Hoje, dia 22 de maio, é comemorado em todo mundo o Dia Internacional da Biodiversidade. A data é celebrada desde que foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1993. A importância do tema é tanta, que a organização declarou esta como a década da Biodiversidade (2011-2020).
A biodiversidade refere-se à variedade de vida no planeta Terra, mas também pode ser definida como a variedade e a variabilidade existente entre os organismos vivos e as complexidades ecológicas nas quais elas ocorrem. Ela é formada por uma associação de vários componentes hierárquicos: ecossistema, comunidade, espécies, populações e genes em uma área definida, o que significa dizer que varia de acordo com as diferentes regiões.
O holofote dedicado ao tema deve-se não somente a importância da conservação da biodiversidade para a manutenção da vida humana, mas, principalmente, devido ao uso desordenado dos recursos naturais para sustentar um padrão de vida danoso a Terra.
Estima-se que apenas no último século, graças à nossa espécie, sumiram do planeta metade das áreas pantanosas, 40% das florestas e 30% dos manguezais. Para se ter ideia, caso o desmatamento não seja reduzido pela metade até 2030, somente os danos associados às mudanças climáticas chegarão à ordem de 3,7 bilhões de dólares.
A menos de um mês da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), o relatório Living Planet, que reúne dados científicos sobre o meio ambiente a cada dois anos produzido pelo WWF, indicou que as condições do planeta pioraram desde a Rio 92.
Desde então, o mundo teve uma perda de biodiversidade de 12%, emite 40% mais gases poluentes, as florestas diminuíram 3 milhões de metros quadrados. Caso continue neste ritmo, segundo alerta o documento, o mundo precisará da quantidade de recursos equivalente a três planetas até 2050.
Há uma década, o mundo contabilizava um total de 11 mil espécies ameaçadas de extinção. Na época, a meta da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) estabelecida pela ONU previa a redução significativa do desaparecimento, todavia, o índice negativo já está próximo de dobrar.
O cenário brasileiro em relação à biodiversidade também não é muito animador. Com metade das espécies brasileiras conservadas em Unidades de Conservação, sete delas devem ter a área reduzida para dar lugar a 22 hidrelétricas planejadas na Amazônia. O novo Código Florestal, que aguarda decisão presidencial sobre a sanção até o fim desta semana, pode ser um desastre para as florestas brasileiras, segundo antevê uma boa parte dos especialistas na área.
A degradação desenfreada dos recursos naturais é como um bumerangue. Utilizamos em um ritmo perdulário e, em troca, não teremos de onde tirar nem o básico "na vez" da natureza. Um novo estudo do Programa de Povos da Floresta (FPP), publicado na última semana, revelou que entre 1,2 bilhões e 1,7 bilhões de pessoas, cerca de 20% da população mundial, dependem diretamente das florestas para sua sobrevivência.
Embora grande parte destes povos viverem das e nas florestas há séculos, a maioria não tem a posse legal destas terras, o que coloca sua situação em risco, particularmente na África, na América do Sul e no sudeste da Ásia. Geralmente, nestes lugares as florestas são propriedade do estado e frequentemente são vendidas ou arrendadas para empresas ou outros países para a agricultura, a extração de madeira e a mineração sem a consulta ou o consentimento dos povos locais, que acabam sendo expulsos de suas terras.
Segundo o relatório, atualmente cerca de 350 milhões de pessoas correm o risco de perder seus lares para a grilagem de terras, já que seus direitos a terra não são reconhecidos pelas legislações nacionais.
Os dados do relatório não contabilizam pessoas que dependem indiretamente das florestas ou apenas de seus serviços, como regulação climática, fornecimento de água e sequestro de carbono, como aquelas que vivem em grandes centros urbanos.
Para reverter este cenário e garantir a preservação da biodiversidade, algumas iniciativas já estão começando a ganhar visibilidade e ser replicadas, como o caso dos paiter-surui. O Projeto de Carbono Florestal Suruí, foi o primeiro esquema indígena de Redd a receber os selos VCS (Verified Carbon Standard) e CCB (Climate, Community and Biodiversity), as principais certificações internacionais para o mercado de carbono.
Comercializar as florestas conservadas em pé pelos indígenas foi a saída dos paiter para preservar a biodiversidade da região e autonomia do seu povo. O projeto evitou que cerca de 205 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2) fossem emitidas na atmosfera pelo desmatamento entre 2009 e 2011.
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