quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Comida jogada no lixo agrava fome no mundo

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) informou em relatório divulgado nesta quarta-feira, 11, pelo diretor-geral da entidade, o brasileiro Jose Graziano da Silva, que desperdícios por parte de produtores e consumidores estão levando a uma escassez de alimentos e prejudicando severamente o meio ambiente.
Segundo a FAO, a crescente população mundial poderia ser alimentada, se um terço dos alimentos produzidos não fosse desperdiçado. A organização calcula que o desperdício de alimentos responde por emissões de 3,3 gigatoneladas de dióxido de carbono e por um consumo de água equivalente a três vezes o volume do Lago de Genebra, ampliando os danos à biodiversidade causados pelo cultivo de uma única cultura.
"As implicações do desperdício nessa escala são enormes", observou Graziano da Silva. O custo econômico direto dos produtos agrícolas jogados fora, excluindo frutos do mar, é de US$ 750 bilhões por ano, quando medido com base nos preços de atacado, estima a entidade.
O relatório mostrou, ainda, que a atividade agrícola na América Latina é a mais ineficiente na comparação com outras regiões do mundo, enquanto os consumidores da Europa e da América do Norte foram apontados como os que mais desperdiçam alimentos. Por outro lado, o levantamento feito pela organização revelou que quase nada é desperdiçado pelos consumidores africanos, mas os problemas crônicos nos processos de manuseio pós colheita no continente são quatro vezes mais propensos a provocar perdas.
De acordo com a FAO, a Ásia industrializada é a região que mais contribui para o desperdício de alimentos e a emissão de carbono envolvendo a produção de itens não consumidos. A Europa responde por cerca de 16% de cada, enquanto América do Norte e Oceania representam 9% de cada. A entidade informou que a agricultura é responsável por cerca de um terço do desperdício de alimentos e os consumidores são culpados por quase 40% do excesso de emissões de carbono.
Por isso, a FAO pediu a governos e empresas envolvidas no fornecimento de produtos alimentícios que melhorem sua auditoria sobre o desperdício. Conforme a organização, as soluções devem variar de acordo com as regiões e os produtos. Em alguns casos, o excedente produzido poderia ser melhor destinado a famílias necessitadas e, em outros, seria melhor não produzir tanto.

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