sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O vasto Mundo Árabe - Parte IV


Não fazia muito tempo, a Guerra Fria no auge, os Estados Unidos recrutavam ainda "voluntários" islamitas, dentre eles um certo Osama Bin Laden, para dar mão forte a seus irmãos de religião contra a atéia União Soviética que havia se aventurado no Afeganistão.
Puro produto do unilateralismo, a subida dos novos conservadores ao poder nos Estados Unidos foi um duro golpe à causa de paz na região. bem antes do 11 de setembro, a política regional dos Estados Unidos sofreu uma revolução copérnica: a convicção, lentamente forjada, que a solução da questão palestina contribuiria para a segurança da região, foi abandonada. Pior até: de mediador - certamente parcial do conflito árabe-israelense - os Estados Unidos transformaram-se em propagandistas das teses sionistas mais extremistas e deixaram ir a pique o Acordo de Oslo, já abalado pelos injustos ataques sucessivos do estado hebreu e pelo repúdio ao acordo de alguns setores palestinos.
Após os atentados contra as Torres Gêmeas, todo o povo palestino foi progressivamente desqualificado: Yasser Arafat foi decretado "persona non grata" e nessas condições morreu em seu quartel general em 2004; o Hamas - ninguém previa ainda o que ia acontecer nas próximas eleições - foi assimilado ao grupo da Al Qaeda.
Após ter friamente se afastado da Palestina, George Bush ainda optou por ocupar o Iraque. Vista do Mundo Árabe, esta política é sentida como uma distorção insuportável. E quando Cheney e Ramsfeld decidiram opor democracia e soberania, abriram a caixa de pandora e hoje não se sabe quem poderá fechá-la.
Na segunda metade dos anos 90, o pequeno Emirado do Catar abriu uma cadeia de televisão por satélite. Dez anos depois, al-Jazira (que significa "ilha") e suas irmãs concorrentes mudaram profundamente a paisagem política árabe: por toda parte elas provocam um efeito devastador nos regimes esclerosados que só produziam discursos monolíticos. Nos locais onde as sociedades resistiram mais, por exemplo, no Marrocos ou no Líbano, as margens de manobra ampliaram-se. Mesmo na Península Arábica as coisas começam a se mover.
As eleições, que até então tinham seus resultados conhecidos antecipadamente, começam a reservar surpresas. Os beneficiários são até agora os islamitas, como no Egito ou na Palestina. Não é para surpreender, visto o estrago produzido pelos regimes árabes e a iniquidade do mundo ocidental.
E no fundo, por que não? Afinal de contas, a democracia só se enraizou na Europa quando os partidos "cristãos" a digeriram e quando ela mesma os aceitou como eram. Então, transpondo para o Mundo Árabe, eis dois desafios que serão interessantes acompanhar nesse período de transição que começa...!!!
Um grande quebra-cabeças!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário