Ok, a mobilidade urbana está um caos, mas melhorá-la pode ser menos trabalhoso (e mais barato) do que imaginamos. Um exemplo? A cidade mais populosa dos EUA, Nova York, conseguiu, em uma noite, devolver parte de suas ruas – que haviam sido tomadas pelos carros – para os pedestres.
A história foi contada por Janette Sadik-Khan, secretária de Transportes da cidade americana, em visita ao Brasil. Segundo ela, em 2002, a infraestrutura de NY estava um caos: 90% do espaço das ruas era ocupado por carros, mas 90% das pessoas estavam insatisfeitas e queriam mais áreas públicas para caminhar e conviver. A solução? Liberar 90% do espaço para os pedestres.
Colocar a ideia em prática parece uma missão impossível, mas – acredite! – foi mais fácil do que você está pensando. Na época, a prefeitura da cidade não tinha dinheiro para grandes obras, o que fez Sadik-Khan sugerir que o espaço dos carros fosse devolvido aos pedestres, apenas, por meio de sinalização.
Foi o que aconteceu: em uma madrugada, munida de placas e tintas para pintar as pistas, uma equipe da prefeitura devolveu aos pedestres diversos espaços públicos. Entre eles, um canteiro central, no Brookyn, que era usado como estacionamento informal pelos veículos e se transformou em praça de convívio.
A solução de Sadik-Khan era ousada e, portanto, provisória. O acordo era que as ruas poderiam ser devolvidas aos carros, se necessário. No entanto, a resposta da maioria da população foi tão positiva que o governo não teve coragem de voltar atrás. Pelo contrário: a ideia só foi para frente.
Com a mudança, as pessoas passaram a se sentir mais donas das ruas e, consequentemente, tornaram-se mais receptivas a qualquer projeto que previsse livrar a cidade do “carrocentrismo”. Dez anos depois, NY possui centenas de quilômetros de ciclovias e várias faixas exclusivas de ônibus, além de ter reduzido o limite de velocidade dos veículos em 15 km/h, entre outras melhorias.
É ou não é uma história inspiradora para as nossas grandes cidades? Mudar pode ser mais fácil do que se imagina, ainda mais munidos de uma das principais “armas” dos brasileiros: a criatividade.
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