Os autores do estudo projetaram o impacto das temperaturas crescentes em mais de
600 espécies, entre 2001 e 2050. Segundo eles, águas mais quentes têm menor
nível de oxigênio, o que leva a peixes com tamanho consideravelmente menor.
Sendo assim, eles concluem, o controle das emissões de gases do efeito estufa
pode impactar mais ecossistemas do que se pensava.
Pesquisas prévias apontavam que mudanças na temperatura oceânica afetariam
tanto a localização quanto a procriação de diversas espécies de peixes. O novo
estudo, porém, joga luz sobre o peso dos peixes.
Para avaliar isso, os cientistas montaram um modelo que identifica como os
animais reagem à redução do nível de oxigênio na água, usando dados do Painel
Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).
Metabolismo
Ainda que os dados apontem para uma mudança pequena na temperatura da água no
fundo dos oceanos, o impacto disso é grande no que diz respeito ao tamanho dos
peixes.
"O aumento da temperatura eleva diretamente a taxa metabólica do corpo dos
peixes", disse à BBC News William Cheung, da Universidade da Colúmbia Britânica
(Canadá), autor da pesquisa. "Isso demanda mais oxigênio para a realização de
funções corporais comuns. Faltará oxigênio para o crescimento, e o peixe terá um
corpo menor."
A equipe de pesquisa também usou seu modelo para tentar prever a migração de
peixes por conta do aquecimento das águas e concluiu que a maioria das
populações irá em direção aos polos. Sendo assim, alguns mares frios terão de
peixes pequenos comuns em águas tropicais.
Mas a pesquisa faz a ressalva de que há incertezas nas previsões de mudanças
climáticas e oceânicas e isso pode afetar o modelo apresentado. Sendo assim, diz
Cheung, são necessários novos estudos. "Precisamos olhar com mais cuidado para a
resposta biológica (dos peixes) no futuro", diz ele.
Ao mesmo tempo, outros cientistas alertam para o impacto disso na produção
pesqueira. "Indivíduos menores vão produzir ovos menores e em menor quantidade,
o que afetará o potencial reprodutivo dos cardumes e reduzirá sua resistência à
pesca e à poluição", afirma Alan Baudron, da Universidade de Aberdeen
(Grã-Bretanha), estudioso de cardumes no Mar do Norte.
Exame.com
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