sábado, 25 de agosto de 2012

À prova de seca

A seca que atinge o Meio-Oeste dos Estados Unidos já é considerada a pior em mais de 50 anos. A elevação da temperatura e a decorrente queda na lavoura motivaram o presidente americano, Barack Obama, a anunciar na segunda-feira 13 a liberação de US$ 170 milhões para ajudar fazendeiros. Apesar das dificuldades, a quebra na safra pode render bons frutos. O receio de enfrentar mais perdas na produção dá novo fôlego para as pesquisas científicas que desenvolvem mudas mais resistentes ao calor. Um dos estudos mais inovadores vem da Universidade de Washington. Lá os cientistas analisam uma espécie de parceria entre três seres vivos que pode salvar a lavoura americana. Foi descoberto que os fungos que vivem nas raízes de uma gramínea e são contaminados por um vírus específico acabam conferindo ao vegetal a capacidade de tolerar altas temperaturas.
O sistema não funciona sem que todos os três componentes estejam presentes. “Ainda estamos tentando identificar os mecanismos de tolerância ao calor e à seca, observando o funcionamento da planta e de seus genes. Mas esse fungo atua da mesma maneira em vegetais diferentes”, disse o autor do projeto, professor Russell Rodriguez. Os benefícios podem ser observados até 24 horas depois de a espécie ser “contaminada” pelo fungo. Foi o que aconteceu em testes feitos com trigo, que passou a tolerar até 70ºC.
A possibilidade de adaptação a vários vegetais gera a esperança de que o experimento funcione em terras brasileiras e seja parte de uma solução para os problemas das vastas regiões semiáridas do País. Enquanto esse dia não chega, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) também busca um meio de criar plantas mais resistentes ao calor. Um dos projetos usa a tecnologia de manipulação genética (conforme o quadro). “Os resultados são bastante promissores. Até o fim de 2013, esperamos ter melhorias já nas variedades usadas pelos fazendeiros. Se tudo der certo, podemos disponibilizar as novas espécies no mercado em 2017”, explica Eduardo Romano, doutor em biologia molecular e pesquisador da Embrapa.
Mas não é só o aumento da área de plantio que está na mira dos pesquisadores. “Hoje, 70% da água doce do mundo é usada na agricultura. Com o número de pessoas no planeta aumentando, precisamos pensar em produzir mais alimentos sem esgotar esse recurso”, aponta Romano. Os cientistas estudam formas de matar a nossa fome sem que a gente morra de sede.
IstoÉ.com

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