O contato com elementos ambientais tóxicos pode influir na resposta de
futuras gerações ao estresse e causar desordens de conduta, segundo um estudo
realizado nos Estados Unidos com ratos.
O estudo, realizado por pesquisadores das universidades de Washington e do
Texas, comprovou que apenas uma exposição de fêmeas que esperavam filhotes a um
fungicida utilizado em frutas e verduras, a vinclozolina, tinha consequências
sobre a conduta da terceira geração de seus descendentes, apesar deles terem
sido criados livres do agrotóxico.
Segundo os resultados do estudo, publicado nesta segunda-feira, 21, na
revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), estes
roedores se mostraram mais sensíveis às situações de estresse e experimentaram
uma maior ansiedade do que os descendentes de ratos que não tiveram contato com
o fungicida.
"Estamos atualmente na terceira geração humana desde o começo da revolução
química, desde que os humanos ficaram expostos a estes tipos de toxinas",
afirmou um dos autores da pesquisa, David Crews.
Até o momento, não se sabia que a resposta ao estresse pudesse depender dos
fatores ambientais dos antepassados. Mas os mesmos pesquisadores já tinham
demonstrado anteriormente que a vinclozolina podia afetar os genes.
Segundo o estudo, a socialização do indivíduo e os níveis de ansiedade com os
quais ele reage perante ao estresse são condicionados não só pelos eventos de
sua vida mas também pela herança ancestral epigenética (mudanças genéticas
causadas por fatores externos ao organismo).
"Não há dúvida de que assistimos a um aumento real de problemas mentais como
o autismo e o transtorno bipolar", declarou Crews, que opinou que isto não se
deve apenas a vivermos num mundo mais frenético, mas também pelo efeito dos
fatores ambientais.
Em seu estudo, os investigadores também observaram que os ratos cujos
antepassados estiveram expostos à vinclozolina eram maiores e tinham níveis de testosterona
mais altos.
Estadão.com
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