sábado, 12 de abril de 2014

Prepare-se para o eclipse total da Lua, que ocorre na próxima semana

Lua avermelhada durante um eclipse lunar total

Um dos principais eventos astronômicos do ano está se aproximando. Na madrugada de terça-feira, 15 de abril, a partir da 1h53 da manhã (horário de Brasília), começa o eclipse total da Lua, aquele em que o satélite fica totalmente encoberto pela parte mais escura da sombra da Terra. O fenômeno poderá ser observado em todo território nacional e marca o início de uma série de eclipses nos próximos dois anos.
A tétrade, como é chamado o conjunto de quatro eclipses totais da Lua que ocorrem em uma sequência de dois anos, termina em setembro de 2015. Esse evento é especial porque eclipses normalmente se intercalam entre totais, parciais (quando a Lua fica parcialmente encoberta pela parte mais escura da sombra da Terra) e penumbrais (quando a parte mais clara da sombra da Terra encobre a Lua). A tétrade é relativamente rara: no século XXI haverá oito delas, sendo a que se inicia no dia 15 a segunda — a primeira ocorreu de 2003 para 2004, e a terceira será em 2032 e 2033.
Todo o continente americano poderá visualizar o eclipse na terça-feira. Na primeira hora, no entanto, o fenômeno será praticamente invisível a olho nu, pois a Lua estará na parte externa e mais clara da sombra da Terra, a penumbra. A partir das 2h58 (horário de Brasília), o satélite começa a adentrar a umbra, parte central e mais escura da sombra, e poderá ser visto "sumindo". Essa etapa será concluída às 4h06 da manhã, quando a Lua estará totalmente encoberta pela umbra. Ela permanecerá assim por mais de uma hora, e começará a sair da sombra às 5h24, reaparecendo no céu.
Marte em oposição — Quem ficar acordado para ver o eclipse pode procurar Marte no céu. O planeta é quase sempre visível a olho nu da Terra, mas durante seu período de oposição ele se torna mais brilhante e fácil de identificar. "Marte esteve em oposição no dia 8 de abril, mas é possível observá-lo antes e depois dessa data. Ele estará visível perto da Lua durante o eclipse, como uma esfera de cor vermelha intensa", afirma Rojas.
Os próximos — Os três outros eclipses lunares que completam a tétrade vão ocorrer em 8 de outubro de 2014, 4 de abril e 28 de setembro de 2015. Dentre eles, segundo Rojas, apenas o último terá uma boa visibilidade no Brasil.
Os principais eventos astronômicos de 2014:
Eclipse total da Lua


Um dos espetáculos mais bonitos esperados para este ano é o eclipse total da Lua, previsto para 15 de abril. A Lua vai entrar na região de sombra feita pela Terra, desaparecendo completamente do céu. O evento poderá ser observado em todo o Brasil, exceto o fim do espetáculo, quando a Lua reaparecer, pois já terá amanhecido por aqui.
 O eclipse vai começar às 3h da manhã. Por volta das 4h, se inicia a fase total do eclipse, quando a Lua some atrás da sombra da Terra. Às 5h24, o satélite começa a sair da escuridão, e ressurge inteiramente às 6h33.
 No dia 8 de outubro haverá outro eclipse total da Lua. Mas este terá início quando o dia estiver clareando para nós, por volta das 6 da manhã, de modo que a maior parte do território nacional não vai ver nada. Quem estiver no Amazonas, Acre, Roraima, Rondônia e em parte do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará e Amapá pode conseguir observar o comecinho do evento.
 Segundo Gustavo Rojas, astrofísico da Universidade Federal de São Carlos, apesar de comum, esse evento não ocorre anualmente, pois depende das configurações de ciclo da Terra, da Lua e do Sol. Em 2013, por exemplo, nenhum eclipse total lunar foi observado. Quando eles acontecem, costumam ser dois no mesmo ano.

Eclipses solares

Dois elipses solares estão previstos para 2014, mas eles poderão ser conferidos no Brasil apenas por fotos. O primeiro vai escurecer o céu da Austrália em pleno dia, em 29 de abril. Será um eclipse anular, fenômeno em que a Lua entra na frente do Sol e não o cobre totalmente, deixando um anel de luz ao seu redor. Isso acontece porque a Lua estará em um ponto mais distante da Terra, fazendo com que o satélite pareça menor para nós. À luz do dia, animais começarão a agir como se começasse a anoitecer e estrelas poderão ser vistas no céu.
 O segundo eclipse solar, em 23 de outubro, será parcial, quando a Lua não fica exatamente na frente dele, e poderá ser visto apenas no Oceano Pacífico e no Alasca.

Chuvas de meteoros

Esses fenômenos anuais acontecem quando a Terra atravessa uma região que já foi (ou ainda é) trajeto de um cometa. Isso porque, ao se aproximar do Sol, o cometa perde matéria e deixa um rastro pelo caminho. Quando essa matéria entra na atmosfera da Terra e queima, ela se torna uma chuva de meteoros.
 Os principais episódios vistos do Brasil serão Eta Aquarídeos, em 5 de maio; Delta Aquiarídeos, em 28 de julho; Orionídeos, em 22 de outubro; e Geminídeos, em 13 de dezembro. O fenômeno é visível a partir da meia-noite – antes do amanhecer é o melhor horário para avistá-lo – sempre na direção Leste.
 Segundo Gustavo Rojas, é preciso olhar para o céu bastante tempo para avistar as chuvas, pois os meteoros podem aparecer em intervalos de tempo longos. Se a Lua iluminar o céu, a visão será prejudicada. As chuvas dos Eta Aquarídeos, em maio, e a dos Orionídeos, em outubro, ocorrem em virtude da passagem pelo rastro deixado pelo cometa Halley.

Planetas em oposição


Quando um planeta está em oposição em relação ao Sol, é o melhor momento para observá-lo. Aqui da Terra, conseguimos ver a oposição de Marte, Júpiter e Saturno, que ficam visíveis, cada um no seu período de oposição, durante toda a noite. Urano e Netuno, mesmo ficando mais brilhantes, não atingem o nível suficiente para serem vistos a olho nu, enquanto Mercúrio e Vênus, por estarem mais perto do Sol do que a Terra, nunca ficam em oposição para nós – embora ambos sejam normalmente visíveis.
 Para observar um planeta em oposição, deve-se olhar, no começo da noite, na direção Leste, onde o Sol nasce. O ponto mais brilhante será o planeta. Marte fica em oposição no dia 8 de abril, e Saturno em 10 de maio. O período de oposição de Júpiter aconteceu no início desse ano, em 5 de janeiro. O fenômeno é mais visível duas semanas antes e depois da data fixada.

Cometa Siding Spring


O cometa esperado para 2014 não vai passar perto da Terra, mas de Marte. Trata-se do Siding Spring, que foi descoberto em 3 de janeiro de 2013 pelo astrônomo escocês-australiano Robert H. McNaught.
 A princípio, pensava-se que ele poderia colidir com o planeta vermelho, mas a Nasa já considera essa hipótese praticamente descartada: em abril no ano passado, a chance de colisão foi estimada em uma para 120 000. A aproximação máxima do cometa a Marte está prevista para 19 de outubro, quando ele estará a 110.000 quilômetros do planeta. "Essa distância equivale a pouco mais de um terço da existente entre a Terra e a Lua. Nunca houve um cometa passando tão perto assim da Terra", explica Gustavo Rojas.
 A passagem do Siding Spring pode envolver Marte em uma nuvem de poeira e pequenas rochas liberadas pelo cometa, o que pode provocar um efeito visual bonito, mas também causar danos aos equipamentos que orbitam o planeta vermelho, como a sonda Mars Orbiter, lançada em novembro do ano passado pela Organização de Pesquisas Espaciais da Índia e os robôs exploradores Opportunity e Curiosity.

Sonda Rosetta


O ano de 2014 prevê uma grande inovação para a ciência espacial: a sonda Rosetta, desenvolvida pela Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) vai realizar o primeiro pouso em um cometa. Em 20 de janeiro, Rosetta foi reativada, depois de 957 dias "hibernando" no espaço. Lançada em 2004, ela vai se aproximar em agosto do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko e, depois de analisar sua superfície, vai liberar a sonda Philae, que deve pousar na superfície do cometa em novembro deste ano. Rosetta vai acompanhar o cometa em sua viagem em direção ao Sol, para monitorar as mudanças que acontecerão no corpo celeste durante este trajeto, até que ele atinja o ponto mais próximo do Sol, em agosto de 2015. Por serem "sobras" da formação do nosso Sistema Solar, a composição dos cometas pode dar pistas importantes sobre o surgimento da vida na Terra e a evolução do Universo.

Satélite Gaia


Conhecido como “cartógrafo da galáxia”, o satélite Gaia, da Agência Espacial Europeia, foi lançado no dia 19 de dezembro do ano passado, a bordo de um foguete russo Soyuz. Em uma missão que deve durar cinco anos, seu principal objetivo é fazer o mais preciso mapa tridimensional da Via Láctea, permitindo que os astrônomos determinem a origem e a evolução de nossa galáxia. Gaia vai fazer observações de um bilhão de estrelas, registrando sua posição e movimentação, bem como  temperatura, luminosidade composição. "Será uma pesquisa muito importante, porque a gente não conhece muito bem a distância das estrelas, vamos poder ver com precisão toda a galáxia. Vai levar um tempo para coletar os dados, mas talvez até o fim do ano já seja feito algum anúncio importante relacionado a este satélite", afirma Gustavo Rojas.

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