quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Trópicos se ressentem de mudanças no clima

 


Ecossistemas tropicais podem estar respondendo ao aquecimento global com mais energia do que se esperava. Cientistas da China, Alemanha, França, Reino Unido e Estados Unidos relataram no periódico Nature que o ciclo tropical de carbono – a absorção e liberação de dióxido de carbono da atmosfera, e de volta para ela – se tornou duas vezes mais sensível a mudanças de temperatura nos últimos 50 anos.
O aumento de um grau em temperaturas tropicais médias leva a uma liberação de aproximadamente dois bilhões de toneladas adicionais de carbono todos os anos por parte de florestas tropicais e savanas, se comparado às décadas de 60 e 70.
Isso é não era esperado. Cientistas climáticos previram a redução de ecossistemas terrestres armazenarem carbono durante o próximo século, seguindo o aumento da temperatura média global, mas não nessa escala.

Feedback positivo
Para extrair suas conclusões, os pesquisadores não observaram o aumento bruto dos níveis de dióxido de carbono na atmosfera, mas as variações anuais de traços desse gás, registrados tanto no topo do vulcão havaiano Mauna Loa quanto no Polo Sul, e então compararam esses números com variações médias anuais de temperatura durante a mesma escala de tempo.
Juntas, as descobertas parecem mostrar que ecossistemas tropicais estão se tornando mais sensíveis à mudança climática. Esse poderia ser outro exemplo do que engenheiros chamam de retroalimentação positiva [ou feedback positivo] – verões mais quentes tornam florestas mais secas e liberam mais dióxido de carbono para criar verões ainda mais quentes, e assim por diante.
Existem evidências de que regiões tropicais passaram por mais secas durante as últimas cinco décadas. Para ser mais preciso, a conclusão da equipe realmente sugere que se os modelos climáticos existentes fornecem projeções incertas do futuro, é porque as informações disponíveis ainda estão incompletas.
Mas isso também indica que variações em níveis de dióxido de carbono serviriam como sistema de monitoramento para a maneira com que florestas tropicais e pradarias estão respondendo ao clima. “É muito improvável que essa mudança seja resultado do acaso, e isso pode fornecer uma nova perspectiva sobre possíveis mudanças no ciclo terrestre de carbono ocorridas nas últimas cinco décadas”, adverte Xuhui Wang, da Universidade de Pequim, que conduziu o estudo.
De acordo com Pierre Friedlingstein, pesquisador da University of Exeter no Reino Unido e membro da equipe: “Os sistemas atuais do ciclo terrestre de carbono não mostram esse aumento nos últimos 50 anos porque esses modelos subestimam os efeitos emergentes de secas em sistemas tropicais”.
Scientific American

Nenhum comentário:

Postar um comentário