Veneza não é mais aquela. A cidade que durante séculos foi - ao lado de Gênova e Florença - a principal porta de entrada (e saída) da Europa, vem perdendo espaço para portos como Lisboa e Roterdã. Mas, uma vez por ano, a cidade famosa por seus canais, às margens do mar Adriático, ainda recebe gente de todo mundo, como antigamente recebia os grandes navios das rotas de seda e especiarias que cruzavam o Mediterrâneo. E o Carnaval (palavra de origem italiana), uma tradição meio pagã, meio cristã, em Veneza ganhou uma expressão particular. A festa começa no dia 26 de dezembro e segue até a quarta-feira que marca exatos 40 dias antes do domingo de Páscoa. Misturando pessoas de diferentes classes, credos, culturas e nações, é uma festa em que todo mundo é igual e na qual tudo (tudo mesmo) é permitido.
Durante o Carnaval ninguém é de ninguém. E a única proteção exigida é uma máscara. Elas garantem o anonimato aos casais recém formados. O uso de máscaras em Veneza, não era exclusivo dos períodos de Carnaval. No entanto as leis do século 14 proibiram o uso delas à noite, em conventos e igrejas. A desobediência dava até dois anos de cadeia, mas pouca gente cumpria a lei à risca. Em 1608, as máscaras foram liberadas, mas apenas nos dias de festas.
Na praça de São Marcos ocorre o desfile de fantasias, chamado de liston. Homens se vestem de mulher e mulheres de homem, pierrôs e colombinas... Toda esta festa é movida a muita comida e bebida. Como a quaresma se aproxima, a idéia é abusar de tudo para compensar os desejos futuros.
Além da bebedeira, da música e do sexo liberado, durante o Carnaval ocorre uma série de eventos, tradicionais em feiras e festas religiosas. São competições, demonstração de força e exposição de animais... A população de Veneza, de quase 200 mil pessoas, duplica nessa época do ano. Os turistas de toda a Europa, árabes, turcos e africanos, que ajudam espalhar a fama da festa pelo mundo.
As músicas renascentistas ainda são as preferidas. São umas quadrinhas fáceis de decorar, nas quais o final de cada verso é repetido no seguinte. Enfim, com tantas estravagâncias, o Carnaval também é um período de violência, pelos excessos de bebida, brincadeiras e as máscaras que impedem o reconhecimento das pessoas.
(R.Aventuras na História)
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