quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Humanidade deve começar a se preocupar com vida alienígena

Enquanto o mundo concentra suas preocupações na crise nos países desenvolvidos e no aquecimento global, o Fórum Econômico Mundial alerta para os chamados “fatores X”, que, segundo a organização, já deveriam estar na pauta de discussão de países e organizações internacionais por terem consequências incertas e, por isso, poder de desestabilizar a atual ordem mundial — entre eles, a descoberta de vida alienígena. O abuso da tecnologia para aumentar a produtividade no trabalho e nos estudos também é citado.
Com o ritmo da exploração do espaço nas últimas décadas, diz o documento, é possível considerar que a humanidade pode descobrir vida em outros planetas. A maior preocupação seria sobre os efeitos nos investimentos em ciência e sobre a própria imagem do ser humano. Supondo que seja encontrado um novo lar em potencial para a humanidade ou a existência de vida em nosso sistema solar, a pesquisa científica teria deslocados grandes investimentos para robótica e missões espaciais. Além disso, as implicações filosóficas e psicológicas da descoberta de vida extraterrestre seriam profundas, desafiando crenças das religiões e da filosofia humana. Por meio de educação e campanhas de alerta, o público poderia se preparar melhor para as consequências desse processo, indica o fórum.
O relatório anual sobre os riscos globais, publicado duas semanas antes do encontro anual que ocorrerá em Davos, teve colaboração da revista científica “Nature” considerando cinco fatores X: além da descoberta de vida em outros planetas, o avanço cognitivo do cérebro humano pelo uso de estimulantes, o uso descontrolado de tecnologias para conter as mudanças climáticas, os custos de se viver mais e as próprias mudanças climáticas em curso. De acordo com o relatório, antecipando-se a essas questões, seria mais fácil agir preventivamente e não ser pego de surpresa quando eles emergirem.
Apesar de as ameaças das mudanças climáticas serem conhecidas, o relatório também indaga se já passamos de um ponto dramático de não retorno. Por isso, para além do tema que guiou os debates na última década — se os seres humanos seriam ou não responsáveis por alterar o clima da Terra —, poderíamos ter de caminhar para discussões forçadas sobre como fortalecer a resiliência e a capacidade de adaptação para lidar com um novo ambiente que pode nos levar a um novo e ainda desconhecido equilíbrio.
Segundo o Fórum Econômico Mundial, outra preocupação de hoje sobre problemas ainda remotos deve ser o avanço cognitivo do ser humano. Há o temor de que no futuro as pessoas abusem da tecnologia que permite turbinar a performance no trabalho e nos estudos. O esforço dos cientistas para tratar doenças como Alzheimer ou esquizofrenia leva a crer que num futuro não muito distante pesquisadores vão identificar substâncias que permitam melhorar os estimulantes de hoje, como a Ritalina. Apesar de serem prescritos para pessoas com doenças neurológicas, esses remédios seriam usados no dia a dia como já ocorre hoje.
O avanço poderia também vir de hardwares, diz o relatório. Estudos mostram que a estimulação elétrica pode favorecer a memória. Diante disso, seria ético aceitar que o mundo se dividisse entre os que tiveram oportunidade de ter a parte cognitiva reforçada ou não?, indaga o documento. Haveria, ainda, o risco de esse avanço dar errado. O impacto dessas novas tecnologias é esperado para dentro de 20 ou 50 anos.
A utilização descontrolada de tecnologias de geoengenharia também é vista como um problema pelo Fórum Econômico Mundial. Apesar de ter diferentes aplicações, espera-se usar a tecnologia para controlar as mudanças climáticas. A ideia básica é que poderiam ser jogadas pequenas partículas na estratosfera para bloquear a energia solar e refleti-la de volta ao espaço. Mas os efeitos colaterais poderiam ser custosos demais, diz o documento. Poderia haver alterações significativas em todo o sistema climático, com redução da luz solar, o que alteraria a forma como a energia e a água se movimentam no planeta. Essa opção não é considerada no curto prazo. Muitos estudiosos já chamaram atenção para os riscos dessa tecnologia. Por isso, poderia surgir um espaço para que experimentações sem regulação ocorressem, alerta o relatório.
Os custos de viver mais seriam outro fator X de preocupação, uma vez que os países não têm se preparado para viver com os altos custos que a terceira idade implica e com uma massa de pessoas que sofrerão de doenças como artrite e demências. Isso porque a medicina do século 20 avançou muito nas descobertas relativas às doenças genéticas, decifrando o genoma humano. São esperados ainda mais avanços em doenças do coração e do câncer. O relatório preocupa-se com o impacto na sociedade de uma camada da população que consegue prever, logo evitar, as causas mais comuns de morte hoje, mas com uma deterioração da qualidade de vida. Mais pesquisas seriam necessárias para encontrar soluções para essas condições, hoje consideradas crônicas.







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