domingo, 25 de dezembro de 2011

Falta de Ozônio ajuda a manter a Antártida fria

Enquanto o entorno da Antártida segue a tendência de aquecimento observada em quase todo o planeta, o centro continua frio, conforme imagens de satélite da Nasa desde a década de 1970. E o gelo, em vez de derreter, está se expandindo.
Aparentemente, o choque entre a temperatura fria do centro e as médias quentes do entorno é decisivo para gerar ventos e manter a região central gelada.
É o que pensam pesquisadores brasileiros, em busca de respostas para fenômenos climáticos na Antártida. Eles afirmam que a diminuição da camada de ozônio sobre o continente ajuda a manter a temperatura fria na região central e sustentam que o frio causado pela ausência do gás contribui para aumentar os ventos ao redor da Antártida e isolar termicamente a região.
Método. O grupo coletou um cilindro de gelo de 40 metros de profundidade e por um processo de datação separou anualmente as camadas de gelo, retrocedendo até a década de 1950.
"Há uma tendência negativa na deposição de poeira entre 1967 e 2007. Nossos dados sugerem que ela seja resultado de um crescente isolamento atmosférico da região central do continente antártico pelo aumento da intensidade dos ventos ao redor da Antártida. Esse aumento na intensidade dos ventos reflete, por sua vez, o resfriamento da alta atmosfera no centro antártico causado pela depleção da camada de ozônio na região", explica o biólogo Márcio Cataldo, do grupo de relação atmosfera-gelo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). O estudo, ainda não publicado, está sendo submetido a uma revista científica.
"Pesquisas feitas na região periférica da Antártida mostram que lá, a poeira está aumentando. O que corrobora a teoria de que os ventos e ciclones que se formam ao redor do continente impedem a entrada de massas de ar quente no local, justamente aquelas que trazem as partículas de poeira", explica Cataldo.
Frio. O ozônio absorve calor. Por isso, onde há ozônio, as temperaturas são mais quentes. Só que, sobre os polos, a depauperação da camada de ozônio é mais intensa que em outras regiões.
"Nas regiões polares formam-se nuvens muito altas, chamadas de nuvens polares estratosféricas. Elas surgem no inverno, quando há pouca luz, e aglutinam elementos como o CFC, lançado na atmosfera pelo homem, e o bromo, produzido nos mares. Eles destroem o ozônio", resume Cataldo. Quando chega a primavera e o Sol aparece, essas nuvens se dissipam e soltam os elementos de uma vez, fazendo um "estrago" na camada de ozônio.
O fenômeno também ocorre no Ártico. Neste ano, segundo a Nasa, o buraco sobre o Ártico foi o maior já registrado no Hemisfério Norte. Mas, lá, o gelo está derretendo, enquanto na Antártida central ele está se expandindo.
"No Ártico, satélites mostraram que derreteu muito mais gelo do que se imaginou pelos modelos climáticos usados", afirma a professora Ilana Wainer, do Instituto Oceanográfico da USP.
Estadão.com

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