Qual foi a maior contribuição de Alan Turing? Aqui temos o homem que inventou a ideia do computador moderno, um homem cujas ideias formam a firme base sobre a qual repousa a revolução da tecnologia da informação. Ele foi o primeiro a entender que instruções são dadas, criando algoritmos capazes do pensamento recursivo que torna os seres humanos únicos. (Acredito que penso, logo existo). Ele percebeu que máquinas poderiam se tornar tão inteligentes a ponto de serem confundidas com seres humanos – tudo isso em uma época em que o diretor da IBM dizia que o mercado mundial só teria uns cinco computadores – e divisou um teste para diferenciar homens de máquinas. Ah, ele também comandou o programa dos Aliados para quebrar os códigos secretos da Enigma Alemã durante a Segunda Guerra Mundial, quando percebeu que “ninguém estava fazendo nada sobre isso, e eu notei que poderia fazer tudo sozinho”.
Um ensaio na edição desta semana da revista Science, escrito por Andrew Hodges, reitor do Wadham College na Oxford University e autor de Alan Turing: The Enigma, argumenta que apesar da magnitude de suas conquistas, a maior contribuição de Turing foi definir o limite para o que os computadores podem “saber” – ou seja, o que é computável. Ao formalizar a questão da computabilidade em 1936, Turing iluminou o profundo problema relativo ao que os humanos podem saber: nosso conhecimento é limitado da mesma maneira que o dos computadores, ou temos algum tipo de “intuição” mental (palavras de Turing) que supera as capacidades de meras máquinas? Turing não tinha certeza (ainda que suspeitasse que as estranhas leis da mecânica quântica pudessem dar a nossos cérebros algum tipo de liberdade de movimento não determinística). Três quartos de século depois, não estamos mais próximos de uma resposta. Mesmo nesta era de “grandes dados”, na qual computadores vasculham montes de informações para produzirem respostas quase humanas (leve em conta o computador Watson, da IBM, batizado com o nome do CEO sem visão de mercado), os seres humanos se saem muito melhor em tarefas cotidianas, como perceber o sentido de uma cena. A inteligência artificial ainda é um sonho.
O trabalho de Turing sobre computabilidade levou a uma pergunta ainda mais profunda, de acordo com Hodges: “A computação com símbolos discretos fornece uma imagem completa do mundo físico?”. Em outras palavras: o mundo é computável? Pode uma máquina, em princípio, se elevar não apenas ao nível das capacidades intelectuais humanas, mas superar essas capacidades? Um computador pode saber tudo? Em dezembro pedimos ao pesquisador de Harvard, David Weinberger, para desenvolver o perfil do Living Earth Simulator (algo como “Simulador da Terra Viva”), um projeto que usaria montes de dados para computar o futuro da civilização humana. Esse talvez seja o projeto mais ambicioso jamais lançado para testar a computabilidade do mundo. (Weinberger não parecia convencido). Talvez o Simulador da Terra Viva atinja seu objetivo no devido tempo e os computadores se tornem capazes de prever o futuro.
O mais provável é que não atinja e que daqui a 75 anos ainda estejamos lutando com a fértil e rica filosofia que Turing nos deixou. E não precisamos de um computador para prever que será necessária uma mente tão excepcional quanto a de Turing para que essa filosofia faça sentido.
Um ensaio na edição desta semana da revista Science, escrito por Andrew Hodges, reitor do Wadham College na Oxford University e autor de Alan Turing: The Enigma, argumenta que apesar da magnitude de suas conquistas, a maior contribuição de Turing foi definir o limite para o que os computadores podem “saber” – ou seja, o que é computável. Ao formalizar a questão da computabilidade em 1936, Turing iluminou o profundo problema relativo ao que os humanos podem saber: nosso conhecimento é limitado da mesma maneira que o dos computadores, ou temos algum tipo de “intuição” mental (palavras de Turing) que supera as capacidades de meras máquinas? Turing não tinha certeza (ainda que suspeitasse que as estranhas leis da mecânica quântica pudessem dar a nossos cérebros algum tipo de liberdade de movimento não determinística). Três quartos de século depois, não estamos mais próximos de uma resposta. Mesmo nesta era de “grandes dados”, na qual computadores vasculham montes de informações para produzirem respostas quase humanas (leve em conta o computador Watson, da IBM, batizado com o nome do CEO sem visão de mercado), os seres humanos se saem muito melhor em tarefas cotidianas, como perceber o sentido de uma cena. A inteligência artificial ainda é um sonho.
O trabalho de Turing sobre computabilidade levou a uma pergunta ainda mais profunda, de acordo com Hodges: “A computação com símbolos discretos fornece uma imagem completa do mundo físico?”. Em outras palavras: o mundo é computável? Pode uma máquina, em princípio, se elevar não apenas ao nível das capacidades intelectuais humanas, mas superar essas capacidades? Um computador pode saber tudo? Em dezembro pedimos ao pesquisador de Harvard, David Weinberger, para desenvolver o perfil do Living Earth Simulator (algo como “Simulador da Terra Viva”), um projeto que usaria montes de dados para computar o futuro da civilização humana. Esse talvez seja o projeto mais ambicioso jamais lançado para testar a computabilidade do mundo. (Weinberger não parecia convencido). Talvez o Simulador da Terra Viva atinja seu objetivo no devido tempo e os computadores se tornem capazes de prever o futuro.
O mais provável é que não atinja e que daqui a 75 anos ainda estejamos lutando com a fértil e rica filosofia que Turing nos deixou. E não precisamos de um computador para prever que será necessária uma mente tão excepcional quanto a de Turing para que essa filosofia faça sentido.
Scientific American
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