Baixos níveis de radiação nuclear oriunda da usina atômica de Fukushima, no Japão, foram detectados em atuns na costa da Califórnia, num sinal de que esses peixes transportaram isótopos pelo Pacífico mais rapidamente do que o vento ou o mar, disseram cientistas nesta segunda-feira (28).
Pequenas quantidades de césio-137 e césio-134 foram detectados em 15 atuns apanhados perto de San Diego em agosto de 2011, cerca de quatro meses depois do terremoto e do tsunami que danificaram a usina japonesa, causando o vazamento radiativo.
Os peixes radioativos percorreram 9.650 quilômetros pelo oceano Pacífico, marcando a primeira vez que um enorme peixe migratório demonstra transportar radioatividade por tão longo trajeto.
"Ficamos realmente surpresos", disse Nicholas Fisher, um dos pesquisadores que participaram do estudo que relata a migração do atum do Pacífico no periódico científico Proceedings of the National Academy of Sciences.
Os níveis de césio radioativo eram dez vezes mais altos que a quantidade encontrada em atuns na costa da Califórnia anos atrás. Mesmo assim, não é nocivo; o nível está ainda abaixo do limite de segurança para o consumo indicado pelo governo do Japão.
"Eu não diria a ninguém o que é seguro comer e o que não é", disse Daniel Madigan, da Estação Marinha Hopkins da Universidade Stanford, coordenador do estudo, para quem o impacto pode ser mais psicológico do que real.
Um dos maiores e mais rápidos peixes, o atum do Pacífico (Thunnus orientalis,) pode atingir até 3 metros de comprimento e pesar mais de 450 quilos. Eles desovam na costa leste do Japão e nadar em alta velocidade para as águas da costa da Califórnia e do México.
De acordo com os cientistas, o atum absorveu césio radioativo ao nadar em águas contaminadas e se alimentar de animais, como krill e lula, que também estavam contaminados. Como os peixes predadores migraram para o leste, eles foram perdendo radiação por conta do metabolismo e também porque cresceram de tamanho. Mesmo assim, alguma radiação permaneceu no corpo dos animais.
Atravessar este oceano imenso e ainda manter estes radionuclídeos é algo incrível", disse Fisher.
O césio-137 já estava presente no leste do Pacífico antes do acidente de Fukushima, mas o 134 só surge por atividades humanas, e não existia no mar antes do acidente, e por isso só pode ter vindo de Fukushima.
IG Ciência
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