As tempestades de verão dos Estados Unidos estão funcionando como verdadeiras “bombas” de ingestão de vapor d’água em camadas mais altas da atmosfera do que se supunha até então, mostrou um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Harvard.
A consequência disso é o desencadeamento de uma série de reações químicas que podem aumentar os danos à camada de ozônio e provocar o aquecimento do clima, segundo os pesquisadores. As conclusões do estudo foram publicadas na revista Science desta semana.
James Anderson, químico da atmosfera da Universidade de Harvard em Cambridge, Massachusetts, e seus colegas, descobriram os mecanismos de ingestão de vapor d’água na atmosfera enquanto investigavam as origens das nuvens cirrus – aquelas compridas e finas, que se formam em altitudes elevadas na troposfera, mas têm o efeito de cobrir o céu e aprisionar o calor na Terra.
Mais alto - O time de Anderson esperava constatar que as tempestades de verão fornecessem vapor de água para a formação de nuvens cirrus em uma altitude média de até catorze quilômetros de altura. Mas ao contrário disso, metade das tempestades estudadas por eles injetaram vapores d’água em altitudes entre quinze e 20 quilômetros – bem acima do esperado.
Ficamos chocados”, disse Anderson. “As tempestades formadas no Meio-Oeste são mais capazes de injetar vapor de água na estratosfera do que pensávamos”, falou.
Isso tem implicações significativas na camada de ozônio, que protege a Terra dos raios ultravioleta. O ozônio pode ser destruído com reações entre o cloro e a água – e as taxas dessas reações são guiadas pela temperatura e a presença do vapor.
Efeito cascata - Se a ocorrência das tempestades aumentarem com o aquecimento global, como se espera que aconteça, a proporção de água na estratosfera irá aumentar, conduzindo à destruição do ozônio e ao aumento da quantidade de raios ultravioleta na Terra.
Os pesquisadores fizeram estimativas alarmantes sobre a destruição do ozônio. Pelos cálculos dos cientistas de Harvard, atualmente o vapor d’água ocupa um volume de cerca de cinco partes por milhão da estratosfera.
Se, com mais tempestades e mais vapor, isso aumentar para doze partes por milhão, 25% da camada de ozônio será destruído em uma semana. Caso o crescimento atinja dezoito partes por milhão, 35% da camada de ozônio se perderá em sete dias.
Geoengenharia - O estudo levanta a questão da geoengenharia – a manipulação dos recursos naturais para diminuir os efeitos da mudança climática. Um dos métodos que vem sendo considerado como meio de reverter o aquecimento global é o bombeamento de aerossóis de sulfato na estratosfera. Esses sulfatos teriam o efeito de refletir os raios solares em direção ao espaço, e assim resfriariam o planeta.
No entanto, as partículas de sulfato também agem como catalizadoras das reações que levam à destruição da camada de ozônio. E misturá-las ao vapor d’água seria o pior dos cenários, disse Anderson.
Mas para o especialista em geoengenheria de Harvard, David Keith, a descoberta de Anderson não significa que todos os esforços em geoengenharia precisem ser descartados. Eles trabalham em um projeto para conduzir experimentos na atmosfera com balões ou aviões para entender a química e os riscos do vapor d’água e do sulfato na estratosfera.
Veja.com
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