O método de corte e queima das florestas foi usado durante muito tempo como ferramenta para abrir espaço para o pasto. Até 1973, as queimadas consumiram grande parte da Mata Atlântica no Brasil — ela diminuiu de 1,3 milhão para apenas 100.000 quilômetros quadrados. O resto virou carvão. Mais precisamente: entre 200 e 500 milhões de toneladas de carvão vegetal, que estão até hoje espalhados pelo solo. Essa é a estimativa de uma pesquisa publicada na revista Nature Geoscience, feita em parceria por pesquisadores do Instituto Max Planck, na Alemanha, e da Universidade Estadual do Norte Fluminense. Segundo os cientistas, ainda hoje esse carvão é lavado pelas chuvas, carregado pelos rios e jogado no mar.
O estudo começou quando os pesquisadores perceberam uma grande quantidade de carvão dissolvido na água do Oceano Atlântico. De início, eles pensaram que se tratava do resultado da queima da cana de açúcar. No entanto, ao fazer os cálculos, eles descobriram que a queima da cana gerava apenas entre 190 e 740 toneladas de carvão por ano. Somente a quantidade encontrada na água do Rio Paraíba do Sul, que banha os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, onde havia grande presença de Mata Atlântica no passado, era entre três e dezesseis vezes maior.
Os cientistas conseguiram demonstrar que o carvão, dissolvido na água das chuvas, continua a chegar até os rios da região, apesar de a queima sistemática da floresta ter acabado em 1973. Eles calculam que, todos os anos, entre 50.000 e 70.000 toneladas de carvão são retiradas dos solos onde ficavam as florestas e enviadas ao mar.
Segundo os pesquisadores, a quantidade de carvão dissolvido nos oceanos deve continuar crescendo com o passar do tempo. No entanto, eles ainda não sabem dizer quais podem ser as consequências disso para o meio ambiente e os animais marinhos.
Veja.com
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