segunda-feira, 7 de outubro de 2013

De onde veio a história de Atlântida?

Ignatius Donnelly foi deputado federal nos EUA em meados da década de 1860. Dono de uma mentalidade progressista para a época — defendeu os direitos dos negros e dos índios e rompeu com o Partido Republicano por discordar de esquemas de corrupção —, viu sua carreira política definhar na década seguinte e virou escritor. Em 1882, inventou a Atlântida.
        O nome “Atlântida” e a ideia de um país desaparecido no Atlântico remontam ao filósofo grego Platão, que cita o reino em dois de seus diálogos — pesquisadores ainda questionam se ele a inventou ou se teria exagerado um evento real, como a destruição explosiva de uma ilha vulcânica. Mas foi Donnelly que transformou a alegoria platônica no que ela é hoje: uma utopia submersa, fonte de ciência e sabedoria, de memória que sobrevive em mitos e lendas.
        Seu livro, Atlântida: O Mundo Antediluviano, fez enorme sucesso, desencadeando toda uma era de “estudos atlanteanos” que ainda perdura e seguiu acumulando bagagem: hoje, o continente perdido se tornou fonte abundante de segredos tecnológicos, espirituais, esotéricos — e até de óvnis.
        Donnelly escreveu antes de a geologia comprovar a existência de placas tectônicas, cuja configuração demonstra que não haveria espaço, no Atlântico, para um continente inteiro afundar, e antes de os avanços da arqueologia enterrarem de vez a doutrina do “difusionismo” — a ideia de que todas as civilizações da Terra seriam versões transplantadas de uma matriz comum.
        O livro não impressionou a ciência e a revista Nature, no mesmo ano em que a obra foi lançada, dizia que o autor não havia entendido especialistas cujas obras usou para apoiar a tese: “Mesmo ao citá-los, o autor nem assimilou-lhes o método, nem compreendeu o significado de seus fatos”.
Mas é improvável que qualquer busca pela Atlântida “verdadeira” ou “original” produza resultados conclusivos.
Galileu.com

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