A sonda Cassini, das agências espaciais Europeia (ESA, na sigla em inglês) e
americana (a Nasa), registrou o que parece ser um rio na lua Titã, de Saturno. O
curso seguiria por cerca de 400 km, afirmam os cientistas.
Titã é o único corpo do Sistema Solar, além da Terra, a ter líquidos estáveis
em sua superfície. Só que, ao invés de água, a lua tem hidrocarbonetos - como
etano e metano - em seus rios e lagos.
Segundo a missão, é a primeira vez que se registra um sistema de rios tão
grande e complexo fora do nosso planeta. Os cientistas acreditam que os
hidrocarbonetos líquidos preenchem o curso porque ele aparece escuro nos
registros do satélite. O rio acaba no mar Kraken que, em tamanho, estaria entre
os mares Cáspio e Mediterrâneo.
"Apesar de alguns desvios pequenos e locais, a relativa linearidade do vale
do rio sugere que ele segue o trajeto de ao menos uma falha (geológica), similar
a outros grandes rios na margem sul do mesmo mar de Titã", diz Jani Radebaugh,
do time de pesquisadores da missão.
Outros registros interessantes sobre o ciclo dos hidrocarbonetos líquidos de
Titã já foram feitos. Em 2010, por exemplo, o registro de regiões escurecidas na
superfície da lua indicava que havia ocorrido uma recente pancada de chuva no
local. Em 2008, a Cassini confirmou a existência de um lago de etano líquido no
hemisfério sul.
"Esta imagem nos dá uma vista de um mundo em movimento. A chuva cai, e rios
movem essa chuva para lagos e mares, onde ela evapora e começa o ciclo todo de
novo. Na Terra, o líquido é água; em Titã, é metano, mas em ambos os casos, isso
afeta quase tudo que ocorre", diz Steve Wall, do Laboratório de Propulsão a Jato
(JPL) da Nasa.
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