Arqueólogos mexicanos do Instituto Nacional de Arqueologia e História (Inah) revelaram a descoberta de um teatro maia de 1.200 anos no sítio arqueológico de Plan de Ayutla, na região de Ocosingo, estado de Chiapas. Diferentemente de espaços similares encontrados em cidades grandiosas como Tikal e Edzná, entre outras, este se encontra dentro de um palácio e não em uma área pública, o que leva os estudiosos a crer que se tratava de um palco de uso exclusivo da elite.
“Provavelmente era um teatro exclusivo, utilizado somente pelos governantes, já que está em uma construção importante a 42 metros de altura em relação às praças destinadas ao uso público no local”, disse Luis Alberto Martos, diretor do projeto de investigação. A descoberta foi revelada ontem (28) na abertura do VII Colóquio de Arqueologia celebrado no Museu do Templo Mayor, na Cidade do México.
De acordo com Martos, essa cidade maia abrigou uma dinastia por volta de 800 a 850 d.C. que tratava de legitimar seu poder por meio de um modelo político teatralizado. As encenações eram feitas para uma plateia reduzida, já que a capacidade do teatro de Plan de Ayutla é de apenas 120 pessoas.
Sem dúvida, a audiência ali era elitizada, para poucos. Tudo leva a crer que as cenas representadas tinham caráter político, mas também conotações religiosas e simbólicas”, explicou Martos. “As sociedades maias vêm sendo definidas como ‘Estados teatrais’ justamente porque os governantes exerciam publicamente seu poder de forma dramática.” Em outras cidades maias foram achados palcos similares muito mais amplos e voltados para a população em geral.
Os arqueólogos também encontraram no teatro de Plan de Ayutla, a cerca de 130 quilômetros de Palenque, esculturas com representações de um prisioneiro e figuras emblemáticas de divindades maias, tais como milho, sol e morcego. Essas imagens decoravam a entrada do palácio onde o foro foi encontrado.
“As estruturas de estuque que encontramos nos levam a imaginar que neste espaço também eram realizadas cerimônias para submeter os prisioneiros, que eram despojados de suas roupas e adornos, tinham as unhas arrancadas e o sangue bebido. Tudo para demonstrar publicamente que a humilhação do inimigo derrotado era a exaltação dos vencedores”, disse o especialista.
Outras hipóteses a respeito do teatro também são aventadas. “Nunca saberemos, porém, se o governante que o mandou edificar era apreciador das artes cênicas, por exemplo. Mas tampouco podemos descartar essa possibilidade.” O que os arqueólogos podem afirmar é que a cidade de Plan de Ayutla, em Chiapas, foi ocupada por um longo período, de 150 a.C. a 1.100 d.C. “Tudo indica que o local foi abandonado entre 1.000 e 1.100 d.C. em um processo que culminou em grande violência”, disse Martos.
Os maias dominaram por aproximadamente três milênios grande parte do México e da América Central, onde estabeleceram imponentes cidades-Estado como Tikal, Cobá, Quiriguá, Copán, Dos Pilas, Palenque, Calakmul, Chichén-Itzá, Uxmal, Cancuén, Tulum e tantas outras.
National Geographic
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