Dos 81 anos que viveu, a Rainha Vitória da Inglaterra (1819-1901) passou 6,5 deles grávida de 9 filhos. Uma tortura para quem achava a gestação insuportável, temia o parto e achava os recém nascidos feios.
Educada em alemão e sem nunca falar inglês perfeitamente, a mulher de ar sisudo foi alvo de cinco atentados em seus primeiros anos de gestão. Apesar da antipatia de seu povo, em seus 36 anos de reinado (o mais longo do país) a Inglaterra tornou-se símbolo de prosperidade militar, industrial e política. Mas, apesar de tudo, Vitória foi mãe! No parto dos dois últimos herdeiros, ela conquistaria outro feito: o uso de uma técnica revolucionária de anestesia.
No século 19, no entanto, sentir a dor do parto era fundamental. A explicação está na tradição cristã: "depois de comer o fruto proibido, Eva recebe de Deus o aviso de que, como punição, passaria a dar a luz em meio a dores" (Gênesis). A própria Vitória só havia se tornado rainha porque sua prima, a princesa Charlote (1796-1817), filha do rei Jorge IV (1762-1830) e herdeira do trono, morrera de hemorragia interna no terceiro parto.
Técnicas de anestesia já eram testadas nos EUA e Europa, mas eram consideradas arriscadas. Vitória e o marido, o príncipe Albert (1819-1861), estavam interessados na anestesia por clorofórmio, desde 1848. Para os nascimentos dos caçulas Leopoldo (1853) e Beatriz (1857), a monarca contratou o médico John Snow (1813-1858) e sua equipe. Desde então o avanço da anestesia para as mães foi impressionante. Em 1920, por exemplo, o clorofórmio já era usado em 90% dos partos em países de língua inglesa e alemã (terra natal de Albert).
Transparente, de cheiro forte e volátil, o produto foi descoberto em 1831. De efeito rápido, era o anestésico ideal à época.
Fonte: Aventuras na História
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