As empresas estão fazendo produtos que agridem menos o meio ambiente, sem aumentar o preço. Parece ótimo! Então por que tão pouca gente compra? Há pouca dúvida de que o mundo enfrenta problemas ambientais sérios. Muitas empresas dizem estar investindo em ações responsáveis, seja como forma de economia (usando os recursos de modo mais eficiente), seja pelo marketing (projetando a imagem de empresa amiga da Terra). Mas a respostas a essas ações é fraca.
A "sustentabilidade ainda é algo distante do que vivemos", afirma o presidente do Instituto Akatu para o consumo consciente. Uma pesquisa do Akatu revela que 80% das pessoas dizem valorizar os produtos verdes. Mas só 30% delas concretizam suas intenções no ato da compra. Há uma longa distância do propósito e da ação.
Por um lado, alguns desses produtos ecologicamente melhores exigem mudanças de hábitos de consumo. Por exemplo o sabão em pó ecológico Procter&Gamble, as pessoas resistem porque o detergente usa 30% menos água que um comum. Sua fórmula faz menos espuma e, assim, dispensa o último enxágue. Mas ele não fez o sucesso esperado, inclusive, estes produtos são bem mais baratos.
Para vencer o apego ao costume, seria necessário um investimento eficiente em marketing. Um estudo feito por uma agência de publicidade mostra que as empresas abusam dos clichês. São projetadas para chamar a atenção, mas acabam distanciando do problema e deixando os consumidores céticos.
Mais devastador do que a falta de informação é a informação que não ajuda o consumidor a se orientar. A queixa é de que a gente é bombardeada por informações sobre a degradação ambiental do planeta. Difícil é saber como transformar essa preocupação em critérios para discriminar os produtos no supermercado. O que é melhor, um alimento embalado em plástico (teoricamente reciclável), em lata (que se decompõe na natureza) ou em vidro (que pode ser reutilizado)? Não há resposta para isso hoje.
Se você quer economizar energia, procura o selo Procel nos eletrodomésticos. Mas não existe um selo geral para produtos verdes. Resultado: Analfabetos ecológicos! Para divulgar seus esforços pró-planeta, as empresas precisam entregar a informação mastigada. Não é o que acontece.
Um pequeno exemplo: O amaciante Confort concentrado - tem um quarto do tamanho do convencional e custa 20% menos. Foi um dos pioneiros a mudar. Por ser menor, economiza 79% de água, 58% de plástico na embalagem e 67% dos caminhões no transporte.
Óleo Liza - mudou a embalagem e os processos produtivos: economia de 26% no consumo de água, 18% no consumo de energia elétrica e 10% na quantidade de matéria-prima plástica na produção de garrafas.
Pinho Sol - Mudou a embalagem e os processos produtivos: redução de 15% da gramatura da tampa, utilização de PET reciclado na embalagem e 45% de papelão reciclado nas caixas de transporte.
E por aí vai... Estamos perdendo muito com a falta de uma informação eficaz. Algumas empresas estão tentando fazer a sua parte, mas o consumidor ainda não está suficientemente esclarecido. Com o consumo dos produtos verdes já disponíveis, estaríamos forçando outros e mais outros a aderirem até manter um padrão.
(revista Época)
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