As cruzadas deixaram algumas marcas no porto de Beirute, por onde já passaram mais de 17 civilizações, com a construção de um forte, entre os séculos X e XI, cujos vestígios não foram apagados pelo tempo e acabam de ser descobertos.
O achado foi descoberto de maneira inesperada, já que os vestígios da esquecida fortificação veio à tona depois que se iniciaram as obras para a reforma e a criação de uma praia pública.
Em entrevista à Agência Efe, o responsável pelas escavações da Direção Geral de Antiguidades libanesa, Assad Seif, explicou que "a fortificação era situada em frente ao mar, como um porto, onde se formou uma verdadeira proteção natural".
O terreno explorado revela os restos de muros de pedra com inscrições e várias colunas, além dos vestígios de duas torres.
Apesar de se tratar de uma fortificação, os especialistas não encontraram nenhum tipo de restos de armas, somente peças de cerâmica e alimentos.
Seif acrescentou que em seus primeiros trabalhos, iniciados no último mês, já conseguiu compreender a razão do lugar e do entorno natural, que servia de proteção aos ataques indesejados.
A fortificação fica no ponto de encontro "de um pequeno rio com o mar, justo no local onde estava a bacia portuária de Beirute", indicou o especialista.
Construída em pedra caliça, a fortificação era situada entre um rio, que fazia um fosso natural, uma torre e o mar. "O forte, que ficava sobre uma montanha rochosa, garantia o controle do mar e também oferecia um posto de observação estratégico", ressaltou Seif.
"Isto nos faz pensar que essa fortificação se estendia até o leste da costa, onde havia uma torre que foi descoberta nos anos 90 pela arqueóloga Leila Badr e sua equipe da Universidade Americana de Beirute", completou.
A fortificação não abriga somente os restos das cruzadas, mas também da época romana tardia, quando os fortes eram construídos com blocos de pedra e muros que se alternavam com hastes de colunas. O local também conta com sinais de incêndio, o que, segundo os especialistas, é um indício de combates e de destruição.
Seif acrescentou que os otomanos também deixaram sua marca no lugar, como um aterro para criar um novo sistema portuário.
Agora, a Direção Geral de Antiguidades libanesa trabalha em colaboração com os responsáveis locais para integrar esta parte da história do Líbano à cidade.
Folha.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário