Também chamada de
Sexta da Paixão para os cristãos, a Sexta-Feira Santa marca a morte de Jesus
Cristo e o seu sofrimento ao carregar a cruz e ser crucificado. A data é um
feriado móvel no Brasil, assim como em outros países, porque segue o calendário
da Páscoa. Assim, é definida como sendo a primeira sexta-feira após a primeira
lua cheia de primavera no Hemisfério Norte, ou do outono no Hemisfério Sul. Mas
por que essa e outras datas religiosas são feriados se o nosso País é um Estado
laico?
Um ano depois, a
Constituição de 1891 instituiu, finalmente, a separação entre a igreja e o
Estado, estabelecendo que não existe nenhuma religião oficial. Embora isso tenha
ocorrido há mais de 120 anos, Gilberto Garcia afirma que a Igreja Católica foi
oficial no Brasil por mais de 400 anos, o que causa reflexos tanto na definição
de feriados, como na escolha de nomes religiosos para cidades, bem como na
utilização de representações da crença em espaços públicos, como crucifixos em
prefeituras, câmaras de vereadores e tribunais.
Outro fator
determinante é a predominância da religião católica no Brasil. Embora o número
de fiéis tenha caído nas últimas décadas. Segundo dados do Censo, divulgados no
ano passado, o percentual de católicos caiu 12,2% entre 2000 e 2010. Mesmo
assim, dois em cada três brasileiros declararam ser adeptos da religião no
Brasil.
Gilberto Garcia, autor
do livro O Novo Código Civil e as
Igrejas (editora Vida), lembra
que, além da Sexta-Feira Santa existem outros feriados ligados à religião, como
o dia da padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, Corpus Christi e o Natal,
além de feriados regionais, como a celebração do dia de São Jorge, em algumas
localidades.
O especialista em
direito e religião lembra que a Constituição de 1988 reforçou a importância do
Estado laico, sem igreja oficial, e ainda o respeito a liberdade de crença. "A
constituição permanece dizendo que é laico, mas a tradição vem sendo mantida",
afirma. Ainda de acordo com ele, outras religiões possuem suas datas de
celebração, como a comemoração do Yon Kippur pelos judeus e o mês sagrado dos
muçulmanos, o Ramadã, que não são feriados.
"Se a sociedade
quisesse mudar essas datas, deixando de ser um feriado obrigatório para todas as
religiões, isso deveria ser feito pelo Congresso Nacional ou pelo Supremo
Tribunal Federal, mas não há espaço político para isso", completa.
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