quinta-feira, 11 de abril de 2013

Brasileiros alertam para aumento de emissão de nitrogênio na atmosfera

 
Mapa das luzes da cidade. O mapa revela uma visão única da urbanização ao redor do globo. Tipicamente, as maiores concentrações de NO2 são encontradas em áreas urbanas com muito tráfego de veículos ou próximas a áreas industriais. Fonte: NASA
 
Um grupo internacional de pesquisadores, que inclui brasileiros, alertou esta semana sobre o perigo do aumento de nitrogênio na atmosfera, oriundo do desmatamento, mau uso da terra e da urbanização da América Latina. Em artigo publicado no periódico científico Science nesta quinta-feira (11), eles pedem que medidas políticas sejam tomadas rapidamente, senão sérios problemas podem ocorrer no clima, saúde e na qualidade da água na região.
“O nitrogênio é como um remédio que dependendo da dose pode se tornar um problema, por isto é preciso mantê-lo no solo e não na atmosfera”, disse Luiz Martinelli, biogeoquímico do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo em Piracicaba, e um dos autores do artigo.
 liberação no nitrogênio na atmosfera por causa do desmatamento forma o óxido nitroso (N 2O) que é um dos gases causadores do efeito estufa e também da temida chuva ácida.

No texto, os pesquisadores listam as causas do aumento da liberação de nitrogênio. Além do desmatamento, outra causa para o aumento do nitrogênio no ar está no baixo tratamento de esgoto das cidades latino-americanas, causado pelo seu crescimento desordenado. De acordo com os pesquisadores apenas 14% das cidades da América Latina tem tratamento de esgoto; no Brasil, o índice é de 20%. Sem o tratamento necessário, o nitrogênio é lançado na água resultando num processo chamado eutrofização, que provoca a proliferação de algas, com consequente diminuição de oxigênio da água e a morte da fauna aquática.
O terceiro fator para o crescimento do nitrogênio na região está relacionado com o crescimento do uso de fertilizantes. “Na agricultura, o Brasil ainda não usa muito adubo nitrogenado, mas a prática está crescendo”, disse Martinelli.
Mercedes Bustamante, bióloga do departamento de Ecologia da Universidade de Brasília e outra autora do artigo da Science, afirma que dependendo da região do Brasil, ocorre uma grande variação na entrada de nitrogênio na atmosfera. Na região sudeste, ela está mais relacionada com a aplicação de fertilizantes. Na Amazônia, ela continua relativamente baixa. O problema é na região central, no Cerrado, onde Mercedes afirma que a atividade do homem contribuiu para uma grande aumento deste nutriente na atmosfera.
“É preciso desmatamento zero, tratar o esgoto de forma decente e faz um bom manejo da terra. Estou levantando o problema, pois a solução depende de medidas políticas de longo prazo”, disse Martinelli.
IGCiência

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