quinta-feira, 3 de abril de 2014

Lua de Saturno tem lago subterrâneo de água líquida



A seleta lista de astros do sistema solar que possuem grandes reservas de água líquida acaba de ganhar mais um integrante: uma pequena lua de Saturno, chamada Encélado (ou Enceladus), com apenas 500 km de diâmetro — sete vezes menor do que a Lua da Terra.
Em um estudo publicado hoje na revista Science, cientistas apresentam evidências de que ela contém um grande reservatório subterrâneo de água líquida, localizado entre 30 km e 40 km abaixo da crosta congelada de seu Hemisfério Sul, com 8 km de profundidade e um volume de água equivalente ao do Lago Superior, o terceiro maior lago continental da Terra, na fronteira dos EUA com o Canadá (com 12 mil km³ de água).
Os pesquisadores não viram nem muito menos coletaram amostras desse suposto lago subterrâneo. As evidências de que ele existe são sólidas, porém indiretas, obtidas por meio do estudo de variações no campo magnético de Encélado, registradas pela sonda Cassini, da Nasa. Os dados foram coletados em três sobrevoos rasantes, nos quais a sonda passou a menos de 100 km da superfície da lua.
A hipótese da existência do lago já é discutida desde 2005, quando a mesma sonda Cassini fotografou jatos de vapor e gelo sendo expelidos de fendas no Hemisfério Sul de Encélado, que é marcado na superfície pela presença de “listras” azuladas, parecidas com as de um tigre. Os novos dados geofísicos corroboram essa hipótese e sugerem que os jatos sejam produzidos por gêiseres conectados a esse lago através de fendas formadas na crosta de gelo pela força de marés.
A grande pergunta que fica solta no espaço é: Pode haver vida nesse lago?
A resposta tem de levar em conta outra conclusão do trabalho: de que o núcleo de Encélado é feito de rocha, e que o fundo desse tal lago subterrâneo está em contato direto com esse núcleo. Em outras palavras: o fundo do lago é rochoso. E, portanto, a possibilidade de haver vida (microbiana!) em suas águas existe, ainda que seja bastante remota (e, por enquanto, totalmente hipotética), se houver alguma fonte geológica de calor no interior da lua. Basta olhar para o leito dos oceanos na Terra para comprovar isso: mesmo em suas profundezas mais profundas e gélidas, ele está coberto de vida microbiana, cuja existência independe do contato com a luz ou com o calor da superfície.
Vale lembrar também o caso do Lago Vostok, que pode abrigar vida 4 km abaixo de uma crosta de gelo na Antártida.
Enceladus, portanto, passa a fazer dupla agora com Europa, uma lua congelada de Júpiter, como um satélite potencialmente habitável do sistema solar. Imagine só!
“A confirmação da existência desse bolsão de água confirma a posição de Encélado como um dos grandes alvos para futuras missões de busca de vida fora da Terra, juntamente com Europa e Marte”, diz o brasileiro Fabio Rodrigues, pesquisador do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron e membro da Rede Brasileira de Astrobiologia.
Estadão.com

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