O projeto esteve em desenvolvimento ao longo da última década, a um custo de US$ 671 milhões. Pode parecer uma bolada, mas não se compara aos US$ 2,5 bilhões do jipe Curiosity, que atualmente perambula por Marte.
O lançamento aproveita a janela de oportunidade que coloca Terra e Marte em posições adequadas para um lançamento "econômico", que gasta menos combustível entre os dois planetas.
A chance vem a cada 26 meses, e a Nasa tem aproveitado as oportunidades para despachar novas sondas para Marte. Desde 2001, a agência americana só perdeu a chance em 2009, por atrasos com o Curiosity.
CADÊ A ÁGUA?
O objetivo final do programa é determinar a possibilidade de que Marte tenha tido vida no passado ou ainda preserve alguma criatura viva. Adicionalmente, a Nasa tem planos de longo prazo que envolvem uma missão tripulada ao planeta vermelho --mas sem data para acontecer.
Contudo, os objetivos individuais da Maven são mais específicos. Os pesquisadores liderados por Bruce Jakosky, cientista planetário da Universidade de Colorado em Boulder, querem saber como Marte deixou de ser um planeta com rios, lagos e mares para se tornar um deserto.
A chave do mistério passa por entender as mudanças pelas quais a atmosfera do planeta vermelho passou ao longo dos 4,7 bilhões de anos de história do Sistema Solar.
Equipada com diferentes sensores destinados a estudar a alta atmosfera marciana, a Maven tentará reconstruir essa história.
ÓRBITA ELÍPTICA
Após dez meses de travessia do espaço, a sonda se colocará numa órbita bastante oval ao redor de Marte. Quando passar perto do planeta, ela chegará a ficar a apenas 150 km da superfície. Em compensação, no afastamento máximo, a distância aumenta para quase 6.000 km.
A sonda fará reduções graduais na órbita, até atingir uma proximidade máxima de 120 km. Com isso, seus instrumentos poderão realizar medições em diferentes pontos da alta atmosfera.
Os magnetômetros servirão para investigar a interação da atmosfera marciana com o vento solar --partículas de radiação emitidas por nossa estrela-mãe. Eles também poderão investigar o que aconteceu ao campo magnético de Marte, que parece ter existido, mas hoje só se manifesta localmente.
O principal foco, contudo, é descobrir para onde foi a antiga atmosfera marciana e por que hoje o planeta tem um ar composto majoritariamente por gás carbônico que tem um centésimo da densidade do encontrado na Terra.
"Queremos entender melhor como os gases escapam da atmosfera de Marte e como isso pode ter acontecido através do tempo", afirma Ramon de Paula, brasileiro que trabalha no Quartel-General da Nasa no planejamento das missões marcianas.
Enquanto há muita empolgação pelo lançamento da Maven, De Paula já está focado na missão marciana marcada para 2016, a InSight, que fará um pouso em Marte.
"Nosso objetivo é compreender melhor a história de Marte, da atmosfera e do clima", completa o brasileiro.
É uma investigação que tem implicações não só para a busca de vida no planeta vermelho, mas em mundos fora do Sistema Solar.
Com a descoberta de mundos na zona habitável de outras estrelas, torna-se importante compreender o que pode dar errado com eles para que não se tornem amigáveis à vida, apesar de estarem em boa posição em seus sistemas planetários para abrigar água em estado líquido. O planeta vermelho pode ser um bom exemplo disso.
Folha.com
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