Os animais que vivem em fragmentos da Mata Atlântica isolados das áreas florestais mais amplas estão morrendo em um ritmo mais acelerado do que se imaginava, segundo um estudo publicado nesta terça-feira (14).
"Descobrimos um ritmo alarmante de extinções locais", disseram os pesquisadores britânicos e brasileiros em artigo no site científico PLOS ONE.
Eles visitaram 196 fragmentos da Mata Atlântica que ficaram isolados por causa do avanço de cidades, estradas e campos agrícolas.
Cada trecho isolado, com áreas entre 1 e 5.000 hectares, tinha em média apenas 4 das 18 espécies de mamíferos que eram procuradas pelos cientistas - bichos como bugios, saguis e catetos.
Os queixadas, por exemplo, uma espécie de porco-do-mato, "foram completamente extintos, enquanto jaguatiricas, antas, muriquis e tamanduás-bandeiras estavam virtualmente extintos", disse a equipe.
As estimativas anteriores sobre a fauna desses trechos isolados, com base no tamanho de cada fragmento, previam uma sobrevivência maior dos animais, segundo o estudo. Mas aquelas estimativas subestimavam persistentes fatores humanos, como queimadas e a caça.
Essa é uma má notícia para a conservação", disse à Reuters o professor Carlos Peres, da Universidade de East Anglia, na Grã-Bretanha. Muitos animais, segundo ele, sumiram mesmo em áreas de mata que eram consideradas grandes e intactas.
Segundo Peres, o ritmo de redução da fauna na Mata Atlântica pode estar acontecendo também em países como Indonésia, Gana e Madagascar.
Segundo Peres, o ritmo de redução da fauna na Mata Atlântica pode estar acontecendo também em países como Indonésia, Gana e Madagascar.
Os cientistas disseram que é necessário um esforço de conservação, e que o estudo mostrou uma maior resistência da fauna em cinco remanescentes florestais protegidos como parques. "Esse estudo é um aval muito grande e positivo para mais áreas protegidas", disse Peres.
Ele declarou que também poderia haver tentativas de mensurar o valor econômico das florestas, incluindo-as, por exemplo, na luta contra a mudança climática.
As florestas vivas absorvem o dióxido de carbono, principal dos gases do efeito estufa, e liberam esse material quando são queimadas ou apodrecem; entre 12 e 20 por cento dos gases do efeito estufa emitidos por atividades humanas vêm do desmatamento. A queima de combustíveis fósseis responde pela maior parte do restante.
Quase 200 países discutem atualmente formas de proteger as florestas por meio de um programa da ONU chamado REDD (Redução de Emissões pelo Desmatamento e Degradação florestal), que imporia um preço ao carbono armazenado nas árvores dos países em desenvolvimento, incluindo, por exemplo, as florestas nos esquemas de créditos de carbono.
Peres disse que "degradação" no jargão da ONU se refere principalmente à extração de madeira, mas deveria abranger também ameaças à fauna. "Minha missão é colocar a vida selvagem e a biodiversidade nesse segundo D de REDD."
IG Ciência
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