O deserto do Saara, considerado o mais quente do planeta, já foi banhado por três grandes rios perenes — nos quais há sempre água fluindo — por volta de 100.000 anos atrás. É o que mostra um novo estudo feito por uma equipe de pesquisadores do Reino Unido e da Alemanha e publicado no periódico Plos One. A pesquisa sugere ainda que a presença desses rios pode ter criado as condições necessárias para a migração humana que saiu da África em direção à Ásia e à Europa.
Durante o período entre as duas eras glaciais mais recentes — há 100.000 ou 130.000 anos — as monções africanas alcançavam cerca de 1.000 quilômetros mais ao norte do que atingem hoje, e levavam chuvas torrenciais para as montanhas ao Sul do deserto do Saara. Essas monções são ventos sazonais geralmente associados à alternância entre a estação das chuvas e a da seca.
Utilizando dados topográficos da região, os pesquisadores simularam em programas de computador como a água teria fluído em direção ao Norte naquele período — formando lagos e rios que, em alguns casos, chegavam até o Mar Mediterrâneo.
Os resultados mostraram que os maiores rios teriam, no período de cheias, cerca de um quarto da água do Nilo cada um. Segundo os autores, esses rios podem ter criado “corredores verdes” de água e vegetação no meio do deserto, permitindo a migração para o Norte e, eventualmente, para outros continentes, como a Europa e a Ásia. Eles acreditam que os leitos dos rios ainda estão no deserto, mas foram cobertos pelas dunas.
Estudos anteriores mostraram que os humanos viajaram pelas montanhas do Saara em direção às regiões mediterrâneas, mais férteis, mas a maneira como isso foi possível ainda é alvo de especulações dos pesquisadores. A presença desses rios no Saara fornece uma possível explicação para o trajeto percorrido pelo homem em sua migração para fora da África.
Veja.com
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