domingo, 25 de dezembro de 2011

Migrações de longa distância estão desaparecendo

Todos os anos, no outono, o beija-flor-calíope, que pesa tanto quanto uma moeda pequena, enfrenta ventos fortes e mau tempo para migrar do Canadá e norte dos Estados Unidos para o sul, chegando até o México, e depois retornar na primavera, percorrendo um total de 6.400 a 8.000 mil quilômetros.
Trata-se de uma entre as várias dezenas de "migrações espetaculares" - por ar ou terra - narradas no novo relatório da Sociedade para a Conservação da Vida Selvagem. Entretanto, o relatório alerta que tais migrações estão em perigo.
"As migrações de longa distância como um todo estão desaparecendo rapidamente", afirmou Keith Aune, autor do relatório e cientista sênior da conservação da sociedade em Montana, cuja sede fica no jardim zoológico do Bronx, em New York.
Para o relatório, foram entrevistados biólogos de campo do oeste dos Estados Unidos, onde a maior parte das migrações ainda ocorre. O trabalho detalha 24 migrações terrestres e 17 aéreas. O próximo relatório irá estudar as migrações oceânicas. Há muitas outras migrações em perigo, contudo, essas são as mais importantes e com maior chance de sobreviver caso recebam o apoio da opinião pública, afirmou Aune.
As migrações de longa distância não são apenas um espetáculo, afirmou Aune, elas são cruciais para manter as espécies selvagens que ainda existem em um mundo que se transforma.
"Trata-se de sobrevivência", continuou ele. "Quando as migrações são interrompidas, perdemos a capacidade de manter uma população", afirma.
Isso aconteceu diversas vezes, afirmou, citando a grande migração de bisões pelas Grandes Planícies dos Estados Unidos nos séculos 19 e 20. Embora ainda existam bisões, a presença deles está reduzida em grande medida a poucas reservas, como o Parque Nacional Yellowstone.
Os animais selvagens migram em busca de água ou comida em diferentes épocas do ano, ou para se reproduzirem. A capacidade de se deslocar livremente na natureza pode se tornar ainda mais importante com as alterações climáticas e a necessidade de adaptação da fauna selvagem. Eles precisam acompanhar o movimento das plantas que lhes servem de alimento ou procurar por novas fontes de água conforme as fontes habituais secam.
O problema é que, muitas vezes, os corredores são muito longos, e surgem diversos obstáculos devido à falta de reconhecimento ou proteção das migrações. Mas existem também os obstáculos naturais. Este ano, por exemplo, vários exemplares de antilocapra (Antilocapra americana) _ o mais rápido mamífero terrestre da América do Norte _ afogaram-se quando tentavam atravessar o rio Missouri durante a cheia em direção à área onde as fêmeas dão cria no Canadá.
Entre as migrações presentes no relatório está a distância de 640 quilômetros percorrida por alguns caribus do Alasca. Os caribus podem se deparar, entre outros perigos, com dificuldades à medida que as alterações climáticas trazem mais neve, o que pode retardar a viagem e torná-los mais vulneráveis ao ataque de lobos. Talvez mais do que qualquer outra espécie, cita o relatório, os caribus possuem uma história de "sobrevivência através de movimentos e migrações adaptativos".
Porém, em termos de quilometragem absoluta, a viagem deles se torna pequena quando comparada à de pássaros da espécie Sterna paradisaea, que viajam até 38.000 quilômetros em um ano, realizando uma viagem de ida e volta de um polo a outro. A migração pode estar ameaçada pelo desenvolvimento humano nos locais de parada dos pássaros durante a viagem.
IG Ciência.com

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