terça-feira, 14 de agosto de 2012

Cientistas detectam ejeção de plasma intensa no Sol

No dia 23 de julho, uma nuvem massiva de plasma foi expelida pelo lado direito do Sol em direção ao espaço. Em seu caminho, ela passou por uma das naves do Observatório de Relações Terrestres (Stereo, na sigla em inglês), da Nasa, que pôde medir as características da ejeção da massa coronal. Segundo os cientistas da agência espacial americana, a velocidade da massa quando saiu do sol ficou entre 2.900 a 3.540 quilômetros por segundo, uma das maiores já registradas.
O fenômeno chamou a atenção por ser o mais forte já captado pelo Stereo, lançado em 2006. Um evento tão intenso deve ajudar os cientistas e entender as causas por trás dele e como sua atuação afeta o espaço em torno do Sol. “Essa velocidade o coloca sem sombra de dúvida como uma das cinco maiores ejeções de massa coronais já medidas por qualquer veículo espacial”, diz Alex Young, pesquisador da Nasa. “E se ela tiver atingido a velocidade de 3.540 quilômetros por segundo, é provavelmente a mais rápida”.
A EMC, Ejeção de Massa Coronal, é uma situação perigosa pois afeta algo vital do sistema tecnológico que é a eletricidade. Diante de uma explosão perfeita, que aponta direto para a terra, poderíamos viver momentos extremamente complicados. Perderíamos satélites, aviões poderiam perder a capacidade de navegar automaticamente, navios em alto-mar perderiam o apoio do GPS e teriam que usar o sextante usando a orientação astronômica para não perderem o rumo.
O assunto é tão sério que a NASA criou o ‘ Projeto Stereo ‘, com a missão de identificar ejeções em direção ao Planeta Terra e gerar alertas num prazo hábil para que sejam tomadas medidas de emergência.
A missão Stereo é constituída por duas naves com órbitas que as permitem capturar imagens do Sol que são impossíveis da Terra. No dia 23 de julho, o Stereo-A estava, da perspectiva da Terra, do lado direito e um pouco atrás do Sol – o local perfeito para observar a explosão.
Encontrar uma ejeção de massa coronal a essa velocidade é realmente muito raro”, diz Rebekah Evans, cientistas espacial da Nasa. "Agora nós temos a chance de estudar esse poderoso fenômeno espacial, para melhorar nosso entendimento sobre o que causa essas grandes explosões”.
Na foto acima, podemos perceber o esquema stereo. Pretendem criar uma imagem tridimensional das explosões, pois só assim conseguem determinar a direção da ejeção coronal. Antes, com monitoramento a partir de um só satélite, era possível ver as explosões, mas não sabiam a direção do deslocamento da massa coronal
Campo magnético - Dezessete horas depois da explosão, o Stereo A foi atingido pela massa expelida do Sol, e conseguiu captar mais informações sobre o fenômeno. Ele mediu, por exemplo, a força de seu campo magnético, que foi quatro vezes maior que os registrados nas ejeções de massa coronais mais comuns.
Quando uma massa com campos magnéticos fortes passa perto da Terra, ela pode causar tempestades geomagnéticas. Esses eventos são capazes de atrapalhar a operação dos satélites e, nos casos mais graves, afetar a rede de energia do planeta. Em 1859, a maior tempestade solar já registrada queimou linhas de telégrafo e afetou as comunicações nos Estados Unidos e na Europa.
Toda essa atividade solar foi produzida por uma região solar muita ativa, que os cientistas da Nasa têm observado há três semanas. “A região foi chamada de AR 1520, e produziu quatro ejeções de massa coronais fortes na direção da Terra, antes de sair de vista”, disse Rebekah Evans.
EJEÇÃO DE MASSA CORONAL O fenômeno solar conhecido como 'ejeção de massa coronal' é o responsável por ejetar bolhas de plasma do Sol, mas precisamente da coroa solar (envoltório luminoso do astro, observado apenas durante eclipses), ao longo de várias horas. O plasma ejetado, constituinte dessa coroa solar, é composto primariamente de elétrons e prótons, com pequenas quantidades dos elementos químicos hélio, oxigênio e ferro.

PROJETO SOHO
O satélite Soho, que monitora o Sol 24 horas por dia, comprova que essas explosões não são raras. Na verdade, elas vão se tornando mais comuns à medida que o Sol se aproxima do período de máxima atividade solar.
Esse período ocorre a cada 11 anos e é revelado pelo aumento do número de manchas solares. Desde agosto deste ano, o Sol iniciou sua caminhada em direção ao máximo, que deve ocorrer em 2012. Até lá, o número de manchas deve ir aumentando progressivamente, bem como a quantidade de tempestades solares como esta.
Mesmo quando essas tempestades ocorrem na direção da Terra, elas não ameaçam nossa saúde. O cinturão magnético que envolve nosso planeta é capaz de reter quase toda a carga de partículas emitidas pelo Sol e as transforma em auroras. Nossa atmosfera também consegue nos blindar dos pulsos de raios X emitidos nessas ocasiões. Só que muitas vezes são danificados satélites em órbita da Terra, as comunicações são afetadas e já aconteceu de linhas de transmissão e estações de geração de energia elétrica serem inutilizadas depois de uma tempestade solar intensa. Esses efeitos ocorrem em altas latitudes, próximo aos pólos magnéticos da Terra.
Um dos objetivos do Soho é antecipar a chegada dessas ejeções de massa e preparar os satélites mais sensíveis. Em geral eles são desligados e colocados em modo de segurança.
Veja.com

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