Dois novos estudos conduzidos por pesquisadores da Universidade da Califórnia podem ajudar a explicar como os animais vão responder às atuais mudanças climáticas do planeta. Para isso, eles analisaram o comportamento de diversas espécies no século passado, e descobriram como cada variação no clima afetou sua migração.
O primeiro dos estudos, publicado na revista Global Change Biology, descobriu que mudanças na taxa de chuva têm uma influência maior que a prevista para conduzir a migração de pássaros para fora de seu território original. A outra pesquisa, publicada na revista Proceedings of the Royal Society B, descobriu que o clima é capaz de causar uma grande queda na população de esquilos, embora eles sejam capazes de encontrar refúgio em alguns locais.
Chuvas – Usualmente, os cientistas levam em conta apenas mudanças na temperatura para explicar a migração de espécies. No entanto, segundo os dados coletados pelos pesquisadores da Universidade da Califórnia, pelo menos 25% das espécies se movem em direções não explicadas por alterações na temperatura local.
Os pesquisadores estudaram 99 espécies de pássaros em 77 locais dentro de parques naturais e florestas dos Estados Unidos. Para isso, eles compararam dados atuais com informações recolhidas por exploradores no começo do século passado. “A temperatura não explica todas as mudanças. Somente quando incluímos dados sobre as chuvas conseguimos adequar nosso modelo para explicar os movimentos", diz Morgan Tingley, um dos autores do estudo.
A pesquisa concluiu que, enquanto o aumento na temperatura empurrava os pássaros para locais mais elevados e frescos, aumentos nas taxas de chuvas levava as espécies para regiões mais baixas. “Muitas espécies podem sentir pressões opostas da chuva e da temperatura, mas no final só uma delas ganha”, afirma o pesquisador.
No entanto, um terço das espécies de pássaros não mudou de local, apesar da pressão ambiental. “Se mover é um sinal de adaptação. Na verdade, ficamos mais preocupados com a sobrevivência das espécies que não migraram”, diz Morgan Tingley.
Esquilos – No segundo estudo, os pesquisadores analisaram a migração de uma espécie de esquilos chamada Urocitellus beldingi, que vive na oeste dos Estados Unidos. Ao usar os mesmo dados do século passado, e compará-los com medições recentes, eles descobriram que os animais desapareceram de 42% dos locais onde viviam.
A extinção foi mais comum nos lugares com temperaturas altas no inverno e grandes taxas de chuva. “Nós ficamos surpresos de ver tamanho declínio nessa espécie, que era considerada bastante comum”, disse Toni Lyn Morelli, um dos autores do estudo. Surpreendentemente, os esquilos parecem estar se dando bastante bem em locais onde a natureza foi modificada pelo homem. Por exemplo, em oásis irrigados artificalmente nas regiões secas e quentes da Califórnia.
“Juntos, os dois estudos indicam que muitas espécies estão respondendo às mudanças no clima. No entanto, as suas necessidades ecológicas e as mudanças provocadas pelos humanos tornam os resultados ainda mais complexos", diz Steven Beissinger, coordenador dos dois estudos. “Isso torna muito desafiador prever como as espécies vão responder às mudanças atuais do clima”.
Veja.com
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