quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Crise econômica e ambiental leva a cenário pessimista

Urso Polar: à deriva no mar das mudanças climáticas

Urso Polar à deriva no mar das mudanças climáticas: os riscos econômicos dos últimos cinco anos "estão destruindo os esforços de enfrentar os desafios da mudança climática"
 Os desequilíbrios econômicos e tributários e o aumento das emissões de gases do efeito estufa são os grandes riscos globais que o mundo enfrentará na próxima década, um cenário mais pessimista que o do ano passado, segundo um relatório divulgado nesta terça-feira pelo Fórum Econômico Mundial.
O relatório "Riscos Globais 2013", que o Fórum publica às vésperas de sua cúpula anual de Davos, na Suíça, conta com a opinião diversos especialistas e líderes políticos, que concordam em linhas gerais que as perspectivas econômicas, sociais e econômicas "são levemente mais pessimistas" que em 2012.
Eles refletem sua preocupação pelo impacto das crises de dívida soberana como a que atinge a zona do euro e pela falta de perspectivas positivas sobre o aquecimento global. Neste sentido, todos consideram que o risco global cuja materialização é mais provável nos próximos 10 anos é uma consolidação das "graves diferenças de renda", e que a pior possibilidade é "uma grande falha sistêmica do sistema financeiro".
Outros dois riscos aparecem entre os cinco de maior impacto e mais prováveis: os desequilíbrios fiscais crônicos e uma crise de abastecimento de água por causa da mudança climática.
Estes riscos globais são essencialmente uma advertência sobre a força de nossos sistemas e serviços básicos. A capacidade de resistência das nações frente aos riscos globais tem que ser uma prioridade para que esses sistemas e serviços continuem funcionando se ocorrer um evento grave", declarou Lee Howell, diretor do relatório e diretor-executivo do Fórum.
Axel P. Lehmann, diretor de riscos da seguradora Zurique Insurance Group, citou como exemplo "o crescente custo de fenômenos como a supertempestade Sandy", o que na sua opinião é uma evidência das "enormes ameaças" sofridas por países insulares e litorâneos.
"A advertência sobre a falta de soluções às emissões de gases do efeito estufa é evidente. É hora de agir", segundo Lehmann.
Os especialistas insistem no relatório que os graves riscos socioeconômicos dos últimos cinco anos "estão destruindo os esforços de enfrentar os desafios da mudança climática".
"A comunidade internacional se mostra reticente a enfrentar uma ameaça a longo prazo como esta, apesar dos recentes fenômenos meteorológicos extremos", diz o relatório, que defende "novos enfoques" e "investimentos estratégicos" para evitar as hipóteses mais desfavoráveis para a economia e o meio ambiente.
"Duas tempestades, a ambiental e a econômica, estão em rota de colisão. Se não alocarmos os recursos necessários para diminuir o crescente risco de fenômenos meteorológicos extremos, a prosperidade mundial das futuras gerações poderá ser ameaçada", argumenta John Drzik, diretor-executivo da empresa de consultoria Oliver Wyman Group.
David Cole, diretor de riscos do grupo segurador Swiss Re, diz que, "infelizmente, a luta contra a crise econômica e a crise da mudança climática já não é considerada um só assunto, já se mostra necessário escolher entre uma ou outra".
"A ideia de que não podemos encontrar soluções para ambas ganhou força", argumenta Cole.
O documento adverte também para a "complacência" do sistema no campo médico pelos grandes avanços obtidos nas últimas décadas e cita como um dos maiores riscos "a crescente resistência aos antibióticos", o que "poderia levar nossos sistemas de saúde (...) à beira do colapso".
Em seu conjunto, o relatório descreve 50 riscos globais, que são agrupados em categorias econômicas, ambientais, geopolíticas, sociais e tecnológicas, e os resultados refletem que os mais jovens estão mais preocupados que os mais velhos e que as mulheres são mais pessimistas sobre o futuro do que os homens.
O relatório destaca igualmente os chamados "fatores X": novas preocupações que requerem um maior estudo, como o uso não ético da geoengenharia e das tecnologias que alteram o cérebro.
Exame.com

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