O estudo, publicado online nesta quarta-feira no periódico Geophysical Research Letters, se baseia nos níveis de radiação medidos pela sonda no dia 25 de agosto de 2012, quando a Voyager 1 se encontrava a mais de 17 bilhões de quilômetros do Sol. Nesse dia, a quantidade de raios cósmicos (partículas dotadas de alta energia que se deslocam no espaço) sob influência do Sol diminuiu intensamente, chegando a menos de 1% das medidas anteriores. Ao mesmo tempo, os raios cósmicos galácticos, vindos de fora do Sistema Solar, subiram a níveis nunca antes observados desde o lançamento da sonda, com o dobro das intensidades previamente registradas.
De acordo com a pesquisa, a mudança repentina de intensidade dos raios cósmicos indica que a Voyager 1 cruzou uma barreira de partículas energéticas bem definida, que pode estar relacionada à heliopausa – região na qual o vento solar se une ao espaço interestelar, sendo considerada a fronteira com o resto do universo. "Em um período de poucos dias, a intensidade da radiação heliosférica diminuiu e os raios cósmicos aumentaram de intensidade da maneira que seria esperada ao deixar a heliosfera", disse Bil Webber, professor emérito de astronomia da Universidade Estadual do Novo México, nos Estados Unidos, e um dos autores do estudo.
Incertezas – Webber ressalta que ainda não existe um consenso sobre o fato de a sonda Voyager 1 ter ou não atingido o espaço interestelar ou entrado em uma outra região não definida. "Eu diria que este local fica fora da heliosfera comum. Nós estamos em uma região nova. E tudo o que estamos medindo é diferente e emocionante", disse o autor.
Já os cientistas da equipe responsável pela Voyager 1, no Instituto de Tecnologia da Califórnia, se mostraram mais céticos: "É consenso para a equipe de cientistas envolvidos no projeto da Voyager que a sonda não deixou o Sistema Solar ou atingiu o espaço interestelar", afirma Edward Stone, pesquisador do projeto Voyager, em comunicado oficinal.
Viajantes espaciais – A Voyager 1 é na verdade a segunda sonda lançada com a missão de explorar além do Sistema Solar. A Voyager 2 foi lançada no espaço no dia 20 de agosto de 1977, enquanto a "primeira" foi lançada no dia 5 de setembro do mesmo ano. As duas sondas passaram por Júpiter e Saturno, mas apenas a Voyager 2 chegou a Urano e Netuno. A Voyager 1, com 722 quilos, já percorreu quase 18 bilhões de quilômetros e dispõe de energia suficiente para operar até 2025.
Os dados obtidos pelos nove instrumentos a bordo de cada uma das sondas fizeram desta missão a mais bem sucedida da história da exploração do sistema solar. As Voyagers revelaram numerosos detalhes dos anéis de Saturno e permitiram descobrir os anéis de Júpiter. Também transmitiram as primeiras imagens precisas dos anéis de Urano e de Netuno, descobriram 33 novas luas e revelaram atividade vulcânica em Io, além da estranha estrutura de duas luas de Júpiter.
Atualmente, as mensagens de rádio da Voyager-1 levam 16 horas para chegar ao nosso planeta.
A Voyager-1 caminha para se aproximar de uma estrela chamada AC +793888, mas só chegará a dois anos luz de distância da estrela.
As Voyagers se tornarão "embaixadores silenciosos" da Terra enquanto se movem pela galáxia.
Ambas transportam discos de cobre banhados a ouro com gravações de saudações em 60 línguas, amostras de música de diferentes culturas e épocas, sons naturais da Terra e outros sons produzidos pelo homem.
Veja.com
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