segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Mudanças climáticas não podem ser atribuídas a raios cósmicos


As descobertas, publicadas no periódico Environmental Research Letters, reafirmam as conclusões da ciência básica de que o aumento de dióxido de carbono e outros gases estufa são os que mais contribuem para mudanças climáticas. Eles também reexaminam o caso alternativo defendido por aqueles que negam as mudanças climáticas: que é a atividade do Sol, e não a dos seres humanos, que está fazendo a Terra esquentar.
Os dois cientistas, Terry Sloan da University of Lancaster e Sir Arnold Wolfendale da University of Durham, concluem que mudanças na atividade do Sol ou os efeitos que produz sobre os raios cósmicos são incapazes de contribuir de maneira significativa para o aquecimento global.
O papel das nuvens em manter a superfície terrestre fresca ao refletir a luz do Sol de volta para o espaço, esá entre as maiores incertezas na ciência da mudança climática.
O papel reconhecido de manchas solares e raios cósmicos na formação de nuvens se tornou solo fértil para aqueles que negam as mudanças climáticas ou lançam dúvidas sobre as mudanças climáticas antropogênicas (em outras palavras, a mudança provocada por humanos).
A atividade solar, que tem altos e baixos em um ciclo de 11 anos, diminui o fluxo de raios cósmicos ao aumentar periodicamente o vento solar – um feixe de partículas carregadas emitidas pelo Sol.
De acordo com dois cientistas britânicos, mudanças na atividade solar, manchas solares e raios cósmicos, além de seus efeitos sobre nuvens, não contribuem mais que 10% para o aquecimento global.
O campo magnético do vento solar desvia alguns dos raios cósmicos que atingiriam a Terra vindos de outras partes da galáxia. Então, se a teoria que conecta raios cósmicos à formação de nuvens estiver correta, um aumento na atividade solar teria o potencial de reduzir a cobertura de nuvens.
Tentando quantificar o efeito que a atividade solar – seja diretamente ou através de raios cósmicos – pode ter tido sobre temperaturas globais no século 20, Sloan e Wolfendale compararam dados sobre a taxa de raios cósmicos que atravessam a atmosfera com o registro de temperaturas globais desde 1955.
Eles encontraram uma pequena correlação entre raios cósmicos e temperaturas globais ocorrendo a cada 22 anos; a taxa de raios cósmicos, porém, ficou um ou dois anos atrás da mudança de temperatura, o que sugere que a causa do aumento de temperatura pode não ser atribuível a raios cósmicos e à formação de nuvens, mas que poderia ser provocada pelos efeitos diretos do sol.
Ao comparar as pequenas oscilações na taxa de raios cósmicos e temperaturas com as tendências gerais das duas desde 1955, Sloan e Wolfendale descobriram que menos de 14% do aquecimento global observado durante esse período poderia ter sido provocado pela atividade solar.
Para verificar suas descobertas, eles revisaram seus próprios estudos anteriores e todos os outros trabalhos que conseguiram encontrar sobre o assunto, buscando evidências de conexão entre a atividade solar e o aumento de temperaturas globais.
Suas descobertas indicaram que, em geral, a contribuição das mudanças na atividade solar, seja diretamente ou através de raios cósmicos, era ainda menor e não poderia ter contribuído em mais de 10% para o aquecimento global no final do século 20.
Sloan e Wolfendale também discutiram os resultados de um experimento do CERN, na Suíça, chamado de CLOUD, em que pesquisadores estão observando como raios cósmicos podem ionizar, ou carregar, aerosois na atmosfera, influenciando a formação de nuvens. Eles também examinaram instâncias em que eventos do mundo real produziram ionizações de grande escala na atmosfera.
Era de se esperar que eventos como o desastre nuclear de Chernobyl e testes com armas nucleares afetassem a produção de aerosois na atmosfera, mas efeitos desse tipo não foram observados.
De acordo com Sloan: “Nosso artigo revisa nosso próprio trabalho e tenta encontrar uma conexão entre raios cósmicos e a formação de nuvens com mudanças na temperatura global”.
“Nós concluímos que alterações na atividade solar contribuiram com menos de 10% para o aquecimento global observado no século 20. Como resultado deste e de outro trabalho, o Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática afirma que nenhuma associação robusta entre mudanças em raios cósmicos e nebulosidade foi identificada”.
Paul Brown é editor da Climate News Network, um serviço de notícias jornalísticas que leva notícias e comentários sobre a mudança climática para meios de comunicação de todo o mundo. The Daily Climate contribuiu para este artigo.

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