sábado, 1 de dezembro de 2012

Promessas para conter emissões de gases não são suficientes, diz estudo

As políticas das principais nações são insuficientes para limitar o aquecimento global e os Estados Unidos estão fora do rumo até mesmo na promessa fraca de limitar as emissões de gases de efeito estufa, mostrou um estudo científico divulgado nesta sexta-feira (30) em Doha, no Qatar, onde acontece a conferência climática da ONU, a COP 18.
O relatório divulgado nos bastidores de negociações sobre a mudança climática, informa que um endurecimento das políticas ainda era possível para evitar inundações prejudiciais, ondas de calor e elevação dos mares.
Os grandes emissores China, Estados Unidos, União Europeia e Rússia têm classificações "inadequadas" para os seus planos de limitar o aquecimento global a um teto acertado com a ONU de menos de 2 ºC acima dos níveis pré-industriais.
Entre os maiores emissores, apenas o Japão e a Coreia do Sul têm políticas formais para os cortes que eram "suficientes". O Brasil tem classificação "média" no estudo, assim como Índia e Indonésia.
Somando-se todos os compromissos nacionais e tendo em conta o aumento das emissões, o mundo estava caminhando para um aquecimento de cerca de 3,3 ºC, segundo o estudo. "Estamos fora do rumo e os Estados Unidos provavelmente não vão cumprir a sua promessa", disse Niklas Hoehne, do grupo de pesquisa Ecofys, que compila o estudo com o Instituto Potsdam para Pesquisa do Impacto Climático.
Ele disse ainda que os outros principais emissores estavam no caminho para, pelo menos, cumprir as restrições prometidas nas emissões até 2020, como parte dos esforços para evitar uma mudança grave que iria prejudicar a água e os alimentos.
Alerta já foi feito pelo Pnuma Relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) divulgado no dia 21 fez o mesmo alerta. O documento afirmava que, mesmo se os países aplicarem até 2020 políticas públicas que ajudem a reduzir a emissão de gases de efeito estufa, o limite máximo proposto pelos cientistas para aquela data terá sido ultrapassado.
De acordo com o relatório “A lacuna das emissões”, em tradução livre do inglês, mesmo que todos os países cumpram nos próximos oito anos o que foi prometido em acordos climáticos firmados em conferências da ONU, delineados dentro da Convenção da ONU para Mudança Climática (UNFCCC, na sigla em inglês), eles ainda emitiriam 8 bilhões de toneladas (gigatoneladas) de gases a mais que o limite proposto para 2020.
 teto de emissões fixado por cientistas para 2020 é de 44 gigatoneladas de CO2 equivalente (medida que soma a concentração de dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e outros gases).
Obama quer cortar emissões
O presidente norte-americano, Barack Obama, pretende reduzir as emissões dos EUA em 17% abaixo dos níveis de 2005, até 2020. Em entrevista realizada no último dia 14, o presidente reeleito afirmou que uma agenda política sobre o tema será criada em breve.
O chefe da delegação dos EUA em Doha, Johnathan Pershing, reafirmou a meta e disse que Washington vem fazendo "enormes" esforços.
Mas o Senado dos EUA nunca ratificou a promessa de Obama, feita em 2009. Hoehne afirmou que os Estados Unidos poderiam intensificar a ação reduzindo as emissões de usinas de carvão existentes, dando mais incentivos para energias renováveis ou códigos de construção mais difíceis.
Pershing disse que as emissões dos EUA parecem ter atingido o pico, estimuladas por políticas de energia limpa de Obama. A meta dos EUA está sendo ajudada por uma mudança do carvão para o gás de xisto, menos poluente, e por uma desaceleração econômica.
"Dois graus é viável. É possível, mas temos que começar agora, não esperar até 2020 para agir", disse Bill Hare do Análises Climáticas. "Quanto mais você esperar, mais difícil fica", disse Michiel Schaeffer, também do Análises Climáticas.
G1

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