Os chineses chamam as cinco ilhotas de Diaoyu. Os japoneses, de Senkaku. Mas a disputa entre China e Japão pela posse deste pequeno arquipélago extrapola as diferenças da língua, como mostraram os violentos protestos que, na semana passada, varreram mais de 100 cidades da China. Foram as maiores manifestações desde o restabelecimento das relações diplomáticas entre os países, em 1972. Nos últimos dias, a tensão aumentou depois da compra, por parte do governo japonês, de três das cinco ilhas. Os chineses, já bastante sensibilizados pelas celebrações de 18 de setembro (data que marca a invasão da região da Manchúria, em 1931, por tropas japonesas), ficaram enfurecidos. Além de trazer de volta uma rivalidade secular, a briga tem sérias implicações econômicas. Embora pareçam apenas porções de rocha desabitadas, as ilhas possuem ricas reservas de gás e petróleo que jazem ao seu redor. Daí o fato de serem tão cobiçadas.
China e Japão, respectivamente a segunda e a terceira maiores economias do mundo, dependem profundamente de suas importações de combustível. Segundo dados de Michael Klare, professor de estudos da paz e da segurança mundial do Hampshire College, nos Estados Unidos, a China importa 58% do petróleo e 22% do gás natural que consome todos os anos. No Japão, esses índices são de quase 100%. Além disso, o leste asiático é muito pobre em recursos naturais – possui apenas 3% das reservas mundiais de petróleo e 8% das de gás. Nesse cenário, é compreensível que as pequenas ilhas Diaoyu/Senkaku sejam alvo de disputa. Desde 1968, quando surgiram indícios de jazidas naquela região, a China mostra interesse em controlar o arquipélago anexado unilateralmente pelo Japão, em 1895.
China e Japão, respectivamente a segunda e a terceira maiores economias do mundo, dependem profundamente de suas importações de combustível. Segundo dados de Michael Klare, professor de estudos da paz e da segurança mundial do Hampshire College, nos Estados Unidos, a China importa 58% do petróleo e 22% do gás natural que consome todos os anos. No Japão, esses índices são de quase 100%. Além disso, o leste asiático é muito pobre em recursos naturais – possui apenas 3% das reservas mundiais de petróleo e 8% das de gás. Nesse cenário, é compreensível que as pequenas ilhas Diaoyu/Senkaku sejam alvo de disputa. Desde 1968, quando surgiram indícios de jazidas naquela região, a China mostra interesse em controlar o arquipélago anexado unilateralmente pelo Japão, em 1895.
A complexa crise atual, no entanto, não se explica somente pela corrida por recursos naturais. “Muitos chineses conservam sentimentos hostis contra o Japão como resultado da humilhação da China na Segunda Guerra Mundial”, afirma o professor Klare. “A disputa pelas ilhas se tornou um para-raios para essa hostilidade.” Os governos dos dois países não hesitaram em capitalizar o nacionalismo que emergiu com o confronto e acabaram agravando a situação. Bonnie Glaser, professora de estudos chineses do Center for Strategic and International Studies, nos Estados Unidos, acredita que os protestos na China podem ter sido encorajados pelo governo, acostumado a impor estreitos limites à liberdade de expressão. “Permitir que as pessoas desabafem contra um governo estrangeiro, em vez de atacarem as lideranças chinesas, é desejável”, afirma Bonnie,“mas pode também facilmente sair do controle”.
Por pouco não saiu. As manifestações forçaram o fechamento de empresas japonesas que atuam na China e levantaram receios no mercado sobre o impacto econômico de um possível rompimento entre Pequim e Tóquio. Panasonic, Canon, Honda, Nissan, Toyota, Sony e muitas outras marcas japonesas que deslocaram suas operações para o território chinês em virtude dos baixos custos de produção tiveram de suspender as atividades, receosas de possíveis ataques. Elas também estão sendo alvo de campanhas de boicote que podem minar as férteis relações econômicas entre os dois países. A China é o primeiro parceiro comercial do Japão e o Japão, o terceiro parceiro mais importante para a China. Um conflito aberto, portanto, colocaria em risco o crescimento econômico e também a estabilidade política. “É possível que o governo chinês tome medidas para punir o Japão, mas isso é muito arriscado”, afirma a professora Bonnie Glaser. “É quase impossível ferir a economia japonesa sem ferir também a economia chinesa.”
Não só China e Japão sairiam machucados de um possível enfrentamento. Os Estados Unidos, que mantêm um acordo de defesa mútua com o Japão, se viram obrigados a sinalizar que não pretendem colocar em risco as estreitas relações econômicas com Pequim. “Encorajamos os dois lados a manter canais abertos de comunicação para resolver as disputas de maneira pacífica”, disse o secretário de Defesa, Leon Panetta. Apesar do discurso conciliador, Panetta, que estava viajando pela região no momento em que a crise explodiu, não conseguiu fugir das acusações de que a anexação de
Por pouco não saiu. As manifestações forçaram o fechamento de empresas japonesas que atuam na China e levantaram receios no mercado sobre o impacto econômico de um possível rompimento entre Pequim e Tóquio. Panasonic, Canon, Honda, Nissan, Toyota, Sony e muitas outras marcas japonesas que deslocaram suas operações para o território chinês em virtude dos baixos custos de produção tiveram de suspender as atividades, receosas de possíveis ataques. Elas também estão sendo alvo de campanhas de boicote que podem minar as férteis relações econômicas entre os dois países. A China é o primeiro parceiro comercial do Japão e o Japão, o terceiro parceiro mais importante para a China. Um conflito aberto, portanto, colocaria em risco o crescimento econômico e também a estabilidade política. “É possível que o governo chinês tome medidas para punir o Japão, mas isso é muito arriscado”, afirma a professora Bonnie Glaser. “É quase impossível ferir a economia japonesa sem ferir também a economia chinesa.”
Não só China e Japão sairiam machucados de um possível enfrentamento. Os Estados Unidos, que mantêm um acordo de defesa mútua com o Japão, se viram obrigados a sinalizar que não pretendem colocar em risco as estreitas relações econômicas com Pequim. “Encorajamos os dois lados a manter canais abertos de comunicação para resolver as disputas de maneira pacífica”, disse o secretário de Defesa, Leon Panetta. Apesar do discurso conciliador, Panetta, que estava viajando pela região no momento em que a crise explodiu, não conseguiu fugir das acusações de que a anexação de
Diaoyu/Senkaku faz parte de uma estratégia americana para aumentar sua presença na região. Nem poderia. Durante sua passagem por Tóquio, ele anunciou um plano para a construção de um segundo sistema de defesa antimíssil no país aliado. A notícia inflamou ainda mais os ânimos dos chineses, que não hesitaram em invadir a zona marítima japonesa com seis navios de patrulha. O ódio parece mesmo não ter fim.
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