O deserto do Saara é uma zona árida no norte do continente africano, com 9 milhões e 400 mil quilômetros quadrados – uma área maior do que o Brasil –, que atravessa o território de doze países. Está entre 15° e 30° N de latitude e é cortado pelo Trópico de Câncer, portanto, é considerado um deserto subtropical. Boa parte do Saara não é coberta por vegetação, mas por areia, que é formada de pequenas partículas de minerais de rochas fragmentadas, principalmente a sílica (SiO2), geralmente menores do que um milímetro, facilmente levadas para lá e para cá pelo vento, que esculpe grandes d
No começo do mês de abril de 2014, foi noticiado que a poeira saariana chegou até Londres e a Cornualha, na Grã-Bretanha, demonstra que o avanço das areias pode ser maior. Sua presença na atmosfera, além da poluição atmosférica local, tornou a qualidade do ar péssima na capital inglesa, deixando também a mesma curiosa camada de areia sobre os veículos.
Porém, como a areia pode vir de tão longe, tendo percorrido centenas ou, às vezes, milhares de quilômetros? Para descobrir, é preciso entender um pouco de climatologia, que é a ciência que estuda o clima.
Não é a chuva, como disse Caetano, mas sim os ventos, que leva a areia do deserto até Roma e além. Lembremos que os ventos são uma resposta às diferenças de pressão na atmosfera, e correspondem ao deslocamento do ar de áreas de alta pressão para áreas de baixa pressão que, por sua vez, guardam relação com a temperatura. Assim, são responsáveis também pela distribuição do calor em todo o planeta. Por isso, se diz que existe uma dinâmica global dos ventos. De modo geral, quanto maior e repentina a diferença de pressão entre duas áreas, mais força têm os ventos e mais areia eles podem carregar. unas que estão sempre em transformação.
Sabemos que o ar quente, devido à maior agitação das moléculas que o compõem, é mais leve e tende a subir, formando uma célula de baixa pressão. A depender da direção e da velocidade dos ventos, a poeira pode ser levada em grande quantidade, viajando a quilômetros de altitude, até mesmo à América do Norte e à América Central, depois de cruzar o Oceano Atlântico.
A presença de partículas sólidas, como minúsculos grãos de areia, na atmosfera contribui para a condensação, a formação de nuvens e, consequentemente, de chuvas. Estudos científicos comprovam que a areia de Saara é em parte responsável pelas precipitações que ocorrem até mesmo na Amazônia e em outros continentes, como a chuva citada na música.
A areia cobre os céus de Roma e outras cidades europeias quando se formam zonas de baixa pressão sobre o Mar Mediterrâneo. O vento que sopra do Saara em direção à Europa, levando toneladas de areia em suspensão consigo e é tão intenso que tem até nome próprio: é chamado de Sirocco, na Itália, e de Ghibli, nos países árabes, como a Líbia.
A poeira saariana, que por vezes suja os carros estacionados nas ruas de algumas cidades europeias, demonstra como a dinâmica climática deve ser entendida de maneira global, já que um mesmo fenômeno pode afetar habitantes de diferentes países.
UOL
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