Cientistas prestes a divulgar um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas estão lutando para explicar por que as mudanças climáticas parecem ter diminuído de intensidade nos últimos 15 anos, mesmo com o aumento das emissões de gases de efeito estufa pelos países.
O relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), que será realizado entre os dias 23 e 26 em Estocolmo, na Suécia, é o principal guia para os países determinarem a transferências de bilhões de dólares para energia renovável e investimentos em regiões costeiras e na agricultura.
Documentos vazados mostram, segundo a agência de notícias americana Associated Press, que há um desacordo generalizado entre os governos sobre como lidar com essas questões controversas.
Aquecimento x atividade humana
Apesar de o aquecimento global parecer ter amenizado, rascunhos a que a Reuters teve acesso apontam que é pelo menos 95% provável que a atividade humana – liderada pela queima de combustíveis fósseis – seja a principal causa de aquecimento desde os anos 1950.
Apesar de o aquecimento global parecer ter amenizado, rascunhos a que a Reuters teve acesso apontam que é pelo menos 95% provável que a atividade humana – liderada pela queima de combustíveis fósseis – seja a principal causa de aquecimento desde os anos 1950.
Isso é mais do que os 90% registrados no último relatório do IPCC, divulgado em 2007, que os 66% de 2001 e os 50% de 1995. Isso reduz cada vez mais os argumentos de uma pequena minoria de cientistas que culpa as variações naturais do clima.
Isso muda o debate para a extensão dos aumentos de temperatura e para os prováveis impactos, desde aqueles quem podem ser gerenciados até os catastróficos. Os governos concordaram em trabalhar em um acordo internacional até o final de 2015 para controlar as emissões crescentes.
"Estamos um pouco mais certos de que a mudança climática... é largamente provocada pelo homem", disse Reto Knutti, professor no Instituto Federal Suíço de Tecnologia, em Zurique. "Temos menos certeza do que muitos esperariam sobre os impactos locais".
Também se mostra mais difícil medir como o aquecimento afetaria a natureza, de plantações a cardumes de peixes, já que vai muito além da física, segundo ele. "Não se pode escrever uma equação para uma árvore", disse.
O relatório do IPCC, o primeiro de três que serão lançados entre 2013 e 2014, enfrentará intensa análise, principalmente depois que o painel admitiu um erro no estudo de 2007, que previu erroneamente que todas as geleiras do Himalaia poderiam derreter até 2035.
A nova pesquisa vai declarar com maior confiança em relação à de 2007 que as crescentes emissões de gases do efeito estufa provocadas pelo homem já significam mais ondas de calor. Mas deve subestimar algumas descobertas de 2007, como a de que atividades humanas contribuíram para mais secas.
Quase 200 governos concordaram em tentar limitar o aquecimento global a 2° C acima da época pré-industrial, visto como um limiar para mudanças perigosas, incluindo mais secas, extinções, enchentes e elevação do mar, que poderia inundar áreas costeiras e ilhas.
O relatório também deve levantar a bandeira sobre um alto risco de que as temperaturas globais aumentem neste século acima desse nível, e dirá que provas do aumento dos níveis do mar agora são "inequívocas".
Exame.com
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