A revista "Biological Conservation" publicou em sua mais recente edição, a conclusão de um estudo da Universidade de Alberta, que os ursos da Baía de Hudson, no Canadá, podem entrar em extinção nas próximas décadas com o derretimento do gelo ártico e a redução do tempo de caça.
Até agora as previsões sobre a sobrevivência da espécie eram pouco mais do que chutes a esmo, porém esta pesquisa da universidade foi a primeira a calcular a sobrevida dos ursos na baía com base em um modelo matemático. A fórmula combina o peso dos animais e sua capacidade de armazenamento de energia. Estes índices são conhecidos pela análise do ritmo de encolhimento do gelo flutuante e pelo tempo que o animal sobrevive sem caçar.
Os animais da baía, uma das 19 subpopulações existentes no Ártico, estão perdendo gordura e massa corporal conforme diminui o período em que passam sobre a camada de gelo flutuante. É neste local que eles caçam suas principais presas -, as focas. O urso precisa acumular gordura suficiente no inverno, período em que o gelo está no auge, para sobreviver no verão, quando esta camada retrai para o litoral, impossibilitando a procura por comida.
O gelo, no entanto, tem se formado mais tarde no outono e derretido antes do previsto na primavera. Assim, os ursos têm gasto, em média, três semanas a mais em solo firme por ano, em relação ao que era registrado nos anos 80.
O aumento do jejum provoca mudanças visíveis no corpo da espécie. A redução do peso é em média, de 27 kg. As fêmeas perderam 10% do seu comprimento e a população da baía diminuiu de 1200 para 900 em poucas décadas.
Se o declínio da camada de gelo continuar como consequência natural do aquecimento global, teme-se que os ursos resistam, no máximo até 30 anos. A dependência que os ursos têm das camadas de gelo é há muito conhecida, o que tornou a espécie um ícone entre os militantes contra o aquecimento global!
Fonte: O Estadão online
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