos se encontram na chamada zona habitável, a região da órbita de suas estrelas onde teoricamente não estão nem perto nem longe demais dela de forma que sua temperatura possa permitir a presença de água em estado líquido, condição considerada fundamental para o desenvolvimento e suporte à vida como conhecemos.
Mas encontrar um planeta do tamanho “certo” e na distância “certa” de sua estrela é apenas o primeiro passo na busca por possíveis organismos extraterrestres. Os cientistas ainda estão desenvolvendo maneiras de confirmar a habitabilidade dos planetas extrassolares e buscar por “assinaturas” em suas atmosferas que indiquem a ocorrência de processos biológicos neles, ou seja, sinais de vida. Assim, um ponto importante do esforço é a compreensão de como a vida interage com a atmosfera, geologia, oceanos e o interior destes planetas, e como estes processos são influenciados pelas suas estrelas. E, nesta “ciência de sistemas”, os estudos sobre a própria Terra, os outros planetas do Sistema Solar, suas luas e nosso Sol se mostram fundamentais, ainda mais diante da possibilidade de outros ambientes fora da zona habitável “formal” também poderem abrigar vida, destaca explica Hiroshi Imanaka, pesquisador do Instituto Seti (sigla em inglês para “busca por inteligência extraterrestre”) e líder de uma das equipes selecionadas pela Nasa para fazer parte do projeto:
- Um dos principais impulsos da comunidade exoplanetária tem sido encontrar mundos na chamada zona habitável, a gama de distâncias da estrela onde um planeta pode ter temperaturas que permitam a existência de oceanos líquidos. Mas oceanos líquidos não são a única condição sob a qual a vida pode existir. Algumas das luas de Júpiter e Saturno são exemplos de lugares que não estão nas convencionais zonas habitáveis mas, ainda assim, podem ser habitados. Queremos dar mais passos adiante na caracterização dos ambientes habitáveis que estão além do Sistema Solar.
O Globo.com







Primeira chuva de meteoros do ano será na madrugada desta quinta-feira

Chuva de meteoros Orionídeas de 2011, vista do Observatório Astronômico Municipal de Mercedes, em Buenos Aires, Argentina

Na madrugada desta quinta-feira acontece o apogeu das Lirídeas, a primeira boa chuva de meteoros de 2015. O fenômeno, que no Hemisfério Sul atinge seu ápice a partir das 3h, poderá ser observado com mais clareza nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Para tanto, basta olhar para a direção Norte, a olho nu, para ver entre 15 e 20 meteoros por hora, de acordo com estimativa dos astrônomos.
Este ano, a visualização é favorecida pelo céu escuro. "A Lua está em sua fase crescente e irá se pôr às 21h. Por isso, sua luminosidade não irá atrapalhar a observação do fenômeno", explica Rundsthen Vasques de Nader, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e astrônomo do Observatório do Valongo, na UFRJ.
Pedaços de cometa - Os meteoros das Lirídeas são pedaços de gelo e poeira do cometa C/1861 Thatcher. Seus destroços entram na atmosfera a cerca de 50 quilômetros por segundo e se desintegram, tornando-se brilhantes. É uma das chuvas de meteoros mais antigas do planeta, famosa por, em 687 a. C. e em 1803, ter causado uma tempestade de cerca de 700 meteoros por hora. Atualmente, o fenômeno é visto todos os anos no final de abril, quando a Terra passa pela "cauda" do cometa, proporcionando a visão de menos de 100 meteoros por hora.
Os destroços do cometa parecem despencar da constelação Lira (daí seu nome). Essa constelação nasce às 0h desta quinta-feira para Estados do Sudeste, como o Rio de Janeiro, e fica próxima ao horizonte. Quanto mais ao Sul, mais difícil é enxergá-la. Por isso, quem está em São Paulo, Paraná, Santa Catarina ou Rio Grande do Sul não poderá ver essa chuva. Em 2015, ela começou em 16 de abril e vai até o dia 23.
Para quem quiser ver o fenômeno, o melhor é observá-lo longe de ambientes urbanos. "A poluição atmosférica, tanto a de poeira quanto a luminosa, influencia fortemente na observação do fenômeno", diz Nader.
Para quem não conseguir observar o fenômeno diretamente, uma opção é acessar o site do observatório internacional Slooh, que vai transmitir a chuva de meteoros ao vivo.

'Supervazio' no Universo que 'suga' luz intriga astrônomos

A área onde fica o chamado Ponto Frio fica na constelação de Eridano no hemisfério galático sul, como mostra a imagem feita pela Agência Espacial Europeia em colaboração com o telescópio Planck
A área onde fica o chamado Ponto Frio fica na constelação de Eridano no hemisfério galático sul, como mostra a imagem feita pela Agência Espacial Europeia em colaboração com o telescópio Planck.
 
Astrônomos de uma universidade no Havaí podem ter decifrado um mistério de dez anos e encontrado a maior estrutura conhecida do Universo.
Em 2004, ao examinar um mapa da Radiação Cósmica de Fundo (CMB, na sigla em inglês), resíduo do Big Bang presente em todo o Universo, astrônomos descobriram uma área diferente, surpreendentemente ampla e fria, batizada de Ponto Frio.
A física que estuda a teoria do Big Bang para a origem do Universo prevê pontos quentes e frios de vários tamanhos em um Universo ainda jovem, mas um ponto tão grande e tão frio como o desta descoberta não era esperada pelos cientistas.
Mas uma equipe, liderada por István Szapudi, do Instituto de Astronomia da Universidade do Havaí, em Manoa, pode ter a explicação para a existência deste Ponto Frio que, segundo Szapudi, seria "a maior estrutura individual já identificada pela humanidade".
'Supervazio'
Usando dados do telescópio Pan-STARRS1 (PS1), em Haleakala, Maui, e também do satélite Wide Field Survey (WISE), da Nasa, a equipe de Szapudi descobriu o que chamaram de "supervazio", uma grande região de 1,8 bilhão de anos-luz de largura, na qual a densidade das galáxias é muito menor do que o normal encontrado no Universo conhecido.
Os cientistas dizem que essa região é tão grande que é difícil encaixá-la na nossa compreensão convencional sobre dimensões e espaço.
Ela é mais fria do que outras partes do universo, e apesar de não ser um vácuo ou totalmente vazia, parece ter cerca de 20 por cento a menos de matéria do que outras regiões.
O "supervazio", localizado a 3 bilhões de anos-luz da Terra, "sugaria" energia da luz que viaja através dela, o que explica o intenso frio da região.
Segundo os cientistas, atravessá-la pode levar milhões de anos, mesmo à velocidade da luz.
O estudo foi publicado no Notices of the Royal Astronomical Society.

terça-feira, 21 de abril de 2015

Cientistas apresentam 'nova teoria' sobre a formação da Terra

Um 'corpo similar' ao do planeta Mercúrio pode ser um dos 'ingredientes-chave' para que o núcleo da Terra incorporasse em suas origens a fonte de energia responsável da criação de seu campo magnético, segundo revelou na semana passada a revista 'Nature'.
Esse é o cenário descrito pelos cientistas Anke Wohlers e Bernard Wood, da universidade britânica de Oxford, em um estudo que apresenta uma 'nova teoria' sobre a formação do nosso planeta.
O novo contexto também pode servir para explicar, segundo os autores no texto, por que 'a abundante presença de certos elementos raros' encontrados no manto da Terra não bate com as teorias vigentes até agora sobre a formação do planeta.
Em 2012, uma equipe de cientistas do Centro Nacional francês de Pesquisas Científicas (CNRS) informou que tinha descoberto que a formação da Terra, ao contrário do que era pensado até então, não ocorreu pela colisão de um só tipo de meteorito.
Três anos depois, Wohlers e Woods afirmam que a crosta e o manto terrestre apresentam uma 'relação de metais raros', como samário e neodímio, mais alta que a da maioria dos meteoritos, a partir dos quais se supõe que 'cresceu a Terra'.
Em experimentos nos quais foram replicadas as condições da formação da Terra, os dois especialistas observaram que a adição de meteoritos não metálicos (rochosos) e ricos em sulfeto, como os presentes em Mercurio, podem ter provocado essa anomalia.
Esses meteoritos não metálicos, conhecidos também como condritos de enstatita, podem ter contribuído para a formação de um núcleo terrestre rico em sulfeto capaz de abrigar urânio e tório o suficiente, com os quais se alimenta o 'geodínamo', responsável pela existência do campo magnético terrestre.
Estudos anteriores tentaram explicar a alta relação de samário e neodímio considerando a possibilidade de que exista um 'depósito oculto' com uma 'relação complementar baixa' desses elementos no manto terrestre ou que esse material tenha sido despejado da Terra por colisões.
Os autores lembram que outros modelos baseados em uma Terra 'menos oxidada' e 'baixa em sulfeto' apresentaram cenários nos quais elementos geradores de calor foram incapazes de dissolver um núcleo terrestre rico em ferro.
As descobertas de Wohlers e Woods parecem resolver o 'problema da desconhecida fonte de energia do dínamo', segundo destaca em outro artigo publicado nesta quarta-feira pela 'Nature' o cientista Richard Carlson.
Em seu texto, intitulado 'Uma nova teoria sobre a formação da Terra', Carlson indica que seus experimentos exploram as consequências derivadas da teoria que sugere que 'blocos de construção' que criaram a Terra mudaram 'sistematicamente' sua composição durante o processo de formação.
'Seus resultado nos levam à intrigante conclusão que se a formação da Terra começou com blocos de construção muito reduzidos quimicamente, o núcleo metálico do planeta poderia conter urânio suficiente para alimentar a convecção que criou, e manteve, o campo magnético da Terra durante mais de três bilhões de anos'.