sábado, 3 de dezembro de 2011

Cientistas estudam técnicas para interferir nas mudanças climáticas

Em um período de grande preocupação com o aquecimento global, um grupo de cientistas, filósofos e juristas estuda se intervenções humanas poderiam esfriar artificialmente a Terra – e também o que acontecia se os métodos funcionassem.
Relatório publicado nesta semana em Londres e discutido na Conferência de Mudanças Climáticas, na África do Sul, afirma que – em teoria – a reflexão de uma pequena quantidade de luz do sol de volta para o espaço antes que ela chegue na superfície da Terra teria um efeito imediato. Para conseguir tal façanha seria necessário clarear nuvens com a água do mar, ou borrifar aerossóis no alto da estratosfera, ou ainda pintar telhados de branco.
De acordo com os pesquisadores, dentro de poucos anos, a temperatura global voltaria para níveis de 250 anos atrás, antes de a revolução industrial começar a descarregar dióxido de carbono no ar, armazenando calor e provocando o aumento da temperatura.
Mas ninguém sabe ainda quais seriam os efeitos colaterais destes métodos de interferência no clima. Eles poderiam ser físicos – mudando os padrões do clima e da chuva. Ou ainda pior, os efeitos seriam políticos – estimulando conflitos entre nações que não conseguiriam concordam sobre como tamanha intervenção, chamada de geoengenharia, seria controlAlterar cor das nuvens pode ajudar a combater mudanças climáticasada.
A ideia de gerenciamento de radiação solar “tem tanto o potencial de ser muito útil quanto o de ser muito prejudicial”, afirma o relatório desenvolvido pela Royal Society do Reino Unido, o Fundo de Defesa Ambiental e a Academia de Ciências para o Desenvolvimento do Mundo (na sigla em inglês, TWAS).O relatório foi baseado de três dias de conversas no mês de março entre especialistas de 22 países. Ele foi incitado, em parte, pelo fracasso de 20 anos do processo de negociações da ONU para o corte de emissões de gases causadores do efeito estufa.
“A lentidão do processo internacional nas negociações climáticas conduziu o aumento de preocupações sobre o fato de que o corte suficiente de emissões de gases causadores do efeito estufa pode não ser alcançado em tempo suficiente para evitar níveis intoleráveis de mudança climática”, afirma o relatório.
Porém a geoengenharia não é uma alternativa à ação climática, de acordo com John Shepherd, um oceanógrafo da Universidade de Southampton, que foi um dos autores do relatório. “Ninguém pensou que isto dava justificativas para a não redução das emissões de carbono”, disse Shepherd. “Isto vai nos fazer ganhar tempo para a transição para a economia de baixo carbono”.
“Ações como borrifar enxofre no ar ou clarear nuvens com a água do mar para refletir mais luz solar teriam que ser mantidas, pois “haveria uma mudança climática abrupta se isto foi concluído repentinamente”, afirma o relatório.
Porém, o céu nebuloso poderia alterar os padrões de agricultura, substituindo uma fonte de mudança climática por outra. Anos de estudos são necessários para calcular os impactos ambientais, mas as grandes questões são políticas. O assunto envolve muitos questionamentos, como por exemplo, quem decidiria onde e como conduzir os experimentos, ou o que aconteceria caso um país fizesse experiências sem a autorização internacional.
Noções de manipulação do clima para impedir o aquecimento global estão nas discussões científicas há algum tempo, mas agora estão se tornando rapidamente a tendência das discussões.
Fonte: IG Ciência.com

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