"Nesta região estão muito mais avançados do que em outras regiões. Mas isso não quer dizer que não se tem ainda que melhorar a situação", disse Alice Aureli, encarregada do Programa Hidrológico Internacional da Unesco.
Na região há especialistas de altíssimo nível, mas também há situações onde ainda falta conhecimento e leis e capacidade de por em andamento o que é o desenvolvimento sustentável econômico e social de um país", acrescentou Aureli, lembrando que cerca de 70% da água usada nas cidades é subterrânea.
"É o recurso hídrico que todos utilizamos e do qual todos dependemos", enfatizou, defendendo a importância de conscientizar em todos os níveis sobre a necessidade de preservar os aquíferos, com uma perspectiva de longo prazo.
Aureli participa de quarta até a sexta-feira (20), em Montevidéu, da primeira consulta regional no âmbito do Projeto Governança de Águas subterrâneas, programa desenvolvido pela Unesco junto com o Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês), a Organização para a Agricultura e a Alimentação (FAO), a Associação Internacional de Hidrogeólogos (AIH) e o Banco Mundial (Bird).
A especialista avaliou que em questão de risco, o aumento da população é mais importante do que a mudança climática, mas é preciso somar também a contaminação, a falta de políticas de gestão das águas subterrâneas e a quantidade de poços, muitos sem nenhum tipo de controle.
"É um problema muito complexo porque o acesso à água não pode ser caro", afirmou Aureli. "Se a pessoa que precisa de recursos hídricos antes de pensar em si próprio pensa em como o que está fazendo pode prejudicar seu entorno, as coisas mudariam. As leis não servem para mudar o mundo. Um usuário que queira esconder um poço o fará, sempre. (...) Quando se compreenda que se compartilha, os benefícios afinal são maiores, as coisas irão melhor, mas não estamos lá ainda, falta muito".
o aumento da população é mais importante do que a mudança climática, mas é preciso somar também a contaminação, a falta de políticas de gestão das águas subterrâneas e a quantidade de poços, muitos sem nenhum tipo de controle.
A contaminação é mais difícil de detectar no caso das águas subterrâneas e também é maior o tempo para se recuperar o aquífero, se for possível fazê-lo.
"O perigo é muito maior", assegurou, destacando que "é muito difícil descontaminar um aquífero".
Aureli destacou um exemplo bem sucedido no Chile, no qual diante do esgotamento de alguns aquíferos começou-se a trabalhar com os usuários até o nível governamental.
Mas "também é um exemplo que nos diz outra vez até que o homem não enfrente um problema, não procura um remédio. Não precisamos chegar a situações de aquíferos já comprometidos para começar a aprovar legislações ou tentar remediar o problema. Há países onde os aquíferos ainda não têm problemas mas se não os estudamos, não os gerirmos, os problemas virão dentro de 10 ou 20 anos", alertou.
Segundo a alta funcionária da Unesco, apesar da importância das águas subterrâneas, o tema não terá destaque na conferência sobre sustentabilidade Rio+20, que será celebrada em meados do ano.
"Fala-se de economia verde, mas (...) sem uma sociedade que se comprometeu e age na defesa de valores ambientais, nunca se alcançará a economia sustentável para o futuro e para todo mundo", acrescentou.
O encontro em Montevidéu é o primeiro de cinco que serão celebrados em Quênia, Jordânia, China e Holanda entre 2012 e 2013.
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